Segundo o Barómetro de Inovação Clínica 2025, a dupla limitação manifesta-se de forma clara no terreno e "revela a distância entre intenções e capacidade real de execução".
A reduzida autonomia dos Centros de Investigação Clínica e a falta de tempo nos planos curriculares das faculdades de medicina para integrar competências tecnológicas são os maiores desafios à inovação na saúde, conclui um relatório esta quarta-feira divulgado.
Segundo o Barómetro de Inovação Clínica 2025, esta dupla limitação manifesta-se de forma clara no terreno e "revela a distância entre intenções e capacidade real de execução".
Nas faculdades de medicina, mais de metade das associações de estudantes considera que a preparação digital dos futuros médicos é insuficiente, apesar de todas as direções classificarem esta área como uma prioridade muito elevada.
Já nos hospitais, os Centros de Investigação Clínica (CIC) continuam "limitados por modelos de gestão que não permitem contratar equipas ou definir incentivos de forma autónoma", uma fragilidade que o barómetro diz comprometer a agilidade necessária para competir internacionalmente.
A segunda edição deste barómetro integra pela primeira vez as faculdades de medicina -- com direções e associações de estudantes. No total, o estudo envolveu 48 entidades hospitalares e 10 faculdades de medicina.
Nas faculdades há uma valorização institucional da inovação digital e todas as direções reconhecem a preparação dos alunos para a era digital como uma prioridade muito elevada.
Contudo, os dados indicam que 56% das associações de estudantes consideram essa prioridade baixa ou moderada, mostrando "um desfasamento entre o discurso estratégico e a prática pedagógica".
Há convergência de posições na inclusão de conteúdos como Inteligência Artificial, simuladores digitais e sistemas de apoio à decisão clínica, mas apenas metade das faculdades avançou para áreas mais complexas como 'Big Data' (gestão de grandes volumes de dados de alta velocidade e variedade) e análise de dados clínicos.
A preparação dos alunos para a prática digital é vista como moderada/boa por 87% das direções, mas mais de duas em cada três (67%) associações de estudantes consideram que os alunos estão pouco ou apenas "moderadamente preparados".
A capacitação docente também é percebida como insuficiente por uma parte significativa dos estudantes (44%).
As infraestruturas tecnológicas são reconhecidas, com centros de simulação clínica digital em todas as faculdades, mas há limitações em áreas emergentes como telemedicina, cibersegurança e ética digital.
A perceção da qualidade dos recursos varia: 37% das direções consideram-nos adequados ou totalmente adequados, enquanto mais de metade (56%) das associações de estudantes os classificam como pouco ou "moderadamente adequados".
Apesar de todas as direções incentivarem projetos de investigação e inovação, nenhuma associação de estudantes reconhece que a formação atual contribui para o desenvolvimento de competências empreendedoras.
O principal obstáculo à integração de novas temáticas digitais é consensual: a falta de tempo nos planos curriculares, apontada por 75% das direções e 78% das associações de estudantes.
O financiamento não é considerado um fator limitante, o que reforça a urgência de uma reorganização curricular, referem os autores do barómetro, apresentado pela consultora de negócio e tecnologia NTT DATA.
Os CIC continuam a ser muito valorizados pelas administrações hospitalares (67%) e mantêm uma colaboração ativa com a indústria farmacêutica (75%).
No entanto, a articulação com associações de doentes e com a sociedade em geral ainda é "muito limitada", comprometendo a sua visibilidade e impacto social.
Por outro lado, a descentralização dos ensaios clínicos e o aumento da literacia da população continuam a ser áreas pouco valorizadas e com baixo investimento.
Os autores do barómetro referem ainda que o despacho de 2024 que prevê medidas para reforçar a autonomia dos CIC ainda não teve uma implementação plena: 45% dos centros não pretendem fazer uso das medidas previstas e apenas cinco avançaram com processos para se constituírem como associações de direito privado sem fins lucrativos, dos quais dois foram aprovados.
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