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Como manda a tradição, o anel de Papa Francisco vai ser destruído

Papel do anel de sinete variou muito de pontífice para pontífice. Nesse sentido, Francisco distanciou-se de alguns dos antecessores.

23 de abril de 2025 às 16:06

Como manda a tradição, o anel de sinete de Francisco será destruído ou alterado dentro do Vaticano, segundo a CNN. O Anel do Pescador e um pingente chamado bula serviam tradicionalmente como selos oficiais para cartas e documentos oficiais conhecidos como 'briefs papais'. De 1521 a 2013, novos selos eram emitidos para cada novo Papa e, para evitar que cartas ou decretos fossem falsificados postumamente, ambos eram destruídos com um martelo após a sua morte. 

De acordo com Christopher Lamb, correspondentes da CNN no Vaticano, "a destruição do anel de Francisco é como remover os dados de login de uma conta de rede social".

O Camerlengo é o responsável por destruir o anel e a bula na presença do Colégio de Cardeais após anunciar a morte do Papa.

A prática manteve-se mesmo depois dos objetos deixarem de ser usados como selos (foram substituídos funcionalmente por um carimbo em meados do século XIX). Mas quando o antecessor de Francisco, o Papa Bento XVI, se tornou o primeiro papa a renunciar em seis séculos, uma nova tradição foi estabelecida: uma cruz profunda foi esculpida na superfície do anel com um cinzel.

“Acho que havia um sentimento de que era desnecessário destruir o anel”, disse Lamb, sugerindo que a ameaça de representação papal tornou-se cada vez menos provável ao longo dos anos.

O atual camerlengo Kevin Joseph Farrell, cardeal irlandês nomeado para o cargo por Francisco em 2023, deve seguir o exemplo e destruir o anel antes do conclave - processo pelo qual o próximo papa será elegido.

O papel do anel de sinete variou muito de pontífice para pontífice. Nesse sentido, Francisco distanciou-se de alguns dos antecessores.

Alguns, como o Papa Bento XVI, optaram pelo seu uso diário. Já o Papa João Paulo II usava, frequentemente, um anel alternativo (ou um crucifixo em forma de anel).

Francisco usava o Anel do Pescador em cerimónias oficiais, mas para o uso diário optava por um anel de prata datado à época como cardeal.

Há quem diga que o Papa Francisco se sentiu desconfortável com o ato de beijar o anel. No início de 2019, o pontífice foi filmado a puxar a mão repetidamente enquanto fiéis tentavam beijá-lo. O Vaticano justificou a ação como um ato de redução de propagação de germes.

De acordo com Lamb, Francisco gostava de apertar as mãos ou abraçar os angustiados. O pontífice não esperava que as pessoas se ajoelhassem e beijassem o anel ao encontrá-lo.

Os Anéis do Pescador variaram ao longo dos séculos. A maioria apresentava uma imagem de São Pedro e as chaves da Santa Sé, evocando o momento em que o mesmo recebeu as chaves do céu.

Por norma, são feitos à mão por um ourives para o novo papa. No entanto, o Papa Francisco contrariou a tendência com um anel "reciclado", segundo Lamb. Francisco optou por não encomendar a criação de uma nova peça, mas, em vez disso, "usou um anel do secretário de Paulo VI".

O "anel de posse", como é chamado pelo Vaticano, pertenceu ao secretário de Paulo VI, o arcebispo Pasquale Macchi, que morreu em 2006. Era feito de prata banhada a ouro, em vez de ouro puro.

O destino do anel após o conclave, assim como muitas questões em volta do processo de eleição do novo Papa, ainda não é conhecido.

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