Distribuiu pelos militares no Chiado as flores que o patrão lhe dera. Transformou-se em símbolo da revolução.
Celeste Caeiro, a mulher que distribuiu os cravos pelos militares, no Chiado, no 25 de Abril de 1974, morreu a 16 de novembro de 2024, ao que tudo indica sozinha, numa sala de espera no Hospital de Leiria. Tinha 91 anos e ainda a 6 de março cumpriu, emocionada, um desejo com 50 anos: reencontrar-se com a chaimite ‘Bula’; dois símbolos da revolução.
Segundo relatou ao CM a neta, Carolina Fontela, no dia anterior à morte, uma quinta-feira à tarde, Celeste sentiu-se “mal em casa”, em Alcobaça: “Estava com falta de ar e foi levada para o Hospital de Alcobaça.” Nessa unidade hospitalar foi submetida a análises e a um eletrocardiograma. Mas como no período noturno não há raio-X no Hospital de Alcobaça, o médico decidiu transferi-la para o Hospital de Leiria, o que fez já a receber oxigénio. Entrou com pulseira amarela e terá ficado, de acordo com o que foi transmitido à família, à espera do raio-X e de um cardiologista. Estaria sozinha na sala da urgência onde aguardam os doentes com pulseira amarela. Por infelicidade, sem a filha e a neta que a protegeram e nunca saíram do seu lado nos últimos anos.
“Esta manhã [sexta-feira] foram encontrá-la em paragem cardiorrespiratória”, lamentou a neta. Devido às circunstâncias da morte, o Ministério Público deverá solicitar uma autópsia. Isso deverá atrasar as cerimónias fúnebres. Por desejo de Celeste, deverá ser cremada no Alto de São João, Lisboa.
Ao CM, a Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (a que pertencem ambos os hospitais) lamentou a morte e confirmou que Celeste foi transferida após exames e “contacto e discussão do caso clínico com médicos especialistas em cardiologia e medicina interna”. Em Leiria, “foi triada às 07h09 com pulseira amarela e encaminhada para a área respetiva, onde permaneceu em observação e aguardar realização de exames”. “Lamentavelmente, durante este período a utente entrou em paragem cardiorrespiratória. Foi imediatamente assistida na sala de emergência, mas, infelizmente, os esforços para reverter a situação não tiveram sucesso”, explica.
SAIBA MAIS
NÃO TINHA CIGARROS
Celeste, nascida em Lisboa, trabalhava num restaurante e, por haver revolução, o patrão deu os cravos que eram para clientes. No caminho para casa, no Chiado, ofereceu-os aos militares, porque não tinha os cigarros que lhe pediram.
“25 DE ABRIL, SEMPRE!”
Os cravos eram vermelhos e brancos, dizia sempre quando lhe pediam para contar a ‘história’ da revolução. Celeste tinha apenas metro e meio de altura, mas não se assustou com o aparato: “25 de Abril, sempre!”, exclamava.
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