Na semana passada foram noticiados os despedimentos de 200 pessoas na Teleperfomance e de 68 na Microsoft Portugal.
Os despedimentos recentes no setor tecnológico e de serviços, como 'call centers', podem estar já a ser motivados pelo uso de inteligência artificial (IA), dizem economistas contactados pela Lusa, que, no entanto, se mostram otimistas quanto ao mercado laboral.
Na semana passada foram noticiados os despedimentos de 200 pessoas na Teleperfomance e de 68 na Microsoft Portugal. Nos últimos meses têm também sido conhecidos processos semelhantes em indústrias mais tradicionais, com os parceiros sociais ouvidos pela Lusa no mês passado a manifestarem preocupação.
"Há vários países, nomeadamente no centro da Europa, que estão com níveis de crescimento muito diminutos, ou muito próximos da crise, nomeadamente o caso alemão. E, portanto, isso depois vai significar decréscimos de vendas", disse João Cerejeira, professor de Economia da Universidade do Minho.
O economista apontou ainda mais duas possíveis razões: "se essas empresas encontraram mercados onde podem fazer o mesmo serviço, a preços mais acessíveis", e "uma componente de tecnologia, ou seja, nomeadamente no caso da Teleperformance, no apoio ao cliente e esse tipo de serviços associado a chamadas telefónicas", destacando que "grande parte deles começa a ser substituída por tecnologia associada a inteligência artificial".
Pedro Martins, professor catedrático na Nova School of Business and Economics (SBE) e antigo secretário de Estado destacou o contexto específico dos 'call centers' "em que o crescimento da inteligência artificial pode ser particularmente impactante".
"Vários estudos já indicam que os 'call centers' podem beneficiar muito da utilização mais alargada de inteligência artificial, não só em termos complementares, portanto ajudando a produtividade dos trabalhadores que já estão empregados, como também cada vez mais numa lógica de substituição", destacou, indicando que "a profissão de operador de 'call center', é uma profissão que vai com certeza enfrentar mudanças muito grandes ao longo dos próximos anos e algumas destas mudanças poderão eventualmente já estar a acontecer".
Ambos os economistas mostram-se, no entanto, otimistas com a situação do mercado laboral português.
Segundo João Cerejeira, ainda não há indícios de que o desemprego pode vir a aumentar em breve, apontando a posição do país face ao exterior, que "continua equilibrada", com o desemprego em "níveis historicamente baixos".
Ainda assim, reconheceu, pode haver, a nível setorial, "situações de maior preocupação", apontando sobretudo os setores mais tradicionais do têxtil, calçado ou indústria.
Segundo o economista, uma das questões mais importantes é perceber se estes trabalhadores, alvo de despedimento, "têm alternativas de emprego e se há medidas de política, nomeadamente em termos de formação profissional, que permitam a conversão para outras áreas".
Para Pedro Martins, "continuamos a ter uma situação em que os trabalhadores têm alternativas, em que as empresas têm dificuldades em contratar, em que as remunerações continuam a crescer", indicou, classificando o panorama geral como "positivo".
O economista alertou, no entanto, para "um desafio ao nível das políticas públicas" apelando para "programas de formação profissional de melhor qualidade, de forma a poder apoiar de uma maneira mais eficaz" quem perde o emprego e procura uma reconversão.
"É um desafio que Portugal tem ao longo de já vários anos, a questão da modernização das suas políticas de emprego e em particular da política de formação profissional", salientou.
Pedro Martins realçou que "há um trabalho que precisa de continuar a ser feito para que, quando há situações desta natureza, os apoios sejam mais consequentes e possam realmente ajudar as pessoas a voltarem mais rapidamente para uma situação de emprego, já com qualificações mais alinhadas com as necessidades do mercado de trabalho".
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