Está a aumentar o número de interações de orcas. Uns dizem que é por brincadeira, outros falam em trauma.
“Ó meu Deus, elas vêm aí outra vez, vão dar outra cacetada. Papá, papá!”. O pânico é evidente a bordo do veleiro. Há orcas por todo o lado. O pai segura o leme, mas percebe que é melhor soltá-lo. A mãe liga para a Polícia Marítima. “Estamos a uma milha de Sesimbra, não nos largam há imenso tempo.” Os filhos vão olhando, para aqui
e para ali, à espera da próxima ‘cacetada’. Alguém sugere deitar gasóleo ao mar, mas ninguém parece seguro que a manobra resulte. Tanto pode afastar as orcas como enfurecê-las. Num momento de indecisão, ouve-se a pergunta que passa pela cabeça de todos os que já viveram a experiência: “O que podemos fazer?”. O filme, de agosto de 2023, captado por um telemóvel, termina aqui. Tem perto de dois minutos. Soube-se, depois, que a embarcação ficou inoperacional. Foi rebocada. Menos sorte teve a família que navegava na semana passada ao largo de Peniche. As orcas afundaram-lhe o veleiro, obrigando o casal e as três filhas menores a refugiarem-se numa balsa. Foram resgatados por uma traineira.
São centenas as interações de orcas registadas ao longo dos últimos anos nas costas portuguesa e espanhola. Por cá, só este ano, já são mais de 60. Consideradas extremamente inteligentes, pertencem à família dos golfinhos - e não das baleias. As que se encontram ao largo da costa portuguesa “fazem parte de uma subpopulação denominada orca-ibérica”, segundo o Instituto Hidrográfico da Marinha. Alimentam-se, principalmente, de atum-rabilho do Atlântico, cuja rota de migração atravessa o Atlântico Norte em direção ao Mediterrâneo. A área do estreito de Gibraltar é um importante ponto de pesca de atum, nomeadamente da espécie rabilho, capturado com recurso a técnicas milenares, como a almadraba (um labirinto de redes), pelo que não é de estranhar a fixação desta subpopulação de orcas ao longo da costa ibérica.
A maioria das interações acabam bem, as orcas andam ali de roda do barco, como os golfinhos ‘normais’, e vão à sua vida. Mas muitas acabam mal, calcula-se que uma em cada cinco. Os procedimentos para enfrentar um ataque são conhecidos. A primeira coisa a fazer é abrandar, parar o motor (ou recolher as velas), desligar o piloto automático e deixar o leme solto. É no leme que se concentram. Outro dado importante: “Podem ser estimuladas por ações humanas para interagir com o barco, por isso tente ficar fora da vista e não grite, não tente bater nelas, tocá-las ou atirar-lhe coisas”, alerta o GTOA - Grupo de Trabalho Orca Atlântica.
O que permanece um mistério são os motivos do ataque. Para uns, trata-se apenas de curiosidade e brincadeira. A atração pelo leme terá a ver com o ruído, a vibração e o movimento. Mas há quem admita que resulta de uma situação traumática. Algures no tempo, uma orca terá so- frido um acidente com um barco e desde então há uma ‘resposta’ à ‘ameaça’. Sendo uma espécie de grandes dimensões (as crias medem 2 a 3 metros, os adultos podem chegar aos 9) e de peso considerável (até 10 toneladas), as consequências da ‘brincadeira’ ou ‘retaliação’, normalmente conduzidas pelos mais jovens, são desastrosas. Os adultos observam, talvez para lhes ensinar mais tarde as técnicas e os truques para uma maior eficácia.
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