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"Há dias em que não se aguenta aqui o cheiro": água e lixo de esgotos inundam campos de cultivo em Guimarães

Moradores alertam para o problema, mas resolução está nas mãos da Águas do Norte. Autarca lamenta falta de respostas.

28 de dezembro de 2025 às 01:30

Da varanda da casa de Maria Antunes, na rua da Fábrica, em Donim, Guimarães, salta à vista o jorro de água que sai, em repuxo, de uma estrutura de cimento junto ao rio Ave. Até seria um cenário agradável, não fosse a água que jorra ser proveniente do esgoto. "Há dias em que não se aguenta aqui o cheiro", atira a proprietária, que convive há vários anos com este atentado ambiental. A água e os dejetos, provenientes dos esgotos, estão a sair pelas caixas da conduta, antes de chegarem à Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e as águas sujas inundam campos e entram diretamente para o rio.

A situação não é nova. Há pelo menos dois anos que os guarda-rios da Vitrus, a empresa municipal de ambiente de Guimarães, têm detetado problemas nas condutas que seguem a margem do rio Ave. Já comunicaram os múltiplos problemas às entidades competentes, nomeadamente à Águas do Norte, a empresa que tem a cargo o fornecimento e tratamento das águas, mas a culpa morre sempre solteira. Agostinho Neves, pescador nos tempos livres, diz que o caso é "vergonhoso". "Dizem que há um projeto para a zona, que vai resolver estes problemas, mas o projeto, se existe, não sai do papel. Há dias em que há tantos bichos na margem que não se consegue lá estar", atira.

O autarca da União de Freguesias de Donim e Briteiros Santo Estêvão, Vítor Pais, tem tentado junto da Câmara de Guimarães, da Águas do Norte e até da Agência Portuguesa do Ambiente, uma solução para este problema de saúde Pública, mas a resposta tarda em chegar. "Ainda há duas semanas voltei a comunicar um problema na estação elevatória, mas a situação tarda em ser resolvida", lamenta o presidente da Junta.

Enquanto o projeto prometido não sai do papel, Conceição Antunes e os muitos vizinhos continuam a ter que suportar o mau ambiente. "Se não fosse eu a abrir regueiras no meu campo, isto estava tudo cheio de porcaria, porque se fosse só água, ainda conseguíamos suportar, mas com a água choca vem tudo, até tampões e pensos higiénicos", descreve a moradora.

A GNR tem estado a tentar identificar possíveis ligações ilegais à rede de saneamento, que podem estar a agravar a situação. Mas enquanto a investigação decorre, os esgotos correm livremente a céu aberto, à porta de casa de dezenas de famílias e junto a um parque infantil que tinha tudo para ser um local de lazer.

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