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Sindicato da PSP alerta para falta de polícias nos aeroportos devido à reestruturação do SEF

Segundo o MAI, vão decorrer até abril mais dois cursos de formação, no final dos quais haverá 306 polícias habilitados para estar no controlo da fronteira aérea.

09 de março de 2023 às 15:21

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) alertou esta quinta-feira para falta de polícias nas esquadras da PSP dos aeroportos de Lisboa e Porto por estarem a ser "desviados para o SEF", situação que está "a comprometer o serviço".

Em declarações à agência Lusa, o presidente da ASPP, Paulo Santos, avançou que as divisões de segurança aeroportuárias da Polícia de Segurança Pública nos aeroportos de Lisboa e Porto estão a viver "uma situação gravíssima" devido à reestruturação em curso do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), em que a PSP vai ficar responsável pelo controlo das fronteiras aéreas.

"A realidade dos aeroportos e a reestruturação que está a ser feita não está tão clara e tão equilibrada como o ministro tem dito, as insuficiências de efetivos eram preocupantes e agora são ainda mais. Isto começa a comprometer o serviço em termos operacionais", precisou Paulo Santos.

O presidente do maior sindicato da PSP alegou que "a PSP não tem qualquer capacidade de resposta" nas esquadras dos aeroportos de Lisboa e Porto porque o efetivo policial "ou está em formação do SEF ou a fazer comissões no SEF".

Polícias que trabalham naquelas esquadras adiantaram à Lusa que estão desmotivados e desgastados, sustentando que a prioridade atual é o SEF e, caso faltem inspetores do SEF no controlo de passageiros, os agentes são retirados das esquadras para passarem a assegurar o trabalho no SEF.

No âmbito da reestruturação do SEF, que foi adiada até à criação da Agência Portuguesa para as Migrações e Asilo (APMA), as competências policiais daquele organismo passam para a PSP, GNR e PJ, enquanto as atuais atribuições em matéria administrativa relativamente a cidadãos estrangeiros passam a ser exercidas pela APMA e pelo Instituto dos Registos e do Notariado.

Num balanço sobre os protocolos que estabelecem o modelo de cooperação entre as forças e serviços de segurança no contexto da reestruturação do sistema português de controlo de fronteiras, o Ministério da Administração Interna (MAI) indicou recentemente que diariamente 29 polícias estão no controlo de fronteiras aéreas nos principais aeroportos nacionais.

Segundo o MAI, vão decorrer até abril mais dois cursos de formação, no final dos quais haverá 306 polícias habilitados para estar no controlo da fronteira aérea.

Segundo o Governo, até ao final de março estará concluído o processo legislativo da criação APMA.

O presidente da ASPP lamentou também "a falta de conhecimento sobre a forma como a reestruturação do SEF está a ser feita", o que "está a criar constrangimento operacionais e sobrecarga de trabalho", além da "desmotivação ser gritante".

Segundo Paulo Santos, a maior parte dos agentes que está no controlo da fronteira aérea e em formação trabalha nas esquadras dos aeroportos, estruturas que já tinham falta de pessoal e agora estão a ficar "ainda mais desfalcadas com esse desvio de pessoal para o SEF".

O sindicalista recordou que a ASPP já pediu reuniões ao ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, sobre esta situação, mas tal ainda não aconteceu.

"Os polícias que estão nos aeroportos estão a levar todos os dias com os impactos desta reestruturação por isso era importante esclarecer os polícias sobre o que vai acontecer. Relembrou que se está a aproximar o verão e haverá um pico nos aeroportos e também vai decorrer a Jornada Mundial da Juventude. Sem estas informações as pessoas começam a ficar preocupadas com o que vai acontecer", disse.

Segundo a ASPP, uma divisão aeroportuária da PSP deve ter entre 20 a 30 agentes, mas atualmente conta no máximo com 10.

A ASPP já tinha alertado em janeiro para a situação das divisões de segurança aeroportuárias da PSP nos aeroportos, considerando que "o processo de reestruturação do SEF e a atribuição das competências à PSP terá de ser acompanhada dos recursos necessários", pois "a situação está no limite.

Na altura, o ministro respondeu que "não é competência dos sindicatos pronunciarem-se sobre questões operacionais".

No início desta semana, também o sindicato que representa os inspetores do SEF pediu reuniões ao Governo devido à "indefinição do processo de extinção", que está a "prejudicar a segurança e o desenvolvimento económico e social do país".

As reuniões dos ministros da Administração Interna e Adjunta e dos Assuntos Parlamentares com este sindicato do SEF vão acontecer na próxima segunda-feira.

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