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Tempo de Viver leva grande volta

O regresso de ‘Maria Laurinda’, interpretada por Margarida Vila-Nova, vai provocar uma reviravolta na novela ‘Tempo de Viver’, exibida pela TVI. Rui Vilhena, o autor da trama, afirma que este acontecimento marcará o arranque do segundo acto da narrativa.

19 de agosto de 2006 às 00:00

“Com o regresso da ‘Maria Laurinda’, a história vai mudar por completo. Mais para a frente, onde eu já estou [Vilhena trabalha no centésimo episódio e já foram exibidos 48], vai haver muitas surpresas que transformarão, novamente, a narrativa”, diz ao CM o argumentista.

O retorno da personagem interpretada por Margarida Vila-Nova marcará o início do segundo acto. “Normalmente, quando começo a escrever uma novela, já a tenho praticamente toda esquematizada. Em ‘Tempo de Viver’, dividi-a em quatro pequenas novelas, logo, existirão outros momentos em que a história mudará por completo, confidencia o autor, explicando, de forma pragmática, o objectivo: “Não aborrecer o público.”

‘Tempo de Viver’ terá, ao que tudo indica, “180 episódios, mas tudo pode alterar-se consoante a receptividade do público”. Tendo em conta o sucesso do formato nas audiências, é bem provável que seja ‘esticada’. Vilhena, contudo, refere que “até pode acontecer o contrário”. Para combater essa possibilidade, “o autor deve ter a capacidade de criar e conservar a chama acesa. A preocupação é manter a surpresa, renovar constantemente a história, torná-la dinâmica, com ritmo”.

Sobre os dois primeiros meses de exibição, Vilhena faz um “balanço extremamente positivo”, embora, por ser “muito crítico” considere, sempre, quando assiste à novela, que “pode haver melhorias. Trabalho muito com técnica, portanto, é a esse nível, geralmente, que encontro algo que gostaria de melhorar, nomeadamente o tamanho das cenas”.

O primeiro episódio continua a ser o que mais o satisfez. “É antológico”, afirma, sublinhando o seu carácter inovador, “especialmente nos efeitos especiais. Marcou, sem dúvida, uma viragem e mostrou que em Portugal faz-se ficção da melhor qualidade. As novelas portuguesas não devem nada ao que se faz lá fora”, mas, claro, “há sempre espaço para evoluir”.

“Sou uma pessoa que acompanha atentamente as tendências da teledramaturgia”, diz Vilhena, apontando Brasil, EUA e Inglaterra como os mercados que mais explora. Na sua análise, “a linha do suspense vai ser a nova tendência. Isso nota-se nos EUA. Não só por ‘Perdidos’ mas também pelos formatos infantis e juvenis”.

"TODAS AS HISTÓRIAS SÃO BOAS"

Todas as histórias são boas”, diz Rui Vilhena. O que marca a diferença, segundo o argumentista, “é a forma como as coisas são narradas. As novelas, geralmente, começam sempre muito bem. A questão passa por manter o público ‘preso’ ao longo de 180/200 episódios”. Para o autor de ‘Tempo de Viver’, a fórmula é simples: os diferentes núcleos que compõem a história devem ser igualmente fortes.

“Se os secundários não forem tão bons quanto o principal, a novela não se aguenta”, explica, apontando esse factor como o problema das novelas latino-americanas, que não seguem o modelo brasileiro. “O núcleo central é excessivamente importante e não deixa espaço para os outros. Eles não gostam de ter várias histórias dentro de uma novela e têm até dificuldade em adaptar as novelas brasileiras, porque o público não aprecia o modelo”, refere.

O motivo para que isso aconteça deve-se ao facto de ser “um mercado com tradição de produzir novelas... mas uma tradição que aponta para uma linguagem completamente diferente, muito mais dramática e centrada no tema do ‘patinho feio’, em oposição ao Brasil, onde há uma preocupação em transportar a realidade do quotidiano para o ecrã”, explica o argumentista.

SEXO TORNA-SE "TENDÊNCIA DO MERCADO"

As novelas portuguesas da SIC estão prestes a chegar e Teresa Guilherme, responsável pela sua produção, já avisou que não há tabus. Teremos, pois, muito sexo. ‘Tempo de Viver’ lançou a moda e parece que ela está para durar. Contudo, Rui Vilhena não vê isso como um elogio ao seu trabalho.

“É apenas uma tendência do mercado”, declara, salientando que “é um tema que o público quer ver numa telenovela e a preocupação dos autores deve ser a de ir ao seu encontro.” No entanto, se agarrasse agora num projecto, “certamente faria algo distinto de ‘Tempo de Viver’. Já foi assim quando a comecei a escrever: rompi com ‘Ninguém como Tu’, através de uma linguagem mais ousada, diálogos mais elaborados e uma construção de personagens mais complexas”, diz ao nosso jornal.

Filho de portugueses, Rui Vilhena nasceu em Moçambique, corria o ano de 1961. Aos três anos mudou-se com os pais para o Brasil e aos 19 foi viver sozinho para os Estados Unidos, onde fez o curso de guionista na cidade de Los Angeles. ‘Tempo de Viver’ é a sua quarta novela, depois de ter escrito os argumentos de ‘Terra Mãe’, ‘Bastidores’ e ‘Ninguém como Tu’.

OS NÚMEROS DE 'TEMPO DE VIVER'

AUDIÊNCIA - 14,2%

SHARE - 40%

ESPECTADORES (em milhares) - 1343

AUDIÊNCIA - 16,4%

SHARE - 43,1%

ESPECTADORES (em milhares) - 1551

CAPÍTULO MAIS VISTO

2º episódio - 19 de Junho

AUDIÊNCIA - 17,7%

SHARE - 44,7%

ESPECTADORES (em milhares) - 1674

CAPÍTULO MENOS VISTO

27º episódio - 22 de Julho

AUDIÊNCIA - 9,3%

SHARE - 31,4%

ESPECTADORES (em milhares) - 879

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