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Pai de Madeleine McCann diz que foi "perseguido" e que os "media interferiram na investigação" do desaparecimento da filha

Gerry McCann lembra que houve períodos em que se sentiu a afundar, por isso defende uma maior fiscalização dos media britânicos.

10 de dezembro de 2025 às 14:06

Gerry McCann, pai de Madeleine McCann, a menina britânica que desapareceu durante umas férias no Algarve, na Praia da Luz, em 2007, revelou que durante anos foi "sufocado e perseguido" por parte de alguns media britânicos, e que este assédio constante "interferiu repetidamente" na investigação.

Numa entrevista esta quarta-feira à BBC Radio 4, e dando o seu exemplo, Gerry pediu ao governo uma maior fiscalização dos media britânicos.

"Sofremos com o interesse constante e manchetes enganosas durante 15 meses ou mais. Tivemos sorte porque sobrevivemos. Recebemos um apoio tremendo. Mas posso garantir que houve momentos em que me senti literalmente a afundar, e principalmente devido à perseguição de certos media, e não pela situação de arguidos", contou.

Gerry McCann lembrou que durantes meses teve "jornalistas à porta e fotógrafos com as lentes literalmente enfiadas dentro do carro". "Tínhamos dois gémeos pequenos no banco de trás apavorados. Às vezes estávamos preparados para ir dormir, ligávamos a televisão e lá estavam manchetes de primeira página sobre nós e o que supostamente tinha acontecido. Eram na maioria histórias inventadas e isto destrói a vida das pessoas", descreveu.

Para o pai de Maddie, os media "interferiram repetidamente na investigação" do desaparecimento da sua filha em 2007 e acredita que isso prejudicou as buscas pela menina.

Admitindo que a filha possa estar morta, Gerry McCann lembrou, contudo, que "não existem evidências nesse sentido". "Obviamente que a esperança é pequena, mas não está extinta. Adorava encontrá-la viva e descobrir o que realmente aconteceu para levar o responsável à justiça, pois outras crianças estão em risco enquanto o agressor estiver livre", disse.

Gerry e a mulher Kate estão entre as mais de 30 pessoas que assinaram uma carta enviada ao primeiro-ministro inglês, Keir Starmer, a pedir que reverta a decisão do governo conservador anterior, de 2018, de não realizar a segunda fase do Inquérito Leveson, que visa um debate sobre a regulação da atividade dos media no Reino Unido.

"Para mim, mais de um ano depois, é inaceitável que Leveson e a regulamentação da imprensa tenham deixado de ser uma prioridade", concluiu Gerry.

Madeleine McCann, então com três anos, desapareceu do apartamento de um aldeamento turístico no qual dormia com os irmãos gémeos, de dois anos, na Praia Luz, a 3 de maio de 2007, enquanto os pais jantavam com amigos, a poucos metros de distância.

Apesar das múltiplas investigações por parte da Polícia Judiciária e outras forças, quer britânicas, quer alemãs, a menina nunca foi encontrada, nem sequer ficou estabelecido o que se passou realmente naquela noite de verão naquela praia junto a Lagos.

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