Cresceu nas ruas de Almada a andar de skate e a jogar à apanhada. À exposição pública prefere o rigor profissional. Ambições? Continuar a ter bons papéis. Na TV, no teatro ou no cinema.
Na série ‘Equador’ vai interpretar a espanhola Pilar, prostituta num bordel de luxo. Como é este papel?
A personagem é muito interessante e obrigou-me a ter umas aulas porque a Pilar é espanhola, mas vive em Portugal há muitos anos e fala aquilo que nós designamos por ‘portunhol’. Tive aulas com a Isabel, uma professora de espanhol. Isto obriga-me a uma concentração muito grande, porque o raciocínio fica um pouco diferente. E outra das coisas que me cansa muito é a dicção, o meu maxilar inferior fica mais dorido porque o exercício é maior. E juntar esta dicção à interpretação torna o trabalho de composição mais cansativo.
Que define a Pilar enquanto personagem?
É uma mulher com muita força, que 'veio da miséria', como diz a madrinha, a Lídia Franco, e que encontrou uma vida confortável no bordel. Tem boa índole e vai apaixonar-se por um cliente, o Antero, (actor Francisco Corte Real) que vai lá perder a virgindade para não fazer má figura na noite de núpcias.
E o rapaz já não vai querer mais casar?
O rapaz arranja um conflito, porque, apaixonado pela Pilar, rejeita o casamento. Quando surgirem as pressões, a Pilar vai mostrar ter alguma personalidade...
O guarda-roupa é vistoso?
Maravilhoso. É da Marina Vian. O meu guarda-roupa não é nada óbvio, ou seja, há o fato de trabalho, que são as culotes e, depois, quando estamos vestidas à civil, o guarda-roupa da Pilar não é típico de uma prostituta. O figurino vai encher o olho. O público vai gostar.
O décor do bordel ficou bonito?
Muito. A Lídia Franco está deslumbrante. A menina, a Sara Salgado, é linda de morrer, com um rosto angélico de camponesa que chega ao bordel e que está completamente fora de tudo... O quadro é muito convincente e bonito.
O bordel foi recriado nos estúdios?
Não, na Cidadela de Cascais.
Foi ou não verdade que recebeu um convite da ‘Playboy’ brasileira?
Não, não é verdade. Não tive convite nenhum. Nem namorei com o Pedro Lamares, como a Imprensa escreveu.
Mas, em Portugal, teve convites da ‘FHM’ e da ‘GQ’?
É verdade, mas recusei.
Porquê?
Porque não me deram o valor que lhes pedi! Gosto muito do corpo feminino. E faria com todo o gosto um trabalho desse género. Mas pelo valor que acho justo. Não preciso de ser capa das revistas para me promover. A minha vida é interpretar e promover as minhas interpretações, não a minha pessoa.
A exposição da intimidade tem de ser bem paga?
Esses trabalhos requerem já a exposição de alguma intimidade, porque tirar fotografias em fato de banho não é a mesma coisa que fazer uma cena de amor numa novela. Porque quem tiraria as fotos e mostraria a barriga e as pernas não seria a minha personagem, mas eu São José Correia. E estas coisas têm de ser bem pagas. Só assim tirava a roupa.
E, no Brasil, esse trabalho é bem pago?
No Brasil, as actrizes que posam para a ‘Playboy’ ganham um cachet milionário. E se a minha mãe me perguntasse por que fiz esse tipo de trabalho eu teria de lhe dizer: 'Mãe, porque me pagaram muito bem!'.
O que a levou a fazer uma cirugia ao peito?
Mexer no nosso corpo nunca é uma coisa banal. E quem decide fazer uma correcção estética, como eu fiz ao peito, acho que o deve fazer, porque antes da actriz está a pessoa. E, às vezes, coisas muito simples podem melhorar muito a auto-estima e a nossa maneira de estar na vida. E acho que as pessoas devem fazer tudo o que puderem para se sentirem melhor.
Foi isso que a levou a decidir-se por uma cirurgia?
Sim, isto tudo e a novela ‘Paixões Proibidas’ que eu ia fazer a seguir, que se desenrolava no séc. XIX, quando desaparece o espartilho e surge o sutiã a valorizar o busto da mulher. A isto tudo juntou-se ainda o meu à-vontade financeiro da altura. Fiz o implante. Correu muito bem. E estou muito satisfeita.
A São José vai fazer parte do elenco da próxima novela da TVI, ‘A Face do Mal’ ?
Vou, mas não vou ser a protagonista, como já ouvi dizer. Lembro que uma das características que define Rui Vilhena é não haver um protagonista. Ou seja, todos os núcleos são importantes e todos eles têm uma história própria que se vai desenrolando até ao final da novela. Nas produções do Vilhena não se coloca a questão do protagonista.
O enredo gira em torno de que tema?
No centro da história estão dois gémeos.
Os gémeos são tema recorrentes da ficção brasileira e portuguesa...
Sim, mas pelo que percebo não se centra muito neles. Há temas muito importantes. E nesta novela vai haver muitos mistérios, muitas personagens com passados obscuros...
