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Plano de desenvolvimento de infraestruturas de gás natural ameaça metas climáticas

Organização não-governamental critica em particular "a aposta em soluções tecnicamente desafiantes e ambientalmente pouco eficazes, como a mistura de hidrogénio verde com gás natural".

20 de junho de 2025 às 14:10

A associação ambientalista GEOTA criticou esta sexta-feira proposta de plano de desenvolvimento e investimento das infraestruturas de gás natural, considerando que representa uma ameaça para o cumprimento das metas climáticas com que Portugal se comprometeu.

A proposta de Plano de Desenvolvimento e Investimento na Rede Nacional de Transporte e Infraestruturas de Armazenamento de Gás Natural (PDIRG 2025), cuja consulta pública pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) termina esta sexta-feira, prevê mais de 470 milhões de euros em investimentos, até 2035, indica o GEOTA em comunicado.

"Investir na expansão da capacidade das infraestruturas de transporte e armazenamento de gás natural em contexto de transição energética é um erro estratégico que compromete os objetivos climáticos de Portugal", sublinha Miguel Macias Sequeira, vice-presidente do GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, citado no comunicado.

Reconhecendo que "o gás natural será um elemento relevante do sistema energético nacional durante, pelo menos, mais duas décadas e que a rede poderá beneficiar do aumento da produção de biometano", o GEOTA considera que "uma parcela substancial do investimento proposto é questionável face à diminuição do consumo nacional de gás natural, à crescente disponibilidade de gás natural no mercado global e a uma perspetiva mais conservadora sobre a evolução dos gases renováveis".

A organização não-governamental de ambiente critica em particular "a aposta em soluções tecnicamente desafiantes e ambientalmente pouco eficazes, como a mistura de hidrogénio verde com gás natural".

"A utilização de hidrogénio verde deve ser reservada para setores onde não existem alternativas viáveis de descarbonização. Usá-lo como pretexto para expandir a rede de gás é ineficaz e economicamente irresponsável", afirma Miguel Macias Sequeira, investigador no CENSE (Centro de Investigação Ambiental e Sustentabilidade), da Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade Nova.

Alerta que "Portugal precisa urgentemente de um plano sério, transparente e justo para desativar gradualmente a rede de gás natural, evitando investimentos desnecessários e preparando o país para um sistema energético mais sustentável".

A ONG apela assim para que alguns dos investimentos propostos sejam reavaliados e que seja dada prioridade "a soluções limpas, seguras e custo-eficazes".

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