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Quando a voz se cala

O CM foi saber que problemas afetam a capacidade de falar.

16 de abril de 2015 às 08:57

Alguma vez se preocupou com a sua voz?

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Alguma vez se preocupou com a sua voz?

Não só cantores e atores, mas também jornalistas e locutores, apresentadores ou até vendedores: todas estas profissões (e muitas outras) caem na categoria dos profissionais da voz, ou seja, quem faz das cordas vocais um dos principais instrumentos de trabalho. E quando esse instrumento é posto em causa? No Dia Mundial da Voz, o Correio da Manhã foi falar com alguns profissionais da voz sobre os problemas vocais que já os afetaram ou ainda afetam.

"Ter uma voz, a voz que sempre tive, e não poder usá-la quando é necessário é muito doloroso", explica Eunice Muñoz ao CM. A diva do teatro português está afastada dos palcos há dois anos, depois de um tumor na tiroide lhe afetar a capacidade de falar. Hoje, ainda com a saúde debilitada, aguarda por uma nova operação que espera que lhe devolva as faculdades vocais em pleno. "Para continuar a sorrir tenho a minha família e a minha fé em Deus", confidencia a atriz.

O medo de nunca mais falar

Clara Capucho, otorrinolaringologista e chefe do departamento de voz do Hospital Egas Moniz, explica que o primeiro medo de quem fica sem voz é achar que é para o resto da vida. "As patologias mais frequentes são disfonias funcionais, ou seja, a rouquidão que é criada por má colocação da voz e mau uso dos músculos vocais, causando-lhes esgotamento. Os nódulos vocais [pólipos] o Edema de Rainke [laringite crónica] e o abuso vocal agudo [esforço da voz com uma constipação ou gripe], também são muito frequentes, embora tratáveis".

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A jornalista a quem a doença não tirou o 'pio'

Jornalista do CM e da CMTV Neuza Padrão viu o sonho de dar voz às notícias posto em causa quando descobriu que tinha um pólipo de dimensões consideráveis nas cordas vocais. Origem do problema: má colocação da voz. "Um professor de rádio notou que eu, por vezes, ficava sem voz e aconselhou-me a fazer o rastreio. Percebi que tinha de fazer uma fonocirurgia, mas mesmo antes da operação fiquei com muito medo. Passou-me pela cabeça que podia nunca mais falar e, mesmo depois da cirurgia, tive medo de experimentar falar. Fiz terapia antes e depois, e a minha voz melhorou imenso", comenta a jornalista, hoje já curada.

"Muitas vezes as pessoas têm problemas vocais e habituam-se a colocar a voz para que não se note, o que é ainda pior. Nestes casos, deve consultar-se um otorrino imediatamente", aconselha a especialista Clara Capucho.

Saber como prevenir

"A hidratação das cordas vocais é essencial, por isso deve beber-se muita água. Devem evitar-se abusos vocais agudos sem recuperação e pigarrear [limpar a garganta]. Fazer uma alimentação saudável e dar um passeio depois das refeições também é aconselhável, porque evita o refluxo gástrico e esofágico, que pode causar laringites crónicas. E claro, deve evitar-se a exposição a fumos, sema de tabaco, carros, fábricas, ou outros". São estas as ‘regras de ouro’ listadas por Clara Capucho.

A mesma clínica sublinha ainda que, no caso de ser necessária cirurgia, deve sempre fazer-se a chamada "terapia sanduíche", ou seja: terapia vocal antes e depois da operação.

A importância da terapia

Para os profissionais da voz é muito importante saber como usar corretamente o instrumento vocal e, por isso, a terapia é muitas vezes chave para evitar problemas.

Débora Moura Borges, professora de Físico-Química, ficou mais de quatro meses sem conseguir pronunciar uma palavra. Tinha o vírus da tuberculose alojado na laringe e foram precisos quatro médicos para descobrir a rara patologia que a afetava. "Culpava-me de tudo. Tinha fumado muito quando era mais jovem e até descobrirem só pensava ‘tenho um tumor, tenho um cancro’, ou 'vou ficar sem voz e vou ter que mudar de profissão'", confessou a docente ao CM.

Após a operação, e ao fim de um ano afastada do ensino, resolveu fazer uma formação de colocação de voz. "A voz sempre foi o meu calcanhar de Aquiles: gaguejo um pouco, tenho as cordas vocais de tamanhos muito diferentes e, depois da operação, à mínima constipação ficava sem voz. Depois de aprender a usar o diafragma para falar, mesmo com a voz fragilizada, ganhei confiança e, contra todas as previsões, ainda sou professora e não me vejo a fazer outra coisa".

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