População não consegue comprar jornais no concelho há pelo menos três anos.
A distribuição de jornais no interior do país está ameaçada, mas, em Marvão, as publicações nacionais já são uma 'miragem', pois a população não as consegue comprar no concelho há pelo menos três anos.
"Os últimos postos de venda já fecharam há algum tempo, há três ou quatro anos" e, desde então, "Marvão ficou sem acesso aos jornais diários", lamenta à agência Lusa Catarina Bucho Machado, dona de uma mercearia nesta vila e sede de concelho do distrito de Portalegre.
Se a distribuição diária de jornais chegar ao fim em vários distritos do interior, como admite a empresa de logística Vasp, a empresária assinala que "o problema deixa de ser exclusivo de Marvão e passa a ser comum a uma franja do país".
Na Mercearia de Marvão, estão à venda meia dúzia de exemplares do semanário regional Alto Alentejo destinados a "clientes fiéis" que querem "saber as notícias da terra". Já nas mesas do Café O Castelo, em frente à câmara, não se encontra um único jornal.
"Porque, lá está, alguém tinha que fazer essa deslocação todos os dias" para os ir buscar a Castelo de Vide, concelho vizinho e local mais próximo onde se vendem jornais, que dista cerca de 14 quilómetros, realça a funcionária Ana Margarida Batista.
Enquanto serve os clientes, a empregada de balcão recorda que já se venderam jornais no concelho, em Santo António das Areias e Portagem, mas "há três anos" as vendas acabaram e, agora, até é mais fácil o acesso a jogos sociais, como 'raspadinhas'.
"É mesmo muito mais fácil. Isso [os jogos sociais] encontra-se, só no concelho, pelo menos, em quatro estabelecimentos comerciais", salienta.
A meio de um passeio com o seu cão, Dionísio Batista Gomes, que vive há 48 anos em Marvão, admite à Lusa que a falta de jornais e revistas estará relacionada com a diminuição da população, que ronda atualmente as 100 pessoas na vila e as 3.000 no concelho.
E "perdeu-se o hábito também" de ler o jornal. A maioria das pessoas, como não há jornais, "voltou-se para a Internet" e é aí que lê as notícias, assinala o morador, admitindo ter adotado este hábito, mas ainda recordar o prazer que tinha em folhear um jornal.
Também Gonçalo Lobo, cliente do café, confessa que deixou de comprar jornais e esclarece que, para se manter informado, recorre à Internet: "Perdi o hábito e não gosto dos formatos dos jornais. É só miséria", atira.
Ainda assim, entende que a ausência de publicações no concelho prejudica a população. A maior parte "não tem telefone ou, quando tem, é um telefone normal que não dá para estar 'online'".
"Portanto, essas são as pessoas que precisam e, se não vierem ao bar, não sabem nada", acrescenta.
Já a proprietária da mercearia, que, além de empresária, também é eleita do PS na assembleia municipal, alerta igualmente que a falta de jornais diários "condiciona muito o dia-a-dia das pessoas", sobretudo as que têm mais idade.
"A população mais idosa gosta muito e necessita para se manter informada", refere, alertando que, a este, juntam-se "mais fatores de isolamento", como a fraca cobertura da rede de telecomunicações em muitos locais do concelho.
Catarina Bucho Machado, que já se mostrou disponível para criar um ponto de venda na loja, caso seja apoiada, defende que câmaras, comunidades intermunicipais e juntas devem "fazer pressão para que esta situação se possa reverter".
À Lusa, o vice-presidente da câmara, Luís Costa (PSD/CDS-PP), revela a intenção de a autarquia passar a disponibilizar à população, já em 2026, jornais diários e revistas em vários espaços municipais, como a piscina e a Casa da Cultura.
A venda de jornais "tem muita logística associada, com as devoluções" e a contratação, pelo que "é mais fácil" a câmara assumir o pagamento do transporte e passar a ter disponíveis as revistas e os jornais nas suas instalações, sublinha o autarca.
Também a Biblioteca Itinerante de Marvão, que recentemente começou a levar livros, leitura digital e serviços a todo o concelho, deverá passar a disponibilizar jornais diários e revistas, mas em formato digital.
Em 04 de dezembro, a administração da Vasp, que tem o monopólio da distribuição de jornais e revistas, informou que está a avaliar a necessidade de fazer ajustamentos na distribuição diária de jornais nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança.
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