Cantor recebeu uma ovação de pé no Tribeca Festival em Lisboa.
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Dino D'Santigo foi um dos oradores do Tribeca Festival, que decorreu em Lisboa no último fim de semana, 18 e 19 de outubro. O cantor decidiu ler uma carta que escreveu para a atriz norte-americana Whoopi Goldberg, que também esteve presente no evento, sobre as dificuldades que passou por causa da cor da sua pele.
"Querida Whoopi Goldberg, nasci no ventre da escuridão, a cor mais antiga do mundo, a mesma que o céu veste quando todas as luzes se apagam e a humanidade se esquece de si mesma. A cor da noite, da profundidade, daquilo que ninguém quer ver, mas que todos, inevitavelmente, carregam. Cresci sob o peso desse manto invisível, que me foi dado como uma cruz a carregar antes mesmo de aprender a andar. A cor da minha pele era uma sentença antes de eu poder escrever a minha própria história, e o chão que pisava, uma vala aberta onde os sonhos se afundavam lentamente, um por um", disse o artista, de 41 anos.
E continuou: "Ainda me lembro do cheiro do esgoto, um odor que não vinha do ar, mas das feridas que o mundo nos inflige. Nasci pobre, não apenas de dinheiro, mas de oportunidades, e vivi rodeado por uma miséria que não se lavava com água e sabão. A minha infância foi um acto de sobrevivência nas entranhas de uma sociedade que me cuspia para fora, como se eu fosse o erro, a falha no seu projeto perfeito. E o meu pai, pedreiro, construtor de muros e casas, não tinha as ferramentas certas para me ensinar a erguer a minha própria fundação espiritual. Talvez porque ele também estava ocupado a levantar as paredes que o protegiam da humilhação de existir".
"Vivi, durante muito tempo, como um eco de crenças que nunca ressoaram dentro de mim. Repetia as palavras de outros, não porque as compreendia, mas porque sabia que era o que o mundo esperava de mim. Só Jesus, esse homem da cruz, falava a uma parte de mim que eu não sabia nomear. Mas, quando olhava para o seu rosto nas paredes da igreja, o reflexo não era o meu. A minha pele negra parecia desonrar a imagem do Salvador que me ensinaram a amar. E com isso, cresceu o pecado da comparação, de desejar ser algo que não sou. Aquele Jesus branco não poderia ser meu irmão, pensei. Então, passei a acreditar que o erro era meu, que o fardo do pecado era a minha própria existência", fez notar.
"Cresci a culpar o mundo, a culpar os meus pais por me terem trazido ao mundo antes que eles soubessem como protegê-lo da pobreza e do medo. O que eu não sabia é que a cor do breu não é um erro, mas uma canção que o mundo ainda não aprendeu a cantar", rematou Dino D'Santiago.
Emocionado com o discurso, o público não só bateu palmas como também se levantou como forma de apoio. Dino D'Santiago presenteou ainda a convidada internacional com um quadro feito por si - uma homenagem aos escravos, em roxo e preto, fazendo referência ao filme de 1985 'A Cor Púrpura', que catapultou a atriz para o estrelato.
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