Violet Ultra Cleaner, desenvolvido e produzido em tempo recorde, tem cerca de um metro de altura e seis lâmpadas germicidas.
Duas empresas da região Centro criaram um equipamento móvel, já em comercialização, que pode inativar o coronavírus responsável pela covid-19, fazendo uso da tecnologia de radiação ultravioleta (UV-C), validada a nível científico na eliminação de microorganismos.
O novo equipamento, intitulado Violet Ultra Cleaner - um aparelho móvel de esterilização de espaços interiores através da emissão de raios ultravioletas, que tem o formato de uma torre com rodas, com cerca de um metro de altura e seis lâmpadas germicidas, entre outras características - "foi desenvolvido e produzido em tempo recorde", desde fevereiro, pela "união de esforços e ideias" da Sociedade Portuguesa de Inovação Ambiental (AAS), localizada no TecnoParque da Curia, Aveiro e a empresa de desenvolvimento tecnológico TIS, de Coimbra, referiu um dos responsáveis do projeto.
Em declarações à agência Lusa, à margem de uma demonstração do novo equipamento, realizada na Figueira da Foz, Jorge Marques de Almeida, da AAS, explicou que a tecnologia de radiação UV-C está no mercado "há dezenas de anos" e que o projeto passou por conceber um aparelho "adequado à realidade portuguesa", também em termos financeiros, "e a pensar, sobretudo, em instituições particulares de solidariedade social".
"Foi concebido para ser usado em contexto profissional. Pensámos nas instituições de solidariedade, por serem aquelas que precisam de ajuda face à ameaça da doença", frisou Jorge Almeida, embora o aparelho esteja indicado para uma multiplicidade de utilizações, desde hospitais e clínicas a escolas, creches e jardins-de-infância, passando pela hotelaria, restauração, oficinas, atividades industriais, empresas de transporte ou corporações de bombeiros, entre outras.
Se a AAS foi responsável pelo estudo, pesquisa e "identificação do estado da arte" da tecnologia UV-C, com a participação "e validação" de cientistas do departamento de Engenharia Biomédica da Universidade de Coimbra - nomeadamente o professor Miguel Morgado, especialista na área de ultravioletas - à TIS coube alocar uma equipa multidisciplinar ao projeto "para responder rapidamente à exigência de produzir em tempo útil" o novo equipamento, explicou.
O responsável da empresa destaca o "tempo de atuação reduzido e eficaz" do aparelho (entre cinco e 30 minutos de funcionamento, consoante o espaço a esterilizar, com uma tecnologia que inativa o vírus, impedindo que se multiplique), a sua "versatilidade e portabilidade, que faz com que possa ser movido para diferentes divisões em poucos minutos" e o seu funcionamento "intuitivo" através de um ecrã tátil localizado no topo da torre.
Os promotores alegam, por outro lado, que a tecnologia de ultravioletas UV-C possui uma taxa de eficácia "acima dos 90%, em comparação com os 40% da limpeza química tradicional" e com custos de operação "muito inferiores".
Questionado pela Lusa sobre quais as desvantagens, Jorge Almeida indicou a impossibilidade, por questões de segurança, "de estarem pessoas presentes no espaço a esterilizar enquanto o aparelho cumpre a sua função".
"Da mesma maneira que aniquila micro-organismos, a radiação UV-C é perigosa para os seres humanos e animais, nomeadamente ao nível da pele e da vista", disse, por seu turno, Vanessa Ramalho, técnica da AAS.
Deste modo, o Violet utiliza sensores que interrompem imediatamente o seu funcionamento caso detetem movimento no espaço onde está a laborar, constatou a Lusa na demonstração.
"E caso algum sensor avarie, não é possível ligar o equipamento", acrescentou Jorge Almeida.
Ainda sobre os perigos da radiação ultravioleta UV-C, Jorge Almeida enfatizou que o aparelho, quando em funcionamento, "emite uma luz azul suave, agradável, mas enganadoramente agradável".
"Isto não é um brinquedo, é uma arma contra um inimigo invisível", ilustrou o engenheiro da AAS, desconfiando de equipamentos portáteis, como lâmpadas e outros objetos, existentes no mercado e anunciados como ideais para desinfetar teclados de computador ou de caixas multibanco.
"Quem usa isso, das duas uma: ou foi enganado e o que utiliza é um objeto que emite uma luz 'led' azul que não tem qualquer efeito contra micro-organismos ou então o aparelho emite mesmo radiação UV-C e está a colocar a sua saúde em risco, porque a luz vai refletir nos materiais e pode afetar os olhos e a pele", explicou.
Questionado sobre a eficácia do aparelho na inativação do novo coronavírus, Jorge Almeida admitiu que não existem ainda estudos "aprofundados" para aquele micro-organismo específico que provoca a covid-19, mas que esta tecnologia foi validada para nove coronavírus diferentes, incluindo o que provocava a SARS, em testes realizados entre 1978 e 2007.
Os ultravioletas UV-C foram ainda validados na inativação de mais de 200 bactérias e vírus, incluindo o da gripe, e meia centena de fungos e outros micróbios, que afetam humanos e animais, em mais de 650 estudos científicos "realizados no último século".
A esse propósito, Jorge Almeida dá o exemplo de um cientista norte-americano, que defende que os coronavírus "não conseguem resistir à radiação UV-C num determinado comprimento de onda, da mesma maneira que o corpo humano não consegue resistir ao disparo de uma bala".
A tecnologia "usada no mundo inteiro já durante a atual pandemia" tem sido aplicada, entre outros locais, em redes de metropolitano e autocarros "dos EUA à China, até com sistemas robotizados que custam dezenas de milhar de euros".
"Os valores que nos foram pedidos eram irrealistas e incomportáveis para o nosso mercado", notou Vanessa Ramalho, o que levou as empresas portuguesas a avançar com o projeto próprio, que tem uma capacidade instalada de produção de 100 aparelhos por dia.
O equipamento daí resultante já está a ser utilizado em algumas corporações de bombeiros e instituições sociais e agora também na Misericórdia da Figueira da Foz, cujas equipas de cuidadores terão formação para o efeito.
Em fase final de produção, previsto para estar concluído dentro de duas semanas, está outro equipamento do género, embora mais pequeno, realizado a pedido de uma escola de aviação para esterilização do interior das aeronaves de treino, mas que, segundo Jorge Marques de Almeida, também pode ser utilizado, por exemplo, em viaturas de escolas de condução.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.