Anuário CM 2025: os factos e figuras que marcaram o ano

A redação do Correio da Manhã elegeu os factos e figuras do ano e faz o balanço de 2025 em todas as áreas, da sociedade ao desporto, do crime à economia, da cultura à política. O ‘Anuário CM’ chega às mãos dos leitores no último domingo deste ano, dia 28 de dezembro. para ler, reler e guardar

Facto do ano

1.º Elevador da Glória

Muitos mexeram no elevador e saberiam que a tragédia poderia acontecer. Mas ninguém atuou. E isso custou a vida a 16 pessoas. O ascensor que há 140 anos conquistou o desnível de 260 metros da calçada da Glória, em Lisboa, afinal não conseguia parar no caso de avaria catastrófica do cabo que, através de contrapeso, o agarrava à vida e fazia mover. Os sistemas redundantes não fizeram a cabina travar em segurança.

Os que o usam como passageiros e os turistas, que o levaram ao Mundo - em postais; publicações de redes sociais; e agora, tristemente, em notícias da tragédia -, jamais imaginaram possível que, partido o cabo, nada conseguisse agarrar aos carris as duas cabinas que todos os dias subiam e desciam dos Restauradores para o Bairro Alto - galgando em pouco mais de um minuto um desnível de 45 metros, com inclinação média de 18%. O impensável aconteceu a 3 de setembro, às 18h03m13s. Falta saber quem são os responsáveis pela tragédia.

2.º Crise na Habitação

O preço das casas está pela hora da morte, seja para arrendar, seja para comprar. Um drama que se agudiza e para o qual parece não haver resposta, apesar das várias medidas levadas à prática.

3.º Morte de Diogo Jota

Diogo Jota, internacional português e jogador do Liverpool, morreu ao lado do irmão, André Silva, na sequência de um acidente brutal, em Espanha. O mundo do futebol ficou em choque.

Figura do ano

1.º Luís Montenegro

Luís Montenegro ganhou o ano de 2025 em várias frentes. Foi o vencedor indiscutível das legislativas e das autárquicas, aqui com um triunfo muito expressivo, consolidando a liderança do PSD e da AD. Termina o ano com sondagens confortáveis, o partido alinhado atrás de si e mesmo antes do Natal recebeu a famosa prenda do procurador-geral da República, Amadeu Guerra, com o arquivamento do caso Spinumviva. O arquivamento da averiguação preventiva foi determinado pelo facto de não se ter encontrado indícios do crime de recebimento indevido nas relações comerciais estabelecidas com os clientes da empresa. O ano, de resto, começou e acabou com a Spinumviva. Uma notícia do CM sobre a existência de uma empresa familiar de Montenegro, que tinha, entre outros fins, a exploração imobiliária, colocou o Governo no carril da crise. Uma crise à qual Luís Montenegro não só sobreviveu, como saiu dela com poder reforçado.

2.º Joana Marques

Ao lado dos irmãos Sérgio e Nelson Rosado, protagonizou o julgamento mais mediático do ano. No final, a humorista não só se livrou de pagar um milhão de euros, como se transformou numa heroína.

3.º Isaac Nader

O atleta algarvio deixou todos com os ‘olhos em bico’, ao completar 1500 metros em apenas 3m34s10, sagrando-se campeão mundial. Atleta do Benfica, vive e treina em Espanha com a namorada.

Facto internacional do ano

1.º Conflito no Médio Oriente

Dois anos de guerra, em que morreram mais de 70 mil palestinianos, transformaram a Faixa de Gaza num cemitério de escombros. Não ficou nada de pé, como o CM constatou no terreno. Donald Trump devolveu a paz ao território, a sua maior vitória no campo da diplomacia, mas a questão palestiniana está muito longe de ser resolvida.

2.º Guerra das tarifas

Não é exatamente aquilo que Trump prometeu e anunciou. Mas as tarifas impostas pelos EUA, ainda que longe dos valores iniciais, alteraram significativamente as relações comerciais a nível mundial.

3.º Corrida às armas

As guerras na Ucrânia e Médio Oriente reacenderam a chama da corrida ao armamento. A NATO pede mais investimento aos Estados-membros, EUA e Rússia ameaçam com testes de armas nucleares.

Figura internacional do ano

1.º Donald Trump

Donald Trump pode ter muitos defeitos. Mas ninguém pode afirmar que foi ao engano: este início de segundo mandato limitou-se a aplicar, com uma rapidez fulminante, as promessas semeadas durante a campanha. Queriam nacionalismo económico, personalização do poder, retribuição contra inimigos e um desprezo olímpico pelas regras multilaterais? Trump, homem de palavra, cumpriu. Na economia, a valsa das tarifas já duplicou

o impacto de toda a primeira Presidência em instabilidade e inflação. As empresas, que precisam de planear a vida com antecedência, assistem à valsa como quem observa um furacão pela janela. O aumento dos custos em toda a cadeia produtiva já é suficientemente mau, pensarão elas.

Por outro lado, se a ideia é construir uma fortaleza imune aos humores do Mundo, Donald Trump pode reivindicar uma vitória histórica no controlo de fronteiras: o fluxo migratório a partir da fronteira Sul dos EUA praticamente desapareceu.

2.º Leão XIV

O primeiro Santo Padre norte-americano tem em mãos a difícil tarefa de dar continuidade ao trabalho desenvolvido por Francisco, o Papa reformador, que conduziu os destinos da Igreja durante 12 anos.

3.º Corina Machado

A luta pela democracia na Venezuela valeu-lhe uma vida na clandestinidade. Mas não desiste. Um símbolo da resistência. Perseguida pelo regime de Maduro, conquistou o Prémio Nobel da Paz.

O Anuário CM 2025 reúne textos de: Marques Mendes, António José Seguro, André Ventura, Gouveia e Melo, Cotrim Figueiredo, Catarina Martins, António Filipe e Jorge Pinto, candidatos às presidenciais de 18 de janeiro de 2026, que escrevem sobre os maiores desafios que se colocam a Portugal. O ‘Anuário CM’ conta, ainda, com textos de Rute Agulhas, João Pereira Coutinho, Luciano Amaral, Eduardo Cintra Torres, Francisco José Viegas, Miriam Assor, D. Américo Aguiar, Leonor Pinhão, Isabel Ferreira, Luís Campos Ferreira e António Silva Ribeiro.