Protesto convocado pelos sindicatos da Administração Pública teve como tema "Parar o empobrecimento: aumentar salários e pensões, valorizar carreiras, reforçar os serviços públicos".
1 / 5
O coordenador da Frente Comum fez um balanço positivo da manifestação desta sexta-feira, em Lisboa, destacando a "enorme mobilização dos trabalhadores" e as "ruas cheias de gente".
Apesar de não adiantar números concretos, Sebastião Santana indicou que estiveram presentes "milhares de trabalhadores" e diz que cabe agora ao Governo "inverter a política de empobrecimento".
Tem "todas as condições para isso, haja vontade política", sublinhou, acrescentando que "não havendo resposta" do lado da Frente Comum, afeta à CGTP, estão disponíveis para avançar com "todas as formas de luta", nomeadamente "mais manifestações e mais greves".
Também o secretário-geral da CGTP enalteceu que a adesão de "milhares de trabalhadores" demonstra que é necessário "a valorização de quem trabalha".
"Os trabalhadores estão a responder àquilo que foi a falta de resposta na discussão do Orçamento do Estado (OE). Tentou-se centrar a discussão do OE em duas matérias apenas, quando o OE tem de dar resposta a muitas outras, nomeadamente as carreiras, os salários, os serviços públicos, a resposta do SNS, a resposta da escola pública," elencou Tiago Oliveira.
A manifestação, convocada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, teve como tema "Parar o empobrecimento: aumentar salários e pensões, valorizar carreiras, reforçar os serviços públicos" e começou cerca das 15h30, junto ao Marquês de Pombal.
Duas horas depois, no final da manifestação, já em frente à Assembleia da República, foi aprovada "por unanimidade e aclamação" uma resolução que será entregue ao Governo e que exige o "aumento imediato dos salários para todos os trabalhadores da Administração Pública, o "reforço dos serviços públicos e das funções sociais do Estado" e "a negociação coletiva de toda a PCR2025 [política reivindicativa comum] em toda a sua extensão".
No documento, os trabalhadores admitem também "encetar todas as formas de luta que entendam necessárias e adequadas à prossecução dos seus objetivos". "A luta continua", entoaram os manifestantes, após a aprovação, com o protesto a terminar ao som da música "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso.
Entre as principais reivindicações dos manifestantes ouvidos pela Lusa estão os aumentos salariais e de pensões e o reforço dos serviços.
"Já meti os papéis para a reforma e vou para a reforma sem chegar ao topo da carreira", disse António Marques, encarregado, e que reivindica a contagem dos "pontos" perdidos para efeitos de progressão de carreira. Funcionário público há "30 anos", António Marques garante que não se vai conseguir "governar" com a reforma que tiver. "Não vai dar.... Gás, luz, remédios... a gente não consegue cobrir as despesas que temos!", disse.
"Ganho o ordenado mínimo com 24 anos de trabalho", contou à Lusa Lídia Cruz, auxiliar educativa, referindo que trabalha numa escola "onde há muita gente de baixa" e a maioria das funcionárias têm "todas 50 e tal anos e não metem pessoal".
A opinião é partilhada por Cristina Palma, assistente operacional, que indica que recebe o salário mínimo nacional e diz que os aumentos que têm sido feitos não são suficientes para recuperar o poder de compra. É "cada dia menos", apontou a jovem de 32 anos.
Na manifestação estiveram presentes representantes de alguns partidos políticos.
Do lado do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua acusou o Governo de "prometer um futuro pior" aos funcionários públicos, ao querer, nomeadamente recuperar a regra de uma entrada por cada saída na Administração Pública e de não repor o poder de compra perdido nos aumentos salariais propostos, instando o Governo a "ir mais longe", não só na "base da carreira, mas também "ao longo de toda a tabela". "Pagar melhor e ter uma perspetiva de carreira é uma condição essencial", afirmou.
Já Paula Santos, do PCP, apontou que os funcionários públicos têm sido "profundamente desvalorizados nos seus salários, nas suas carreiras e nas suas condições de trabalho" e criticou ainda a proposta do Governo para a atualização dos salários da Administração Pública para o próximo ano, cuja "atualização é ainda abaixo da inflação prevista para 2025". "Isto é inaceitável", declarou.
Por sua vez, Paulo Muacho, do Livre, disse reconhecer a "justiça das reivindicações" dos funcionários públicos e critica o Governo por não estar a resolver "os problemas essenciais", nomeadamente a falta de recursos humanos "em diversos setores" e o "empobrecimento de quem trabalha", dado que o "aumento dos salários não está a acompanhar" o poder de compra.
"Este OE é uma oportunidade perdida para conseguir dar um salto nestas reivindicações e os problemas que o setor público tem desde há muitos anos", lamentou o deputado do Livre.
Os partidos presentes criticaram ainda o pedido de autorização legislativa, que consta na proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), em que o Governo manifesta a intenção de alterar vários artigos da lei geral do trabalho em Funções Pública, nomeadamente os que dizem respeito à justificação por doença, ao regime de consolidação da mobilidade, ao direito a férias e ao aviso prévio de greve.
"Faço um desafio para que todos os partidos rejeitem esta proposta e neguem ao Governo a possibilidade de alterar regras essenciais do trabalho na Função Pública sem dizer ao que vem e sem ser claro com toda a gente", disse Mariana Mortágua, à Lusa.
O Governo "não explicita o que pretende, mas é com muita preocupação que vemos essa proposta no OE", acrescentou Paula Santos.
A Frente Comum exige aumentos salariais de, pelo menos, 15%, com um mínimo de 150 euros por trabalhador, a partir de janeiro de 2025.
Defende também que o subsídio de alimentação seja aumentado para 10,50 euros e um aumento do salário mínimo na administração pública para 1.000 euros, a partir de janeiro.
Esta proposta de atualização salarial da Frente Comum é superior ao valor que o Governo propôs aos sindicatos da Administração Pública, que pressupõe que a base remuneratória da administração pública seja de 875 euros em 2025.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.