Diretor de 'trading' do Banco Carregosa, João Queiroz, definiu a prata como um metal de dupla natureza, afirmando que este é suscetível a ciclos económicos.
A prata foi o metal precioso que mais valorizou em 2025, tendo mais do que duplicado o seu valor ultrapassando o ouro em termos percentuais e o marco de 70 dólares por onça.
A prata quebrou na terça-feira a barreira dos 70 dólares por onça, cerca das 13h11, hora de Lisboa, a onça de prata era negociada a 70,294 dólares (cerca de 59,9 euros), hoje por volta das 09h47 o metal é negociado acima dos 72 dólares.
O metal beneficiou "de forma clara do abrandamento das políticas monetárias restritivas nas principais economias", sendo que "à medida que os mercados começaram a antecipar cortes nas taxas de juro, a procura pelo metal precioso aumentou", disse o analista de mercados da XTB, Henrique Tomé, à Lusa.
A prata conserva também grande valor enquanto matéria-prima sendo que "o lado industrial da procura teve um peso determinante na evolução dos preços" pelo que esta é um "componente essencial na produção para várias indústrias, como painéis solares, veículos elétricos e tecnologias ligadas à transição energética", acrescentou o analista.
O metal não magnético negociava no início do ano a 28,893 dólares (24,60 euros) por onça, hoje é negociada acima dos 72 dólares (61,09 euros) por onça, o que representa um crescimento de cerca de 150% no período de um ano. "Este desempenho superou significativamente a valorização do ouro", referiu Henrique Tomé.
Em declarações à Lusa, o diretor de 'trading' do Banco Carregosa, João Queiroz, definiu a prata como um metal de dupla natureza, afirmando que este é suscetível a ciclos económicos.
"[A] dupla natureza distingue-a de outros metais e amplifica os seus ciclos, sobretudo em fases de transição tecnológica e instabilidade macroeconómica", disse.
Queiroz aponta também o aumento da procura aos "centros de dados ligados à inteligência artificial, onde a eficiência elétrica é determinante", considerando que a "procura é pouco elástica e dificilmente substituível no curto prazo".
"Em paralelo, reforçou-se o papel da prata como ativo de proteção, num contexto de tensões geopolíticas persistentes, maior fragmentação económica e expectativas de políticas monetárias mais acomodatícias. A perda gradual de confiança em moedas fiduciárias e a sensibilidade acrescida à inflação têm favorecido a procura por ativos tangíveis, onde a prata surge como alternativa ao ouro, com maior volatilidade, mas também maior potencial de valorização", asseverou.
Numa linha semelhante, o professor universitário da Nova SBE, António Alvarenga, refere que a prata e outros metais preciosos "ao não gerarem rendimento periódico (juros ou dividendos), o seu custo de oportunidade depende do nível das taxas de juro reais", isto é, "quando a política monetária é restritiva, com juros elevados, os investidores são incentivados a preferir obrigações ou depósitos, quando é mais expansionista, esse custo de oportunidade diminui e ativos reais (como a prata) tendem a beneficiar".
"Correções são possíveis, eu diria mesmo plausíveis, num contexto de uma valorização tão grande e rápida do ativo: um apaziguamento global, melhores relações [entre os EUA, a UE e a China] e eventuais sinais de estabilização da economia americana podem alimentar cada vez mais a ideia de que a prata está sobrevalorizada e levar a uma reação em cadeia", acrescentou.
O professor acredita ainda que para "setores industriais intensivos em prata, preços muito elevados podem implicar um aumento significativo dos custos de produção, acelerando esforços de eficiência (redução da quantidade de prata por unidade produzida), incentivando a reciclagem e a procura de alternativas".
"O equilíbrio frágil entre forte procura, forte investimento, limitações de oferta e expectativas divergentes sobre política monetária, torna o mercado particularmente vulnerável a movimentos bruscos de correção, com impactos diretos tanto para utilizadores industriais como para investidores", referiu António Alvarenga.
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