Associação ambientalista diz que a intenção de construir uma nova ponte rodoviária sobre o Douro aumenta a capacidade de circulação automóvel entre margens.
A associação ambientalista Zero considerou esta sexta-feira "inaceitável" que a localização da estação de alta velocidade em Gaia seja alterada e pede à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para que tome uma decisão desfavorável.
Em comunicado, a Zero começa por dizer que a estação agora proposta [referindo-se à proposta para Vilar do Paraíso], deslocada dois quilómetros para sul e construída à superfície, "rompe com o modelo intermodal aprovado que previa uma estação subterrânea entre as estações do Metro do Porto de D. João II e Santo Ovídio".
"Esta mudança destrói a coerência do sistema de transportes metropolitanos, reduz o potencial de transferência modal do automóvel e do avião para o comboio, e diminui o próprio racional climático e económico do investimento público mais ambicioso em transportes de baixas emissões das últimas décadas. Neste sentido, a Zero apela à APA para que tome uma decisão desfavorável a este projeto de execução", lê-se no texto.
Em causa o facto de o consórcio AVAN Norte (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto) ter assinado, em 29 de julho, um contrato de concessão que prevê a estação de Gaia em Santo Ovídio e uma ponte rodoferroviária, apresentando depois proposta para uma estação em Vilar do Paraíso e duas travessias separadas.
Para a Zero, a intenção de construir uma nova ponte rodoviária sobre o Douro aumenta a capacidade de circulação automóvel entre margens, razão pela qual a associação considera que uma nova ponte "reforçaria o uso do carro, aprofundaria desequilíbrios de mobilidade e diminuiria o potencial de redução de emissões que a ferrovia de alta velocidade poderia proporcionar".
"Em vez de orientar o desenvolvimento urbano para modos sustentáveis, a nova ponte rodoviária empurraria a Área Metropolitana do Porto para um modelo mais disperso, mais intensivo em tráfego e mais dependente de combustíveis fósseis. A lógica destas duas intervenções, em paralelo, é estruturalmente contraditória", defende a Zero.
Para a associação, "a aposta simultânea numa nova ponte rodoviária e numa estação de alta velocidade desligada do metro compromete os objetivos de sustentabilidade e representa um erro estratégico num momento em que o país deve reduzir daqui a cinco anos em 40% as emissões do setor dos transportes em relação a 2005".
Para a Zero, "o projeto agora apresentado transforma a estação num terminal rodoviário periférico, justificado pela alegada melhoria das acessibilidades através de ligações diretas às autoestradas A1, A44 e A29 e à futura Via L3".
A associação considera esta alteração "ambientalmente contraproducente", contrariando os argumentos sobre melhoria de acessibilidade.
"Traduz-se, na prática, numa rodoviarização da estação de alta velocidade, com vastas áreas de estacionamento, acessos automóveis múltiplos e um interface desenhado para o automóvel em detrimento do transporte coletivo. O resultado será um aumento das emissões de tráfego rodoviário, congestionamento nas entradas da cidade e a diluição da finalidade ambiental da alta velocidade", considera.
Aliás, o argumento de "melhor acessibilidade" pela proximidade das autoestradas representa, na visão da Zero, "o erro conceptual central da proposta".
"A alta velocidade não deve ser pensada como extensão do sistema rodoviário, mas como eixo de transporte público de alta densidade e baixo carbono, centrado na integração ferrovia-metro. Valorizar o acesso automóvel é transferir congestionamento e poluição para o entorno da nova estação", acrescenta.
Quanto à tentativa de justificar a deslocação da estação para evitar o congestionamento da Avenida da República, a Zero recorda que essa área é servida por transporte público e sugere planeamento coordenado.
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