O que a tocou nesta trama?
Os temas: o amor na terceira idade, a homossexualidade, a pobreza... Assuntos interessantes a abordar numa novela, que é um produto que abrange todas as camadas do público.
‘Deixa-me Amar’ está a acabar. Gostou de ter interpretado a Isabel?
A Isabel era divertida, uma figura popular inserida num bairro típico de Lisboa. Foi uma personagem muito leve, sem grande destaque, mas gostei de a ter desempenhado.
Há uma razão para a encontrarmos a trabalhar na TVI e não noutra estação?
Se olhar para RTP vê a ‘Vila Faia’ ao fim-de-semana. Na SIC, ‘Resistirei’ passa de madrugada... Na TVI, os trabalhos de ficção portuguesa estão em horário nobre. Não há comparação possível! Além de respeitar o trabalho dos actores, a TVI está a puxar pelos outros canais. E é bom que assim seja, que mais estações façam ficção nacional. Mas a TVI é a grande impulsionadora. E não sou eu que o digo, basta olhar para os últimos anos de ficção.
A ficção televisiva nacional oferece bons papéis às actrizes?
Sim, olhando para o que está em exibição, todas as protagonistas são femininas: Alexandra Lencastre (‘Fascínios’), Margarida Marinho (‘A Outra’), Paula LoboAntunes(‘Deixa-me Amar’). O Rui Vilhena valoriza bastante as mulheres. O mesmo não se passa no teatro, onde há mais tendência para grandes papéis masculinos.
Lembrando a sua incursão no Brasil, com ‘Paixões Proibidas’, que trouxe dessa experiência?
Estreámos em Portugal em horário nobre, quando voltei do Brasil a novela passava às 22h30,outrasvezesàs 23h00. Não percebi! Estive sete meses fora do País, o que é muito difícil, e quando voltei a casa percebi que o meu trabalho não foi valorizado! Fiquei um pouco triste.
Balanço dessa experiência?
Foi muito enriquecedor. Mas vim de lá a valorizar mais o nosso trabalho! Porque nós temos tendência a dizer que o que vem de fora é que é bom. Não, se calhar aprendemos mais cá dentro.
Espreita as novelas brasileiras da SIC?
Só a Marília Pêra.
Como lida com os boatos publicados na Imprensa?
Não telefono para as redacções a insultar os jornalistas nem os levo atribunal porquea Justiça nãofunciona. Limito-me a esperar que as revistas, na edição seguinte, se esqueçam de mim e se lembrem de outra actriz...
Por que diz não lidar bem com o amor ?
Assumoo amor pela minha mãe, a família, os amigos, o trabalho, a natureza... Mas o amor pelos homens é complicado. Não confio. E tenho tido provas para não confiar. Não sei o que têm as pessoas na cabeça... Têm tanto medo que lhes façam mal quando se apaixonam que, antes que isso aconteça, fazem elas mal aos outros.
Faz dobragens?
Só da Penélope Cruz, no anúncio da L’Oreal. Não gosto muito de locuções. É um trabalho difícil de fazer. Não me entusiasma, apesar de se ganhar bastante bem. Diz-se uma ou duas frases e ganha-se 200 euros.
Onde cresceu a São José?
Em Almada. E uma parte da minha infância passei-a na ilha da Madeira.
Tem irmãos?
Duas irmãs e um irmão, eu sou a mais nova, e quatro sobrinhos.
Em garota via televisão?
Não, brincava mais na rua. Andava de skate, jogava ao mata e ao elástico, à apanhada e andava muito à porrada. E quando apareceu a TV a preto e branco o meu pai comprou uma com um filtro azul. Mas não dei muita importância ao televisor, gostava mais da rua.
Sabe que integra a lista do concurso ‘Sexy 20 – A Bolsa de Sensualidade’ promovido pelo ‘CM’?
Ai é? Não fazia ideia. É simpático, mas confesso que não dou grande importância a estas eleições...
PERFIL
'VIDA ESTRANHA'
São José Correia, 33 anos, vive para o trabalho e a profissão que, como diz, lhe permite ser quem não é. 'Nós actores temos uma vida estranha. Noventa por cento do meu espaço mental é ocupado por ficção, por pessoas que não sou, por conflitos, dramas e romances que não são os meus... Isto é quase um delírio. Estamos tão habituados a viver outras realidades que é dramático quando a peça ou a novela acaba e nós retomamos a nossa vida, chegamos a casa, ligamos o telemóvel...' explica São José, dissertando sobre a condição de actriz. Aos 16 anos apaixonou-se pelo teatro e, aos 19, começou a trabalhar no Teatro de Almada. Na TV destacou-se nas novelas ‘O Último Beijo’, ‘Queridas Feras, ‘Ninguém como Tu’, Fala-me de Amor’, na TVI, e ‘Paixões Proibidas’, na RTP. Fez também a série ‘Até Amanhã Camaradas’. No cinema integrou os elencos dos filmes ‘Má Fila’, ‘Os Imortais’, ‘A Mulher que Acreditava ser Presidente dos Estados Unidos da América’, entre outros.
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