Para a OMS, o reforço dos cuidados primários é essencial para garantir respostas mais próximas das populações.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou, esta sexta-feira, que a reforma das unidades locais de saúde (ULS) é um passo decisivo para enfrentar a escassez de médicos de família e a pressão dos serviços hospitalares.
"A falta de médicos de família e de enfermeiros é um problema em vários países europeus, não apenas em Portugal", reconheceu a chefe de gabinete do Escritório Europeu da OMS para os Cuidados de Saúde Primários, Melitta Jakab, em declarações à agência Lusa.
Melitta Jakab falava à Lusa no âmbito da cerimónia de entrega dos Prémios IMPULSO, destinados a reconhecer projetos e profissionais que se destacam pela excelência e inovação no sistema de saúde português, que decorre esta sexta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
As ULS integram hospitais e centros de saúde debaixo de uma única gestão, tendo sido extintas as Administrações Regionais de Saúde. Desde 01 de janeiro de 2024 que Portugal passou a estar inteiramente coberto por ULS, num total de 39.
A reorganização foi anunciada como tendo por objetivo facilitar o acesso das pessoas e a sua circulação entre os centros de saúde e os hospitais.
"O modelo que está a ser implementado em Portugal é muito avançado, porque nos cuidados de saúde primários cria uma abordagem baseada em redes em que os médicos de família trabalham em equipas", afirmou.
De acordo com Melitta Jakab, não existem soluções rápidas, mas é possível avançar com medidas de curto prazo adaptadas ao contexto e com estratégias baseadas em planeamento e análise do setor da saúde.
Para a OMS, o reforço dos cuidados primários é essencial para aliviar a pressão sobre os hospitais e garantir respostas mais próximas das populações.
"Não podemos resolver estes problemas com a construção de mais hospitais. O caminho a seguir é reforçar os cuidados de saúde primários e, em particular, a sua capacidade resolutiva", defendeu.
Melitta Jakab indicou que "muitos países" sentem que as "salas de urgência estão a transbordar", considerando que a resposta está no reforço da prevenção.
Defendeu ainda a importância de enfrentar desigualdades e assimetrias regionais.
"Temos de resolver os problemas a nível local. Vemos muito bem em Portugal que algumas zonas estão bem equipadas com médicos de família e enfermeiros, mas noutras áreas não é esse o caso. É aí que os serviços de urgência acabam por assumir o trabalho dos cuidados primários", alertou.
Melitta Jakab considerou que é necessário envolver municípios, prestadores de cuidados e serviços de saúde pública na definição de prioridades.
"Os problemas têm de ser resolvidos a nível local, com estruturas de governação participativa que olhem para a saúde da população e não apenas para os padrões de utilização", sustentou.
A escassez de profissionais de saúde, segundo a OMS, também exige maior valorização da carreira médica e condições atrativas para os jovens.
"O reconhecimento profissional é frequentemente mencionado como uma questão. É extremamente importante não estar isolado, mas trabalhar em equipa para poder aprender com os outros", vincou, acrescentando que "alguns países precisam de analisar a remuneração dos trabalhadores dos cuidados de saúde primários, que podem não ser adequados".
Com estas reformas, Portugal posiciona-se como um exemplo europeu na integração de cuidados e na aposta em médicos de família como eixo central do sistema.
A OMS acredita que o país pode oferecer lições para outros países que enfrentam os mesmos dilemas de envelhecimento populacional, multimorbilidade e pressão hospitalar.
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