Hoje é possível manter um doente adormecido durante várias horas para que seja submetido a uma intervenção cirúrgica sem dor, mas há pouco mais de 150 anos as operações eram sempre acompanhadas pelos gritos dos pacientes.
Os aparelhos de anestesia foram evoluindo ao longo dos tempos. Desde o primeiro instrumento arcaico, criado em 1846 e composto por um balão de vidro com uma esponja embebida em éter no seu interior, até aos modernos e complexos equipamentos que monitorizam os doentes em tempo real.
Mas a evolução da anestesia não pára e o futuro já está a ser preparado, com recurso ao desenvolvimento da simulação e com investigação na nanotecnologia.
Esse caminho, entre o início da anestesia e os dias de hoje, pode ser percorrido na exposição ‘A Anestesia nos Séculos XIX e XX e os Hospitais da Universidade de Coimbra’. Patente até 2 de Abril, a mostra, que conta mais de uma centena de peças, permite perceber que “daqui a 10 anos a anestesia não será o que é hoje”, garante José Martins Nunes, director do Serviço de Anestesiologia dos HUC.
“É impossível pensar a evolução da Medicina sem anestesia. Não era possível operar sem controlar a dor, os movimentos, a respiração”, diz, explicando que “a partir do momento em que a anestesia conseguiu vencer fronteiras proporcionou intervenções mais arrojadas e desenvolveu toda a Medicina”.
Martins Nunes não tem dúvidas de que a anestesia acompanha a inovação, por isso destaca a necessidade do “rigor na formação e na organização dos serviços de anestesia dos hospitais” como grandes preocupações. O próximo passo é a investigação e o ensino em ambiente de simulação. “Existe alguma investigação europeia em termos de nanotecnologia aplicada à anestesia”, afirma, explicando que os HUC – que acabam de adquirir o primeiro centro de simulação biomédica em Portugal, – estão “ao nível dos melhores do Mundo” neste sector.
"PODEM CONFIAR NOS ANESTESISTAS" Martins Nunes, Médico
Correio da Manhã – Que perfil deve ter um anestesista?
– O anestesista tem que ter conhecimentos suficientes para poder decidir em segundos situações importantes para o doente, e essas decisões são sempre muito solitárias. O anestesista tem um perfil por norma muito organizado, com conhecimentos muito amplos sobre uma série de áreas da Medicina, e é treinado para decidir com rapidez.
– Que objectivos tem um serviço de Anestesiologia?
– Continuar a criar condições para que a Anestesiologia seja uma especialidade médica de vanguarda e central em todo o processo de serviços que é um hospital e dar confiança aos doentes.
– As pessoas ainda têm medo da anestesia?
– Podem ter confiança nos anestesistas. São profissionais com uma excelente formação, grande qualificação, e são peritos em várias áreas como emergência, cuidados intensivos e tratamento da dor.
GERAL
É feita a indução do sono com fármacos e introduzido um tubo na laringe ou uma máscara para que o doente possa receber oxigénio. A anestesia mantém-se com fármacos no soro ou gases anestésicos administrados por um ventilador de anestesia. Normalmente são utilizados hipnóticos para a inconsciência; opióides, visando a analgesia e a protecção contra reflexos; bloqueadores neuromusculares para a imobilidade; e fármacos para diversos fins, como o controlo da pressão arterial, frequência cardíaca e outros.
REGIONAL
É realizada através de bloqueios centrais (anestesia raquidiana e epidural) ou através de bloqueios de nervos periféricos, o nervo é localizado por ecografia ou estimulação, sendo depois aplicados anestésicos locais.
LOCAL
Baseia-se na infiltração de anestésicos locais nas proximidades da área a ser operada, usa-se em operações simples que envolvam pequenas áreas, como em algumas cirurgias plásticas ou para suturar cortes. O anestésico é aplicado na zona em que a operação é feita – tornando-a insensível - e não atinge o nervo propriamente dito, apenas as terminações nervosas da pele.
PERCURSO DO DOENTE QUE VAI RECEBER ANESTESIA
Uma semana antes da cirurgia, o doente vai a uma consulta de anestesia e faz exames complementares de diagnóstico.
Na véspera da operação, recebe uma visita pré-anestésica.
No dia da cirurgia, dá entrada no bloco operatório e é conduzido à sala de indução anestésica, onde é feita a colocação de soro, a monitorização dos sinais vitais e a sedação.
O doente entra na sala operatória onde lhe é aplicada a anestesia. A imagem mostra uma mulher a receber uma epidural.
Depois da operação, o paciente fica no recobro da anestesia e acorda ainda no bloco operatório. De seguida é transferido para a Unidade de Cuidados Pré-Anestésicos, onde é vigiado até passar para a enfermaria.
1846
William Morton inicia, nos EUA, a anestesia geral com éter. Usa um balão de vidro e uma esponja do mar
1919
Aparece o aparelho dosimétrico de Houzel, para anestesia geral. Balões feitos com bexiga de porco
1938
Aparelho de emergência alemão, usado para salvar mineiros. Foi também usado na II Guerra Mundial
1953
Ventilador Engstrom deu origem ao serviço de reanimação. Permitiu colocar a primeira prótese com ventilação mecânica
1958
Aparelho de anestesia feito em Portugal por Anselmo Carvalhas. Funcionou a éter, trilenne e ciclopropano
2008
Equipamento de anestesia de última geração. Permite a monitorização contínua através da precisão digital
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