De acordo com o Banco Mundial, quase 700 milhões de pessoas em todo o mundo, ou 8,5% da população, viviam com menos de dois euros por dia em 2024.
O Papa Leão XIV pediu esta quinta-feira que o combate à pobreza esteja no centro da missão da Igreja Católica, na sua primeira exortação apostólica, seguindo o exemplo do seu antecessor Francisco nas questões de injustiça social e económica.
Em "Dilexi te" ("Eu amei-te"), assinada em 04 de outubro, o Papa norte-americano apela a uma mudança de mentalidade em relação às pessoas marginalizadas, criticando a desigualdade do sistema económico global e "uma cultura que rejeita os outros".
"Devemos estar mais empenhados em abordar as causas estruturais da pobreza", salientou o líder da Igreja Católica, na conferência de imprensa de apresentação do documento que o Papa Francisco começou a escrever nos seus últimos meses de vida, mas nunca chegou a terminar.
De acordo com o Banco Mundial, quase 700 milhões de pessoas em todo o mundo, ou 8,5% da população, viviam com menos de dois euros por dia em 2024.
"Estou convencido de que a opção prioritária pelos pobres gera uma renovação extraordinária, tanto na Igreja como na sociedade, quando somos capazes de nos libertar do egocentrismo e de ouvir o seu clamor", indicou Leão XIV.
O Papa sublinhou que a pobreza é diversa: material, moral e cultural.
O compromisso com os pobres continua a ser insuficiente, os critérios políticos são "marcados por inúmeras desigualdades e, por isso, às antigas formas de pobreza" acrescentam-se "novas, por vezes, mais subtis e perigosas", precisou o Sumo Pontífice.
O texto de 49 páginas, dividido em 121 pontos e com um forte tom social, coloca Leão XIV diretamente nos passos de Jorge Mario Bergoglio, que denunciou incansavelmente os excessos de um sistema capitalista impulsionado pela especulação financeira em detrimento dos marginalizados e do ambiente.
Fazendo eco a Francisco, Leão XIV criticou ainda a "ilusão de felicidade" por causa da acumulação de riqueza.
"Num mundo onde os pobres são cada vez mais numerosos, vemos, paradoxalmente, o crescimento de uma elite rica, vivendo numa bolha de conforto e luxo, quase noutro mundo em comparação com as pessoas comuns", afirmou.
As frequentes críticas de Francisco ao capitalismo irritaram muitos católicos conservadores e ricos, sobretudo nos Estados Unidos, que acusaram o jesuíta argentino de ser marxista.
"Isto significa que ainda persiste --- por vezes bem disfarçada --- uma cultura que descarta os outros sem sequer se aperceber e tolera indiferentemente milhões de pessoas a morrer de fome ou a sobreviver em condições indignas da existência humana", disse.
O Papa Leão XIV ressalvou que "as estruturas de injustiça" que perpetuam a pobreza devem ser destruídas com políticas transformadoras da sociedade.
"As estruturas de injustiça devem ser reconhecidas e destruídas com a força do bem, através de uma mudança de mentalidade, mas também com a ajuda da ciência e da tecnologia, através do desenvolvimento de políticas eficazes para a transformação da sociedade", observou.
Robert Francis Prevost fez, assim, eco da crítica à "ditadura de uma economia que mata" e à "tirania invisível" dos mercados financeiros, apelando aos fiéis para "fazerem ouvir a sua voz na denúncia".
Leão XIV lembrou ainda o acolhimento de migrantes, outra prioridade de Francisco, que morreu em 21 de abril, lamentando que os naufrágios mortais sejam "relegados para a condição de notícias secundárias".
Para o Papa, defender os pobres passa, entre outras coisas, por cuidar dos doentes, combater a escravatura e a subnutrição, realizar obras de caridade, defender as mulheres vítimas de violência e o direito à educação.
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