page view

Presidente da República português lamenta morte escritora brasileira Nélida Piñon e enaltece a sua ligação a Portugal

"Manifesto o meu pesar pelo falecimento da escritora Nélida Piñon, primeira mulher a presidir à Academia Brasileira de Letras", referiu Marcelo Rebelo de Sousa.

18 de dezembro de 2022 às 00:14

O Presidente da República português manifestou pesar pela morte da escritora brasileira Nélida Piñon, este sábado, aos 85 anos, e realçou a sua ligação a Portugal, onde acabou por falecer, lembrando que escreveu aqui o seu último livro.

Numa nota na página oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa afirma: "Manifesto o meu pesar pelo falecimento da escritora Nélida Piñon, primeira mulher a presidir à Academia Brasileira de Letras".

Lembrando que a escritora era descendente de galegos e que lhe foi concedida este ano a nacionalidade espanhola, o Presidente sublinha que Nélida Piñon era "amiga de Portugal" e membro da Academia das Ciências de Lisboa. Além de uma "presença habitual na edição e nos encontros literários do nosso país, tendo escrito no nosso país o seu último livro, significativamente intitulado 'Um Dia Chegarei a Sagres'", adianta.

"Ficcionista, ensaísta, vencedora de inúmeros prémios brasileiros [o Jabuti, entre muitos outros], latino-americanos [Prémio Juan Rulfo] e europeus [Prémio Príncipe das Astúrias, Prémio Vergílio Ferreira], a autora de 'A República dos Sonhos' dedicou-se igualmente ao ensino e ao jornalismo", refere ainda o Presidente na nota.

A escritora brasileira Nélida Piñon morreu este sábado em Lisboa aos 85 anos, informou a Academia Brasileira de Letras, que a qualifica como "uma das maiores representantes da literatura brasileira".

Autora de mais de 20 livros, entre novelas, contos, literatura infanto-juvenil, ensaios e memórias, em 1996/97 tornou-se a primeira mulher, em 100 anos, a presidir à Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleita em 1989 na sucessão de Aurélio Buarque de Holanda.

Nélida Piñon, que se estreou com o romance "Guia-mapa Gabriel Arcanjo" publicado em 1961, recebeu o Prémio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe, em 1995, o que aconteceu pela primeira vez para uma mulher e para um autor de língua portuguesa, assim como o prémio Bienal Nestlé, na categoria romance, pelo conjunto da obra, em 1991, e o da APCA e o Prémio Ficção Pen Clube, ambos em 1985, pelo romance "A república dos sonhos".

A Academia Brasileira de Letras destaca precisamente este romance no percurso da escritora, uma obra sobre uma família de imigrantes galegos no Brasil, em que "faz reflexões sobre a Galiza, a Espanha e o Brasil".

Igualmente assinalada pela Academia Brasileira de Letras é a sua obra de 1972 "A casa da paixão", que recebeu o Prémio Mário de Andrade, "um de seus melhores e mais conhecidos romances".

A sua mais recente obra, "Um Dia Chegarei a Sagres", lançada em 2020, ganhou o Pen Clube de Literatura.

Nélida Piñon licenciou-se em jornalismo em 1956 pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, tendo colaborado em jornais e revistas literários e sido correspondente no Brasil da revista Mundo Nuevo, de Paris, e editora assistente de Cadernos Brasileiros.

A escritora tinha um vínculo estreito com Espanha, já que os pais e avós foram emigrantes galegos no Brasil, e foi-lhe concedida no início deste ano a nacionalidade espanhola.

Nélida Piñon morreu num hospital de Lisboa, conforme informa a Academia Brasileira de Letras, acrescentando que a causa da morte ainda não foi confirmada.

O corpo será trasladado para o Rio de Janeiro, no Brasil, de forma a ser velado no "Petit Trianon", o principal salão da academia, que era como uma segunda casa para a escritora.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8