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Associação quer que "capital de risco" passe a ser "capital de investimento"

Para a associação, em vez do atual "capital de risco", que é igual à designação utilizada em Espanha, Portugal deverá adotar uma tradução mais usada internacionalmente.

27 de outubro de 2025 às 14:13

A APCRI -- Associação Portuguesa de Capital de Risco vai propor ao Governo a alteração da designação "capital de risco" para "capital de investimento", para melhorar a atratividade do setor, segundo um comunicado esta segunda-feira divulgado.

"Os bons resultados obtidos ao longo dos anos pelas empresas portuguesas que receberam investimentos das sociedades gestoras de 'private equity' e de 'venture capital' vão levar a APCRI -- Associação Portuguesa de Capital de Risco a propor ao Governo a alteração legal do nome do setor", explicou.

Para a associação, em vez do atual "capital de risco", que é igual à designação utilizada em Espanha, Portugal deverá adotar uma tradução mais usada internacionalmente para os termos em inglês, a de "capital de investimento".

A entidade indicou que, na sua conferência anual, na quarta-feira, vai apresentar o estudo "Impacto do Capital de Risco em Portugal -- Emprego, Crescimento e Internacionalização", realizado pelo ISCTE, "para fundamentar a proposta de alteração de nome", destacando que o estudo sublinha "o papel estratégico" do setor "como catalisador de crescimento e como instrumento de reforço da competitividade da economia portuguesa, especialmente em contextos macroeconómicos adversos".

O presidente da APCRI, Stephan de Moraes, disse, citado na mesma nota, que "há um desfasamento entre a designação 'risco' e a intervenção que as sociedades gestoras estão efetivamente a ter nas empresas".

"A perceção de 'risco' afasta investidores, quando, na realidade, esta indústria está a fazer crescer empresas ao nível intenso que o estudo do ISCTE demonstra", afirmou Stephan de Moraes.

"Como as sociedades gestoras avaliam bem as tendências de fundo da sociedade e da economia, o perfil dos seus investimentos acaba por ter, em geral, riscos mais controlados do que os do conjunto do tecido empresarial: é por isso que faz sentido mudar o nome do setor", explicou.

De acordo com a associação, "as empresas em que as sociedades gestoras de 'Private Equity' e de 'Venture Capital' têm investido em Portugal geram, em média, um volume de negócios 12,3 vezes superior ao da média nacional por empresa", além de empregarem 15,1 vezes mais pessoas.

De acordo com o estudo realizado pela segunda vez pelo ISCTE para a APCRI, "49% do volume de negócios das empresas investidas são exportações, uma das razões para que estas apresentem resultados anuais muito superiores à média das empresas nacionais".

As projeções do ISCTE apontam para "um volume de negócios anual das empresas financiadas por capital de risco de 21,7 mil milhões de euros, correspondendo a 177 mil empregos", lê-se na nota.

Além disso, o impacto fiscal do setor "é também muito relevante", sendo que em 2023 as empresas analisadas pagaram uma média de 2,2 milhões de euros de IRC por sociedade, "contribuindo significativamente para as finanças públicas", conforme o estudo.

Segundo Stephan de Moraes, este setor merece ter melhores condições para investir. "Os resultados apurados pelo ISCTE são o melhor estímulo para que o Governo concretize rapidamente duas medidas do programa que em junho apresentou à Assembleia da República: a constituição de um fundo de fundos sob gestão do Banco Português de Fomento; e incentivos a investidores institucionais, como fundos de pensões ou seguradoras, para que participem em fundos de 'private equity' e de 'venture capital' que invistam em empresas nacionais".

A capacidade das sociedades gestoras "mobilizarem recursos significativos e de fomentarem empresas com desempenho superior ao da média nacional evidencia o potencial transformador deste modelo de financiamento sobre o tecido empresarial português", segundo o estudo do ISCTE, citado pela associação.

De acordo com o presidente da APCRI, "os valores apurados pelo ISCTE refletem a capacidade das empresas participadas para recuperarem a partir de níveis iniciais reduzidos de rendibilidade, o que é especialmente evidente no segmento de 'venture capital'".

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