Madame Lee é uma especialista em nada
Rita Lee fala dos ‘remedinhos’ para não entrar em parafuso e da telepatia com Roberto, marido e co-apresentador no seu mais recente programa, em exibição no GNT. Irreverente, não deixa de ter um olhar crítico sobre o governo de Lula da Silva.
Correio da Manhã – Como está a ser recebido o ‘Madame Lee’?
Rita Lee – É preciso mais tempo. ‘Madame Lee’ é um programa esquisito feito por gente esquisita para um público esquisitão. Não existe uma única receita de bolo, cada programa é um programa.
– O que se passará ao longo do programa?
– Para quem espera um simples ‘talk show’ a decepção talvez seja grande. Para quem espera um programa apenas cómico, perderá tempo. O lema para toda a nossa equipa é ‘ entrega a Deus’. E o bacana é exactamente isso, não ter pauta definida, nem marcação.
– ‘Madame’ tem um ‘consultório’. Que temas e de que forma serão abordados no divã?
– ‘Madame Lee’ é uma especialista em nada, mas tem um coração amoroso e sabe escutar. Se o cliente quiser fazer perguntas ou simplesmente deitar no divã e dormir tudo bem. O que tem acontecido é que, eventualmente, é o cliente que cura as paranóias de Madame.
– Que experiência tem em psicologia? Faz ou fez terapia?
– Sou bipolar, ou como se chamava no meu tempo, maníaco-depressiva. Preciso tomar os remedinhos que a minha psiquiatra me receita senão entro em parafuso, como tantas vezes já aconteceu.
– Quem gostaria de levar ao divã?
– Michael Jackson daria um bom caldo.
– O seu marido, Roberto, tem-se saído bem como estreante na apresentação do programa?
– Roberto é meu fio terra, meu melhor amigo, meu namorado.
Tem sido uma grande surpresa a sua simpatia e desenvoltura para quem não o conhecia de perto. É um estudioso de Astrologia Cabalísta e um músico para lá de genial.
– É mais fácil trabalhar com o Roberto ou com as suas ‘parceiras’ do ‘Saia Justa’?
– Adorava o ‘Saia Justa’, as meninas me ensinaram muito. Com Roberto é mais telepático, estamos juntos há 30 anos, fizemos 3 filhos lindos e um monte de ‘hits’.
– Gosta de fazer televisão?
– Adoro televisão e a brasileira é uma das melhores do Planeta. O que me agrada mais é não ter vícios televisivos e poder soltar a franga sem medo do ridículo.
– Onde fica a música?
– A música continua sendo nosso mar, a televisão é um rio.
– Tem seguido o escândalo financeiro ‘Mensalão’?
– Quando Deus criou o mundo, fez do Brasil o país mais rico, pacífico e bonito por natureza. Os outros países então foram até Deus e reclamaram: “Nós temos terramotos, enchentes, furacões, guerras e o Brasil não tem nada de catastrófico?”… Ao que o Criador respondeu: “Esperem até verem os políticos que eu vou botar lá!”
– O Brasil é um país com futuro ou eternamente corrupto e de grandes fossos sociais?
– Há 500 anos que somos saqueados, aprendemos várias ‘bandidagens’ que se modernizam a cada instante. Mas ainda acredito que haverá uma hora em que Deus vai dizer: “ E aí brasileiros, preferem terramotos ou furacões?”
– Como avalia o desempenho do ministro da Cultura Gilberto Gil?
– Ando muito descrente do governo de uma maneira geral. Gil é um artista genial que deu um ‘up grade’ na cultura do país. Como ministro não me cabe julgar, acredito que ele esteja a ter grandes dificuldades em realizar o que pretende.
– O que perguntaria/pediria ao presidente Lula da Silva se ele fosse ao divã de ‘Madame Lee’?
– Pediria para ele ver se eu estou na esquina, se eu estiver por favor para ele fingir que não me conhece.
Aos 58 anos, Rita Lee mantém a irreverência de sempre, agora no ‘Madame Lee’, aos domingos, no GNT (TV Cabo). Cantora conceituada, formou a primeira banda, ‘Teenage Singers’, em 1963 e desde então não mais parou, passando pela rádio, cinema e televisão. Recentemente, apresentou o ‘Saia Justa’, no GNT.
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