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Doentes cardíacos pedem mais proteção face à pandemia da Covid-19

Sociedade Portuguesa de Cardiologia diz que dispararam os pedidos de atestado.

09 de setembro de 2020 às 01:30

Pessoas com insuficiência cardíaca, doentes que foram recentemente intervencionados ao coração, que sofreram um enfarte há pouco tempo ou que têm arritmias instáveis devem ter direito a um regime de proteção especial contra a pandemia de Covid-19.

Quem o defende é a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), na voz do presidente, Victor Gil, que revelou ao CM que os pedidos para atestado de doença crónica dispararam nos consultórios médicos do País nos últimos meses.

“Há muitos colegas a serem solicitados para passarem atestados, para que as pessoas possam ter direito a estarem em teletrabalho, por exemplo”, revela o cardiologista. “No entanto, nem sempre há justificação para este pedido. Já tive o caso de um doente hipertenso, a quem neguei o atestado, porque a hipertensão dele é banal e está perfeitamente controlada”, conta. Mas o contrário também já aconteceu.

“Houve a situação de um doente que tinha sofrido um enfarte muito recentemente e cuja entidade patronal não se convencia a pô-lo em teletrabalho. Aí, sim, passei o atestado e expliquei que a situação era grave e que a pessoa tinha de ser protegida.”

É por isso – para distinguir as situações de necessidade real de proteção, e as outras, que não o são – que a SPC, juntamente com a Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) e a Associação Portuguesa de Arritmologia, Pacing e Eletrofisiologia (APAPE), disponibilizou um documento, através do seu site, em que são elencadas as doenças cardiovasculares que representam maior risco associado à infeção pelo novo coronavírus.

“O documento pode ser lido por toda a gente, como é óbvio, mas é sobretudo dirigido à comunidade médica e destina-se a ajudar os colegas a saberem quais são as doenças cardiovasculares mais problemáticas neste tempo que atravessamos”, explica Victor Gil.

Plataforma bloqueia devido à muita procura

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O sítio na internet em que é feito o registo de voluntários para o Painel Serológico Nacional Covid-19 bloqueou por questões técnicas, devido à elevada afluência, disse o Instituto de Medicina Molecular, esperando que "esteja funcional" hoje. Houve mais de duas mil inscrições.

Proteção especial é mais do que ter direito a teletrabalho

Victor Gil diz que os doentes cardiovasculares mais críticos não têm só direito a teletrabalho, mas que devem ser protegidos de outras situações, nomeadamente dos contactos sociais. “Há doentes muito frágeis. Claro que os médicos não mandam nos empregos das pessoas. Mas devem fazer recomendações.”

A existência de uma aplicação móvel, de nome Stayway, está a gerar confusão entre os utilizadores de smartphones, pois induz em erro.

“Apesar da funcionalidade da aplicação em nada se assemelhar à da StayAway Covid, para além do nome há uma preocupante colagem aos objetivos e, mais grave, a indução da perceção de que é possível, através de uma aplicação móvel, detetar pessoas infetadas”, explica o INESC, que desenvolveu a app portuguesa.

Entretanto, a Linha SNS 24 já recebeu 20 chamadas de pessoas informadas através da aplicação de rastreio StayAway Covid de terem estado em contacto com alguém infetado.

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