Cantor está de volta com ‘Momentos’, um disco que fala de amor e relações e que serve de pretexto para uma conversa sobre a mulher, os dois filhos, o bebé que vem a caminho, mas também sobre as preocupações em torno da pandemia
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Como é que o Anselmo está a gerir este período de quarentena e isolamento obrigatórios?
Estou a aproveitar toda esta situação como a grande maioria das pessoas, para estar mais tempo com a família. Como passo muita da minha vida em viagens, sempre a correr de um lado para o outro, agora, pelo menos, dá para estar mais tempo com a mulher [Madlice] e com os filhos. A vantagem de ter família é esta, quando regressamos, eles estão sempre à nossa espera [risos] e não nos deixam sentir sós. Os miúdos é que já estão um pouco fartos de estar em casa. Acho que nunca desejaram tanto ir para a escola como agora.
Está a cumprir este período de isolamento em Angola?
Sim. Na altura em que se começou a falar mais de toda esta crise sanitária, eu estava em Madrid, ainda passei por Lisboa, mas logo depois viajei diretamente para Angola. Cheguei a 9 de março e nunca mais saí de casa. Só me ausento para ir à farmácia ou ao supermercado. Ainda assim, quando tudo isto começou, abastecemo-nos bem para umas boas semanas.
E qual é a situação em Angola relativamente à Covid-19?
Por enquanto, ainda só temos casos importados, o que quer dizer que são pessoas que vieram de fora já contaminadas. Tanto quanto sei, os casos que temos registados são de pessoas que vieram do Brasil ou da Europa. Mas acho que as autoridades estão a fazer tudo para evitar a propagação do vírus e para não chegar aos números assustadores que se atingiram em Espanha ou Itália. Nós conhecemos as nossas limitações a nível da saúde e por isso todos sabemos que não podemos facilitar.
E como é que vê a situação em Portugal, país que lhe é tão querido?
Felizmente, os números em Portugal estão muito longe de outros países europeus. Portugal provou que só fez bem em reagir cedo e tomar medidas restritivas quando tudo estava ainda no início. Os resultados estão aí.
O setor da música foi dos primeiros a ser afetado por causa das restrições. Teve de cancelar muitos concertos?
Sim, alguns. Comecei a cancelar logo em março, um na Suíça, no dia 7, e outro no Alentejo, no dia 28. Devo ter cancelado um total de nove espetáculos. Mas já tenho outros para o verão, para julho e agosto, que também devem ter de ser adiados.
Para quem não pode trabalhar em casa, como os músicos, estes devem ser tempos estranhos!
Sim. Para quem está na área da cultura, para quem faz música e trabalha no entretenimento esta vida assim é calma demais [risos]. Tenho escrito algumas coisas e aproveito para dar algumas entrevistas, agora que tenho um novo disco, mas devo dizer que numa altura em que estou à espera do terceiro filho, esta também é uma oportunidade que tenho para acompanhar a gravidez da minha mulher ao segundo.
A sua mulher nunca foi tão acompanhada por si nas outras gravidezes!
É verdade [risos]. Ela está radiante.
Quando é que souberam que um novo bebé vinha a caminho?
Soubemos no final de janeiro. Este terceiro filho era uma coisa que já estava projetada na minha cabeça, mas acho que para ela nem tanto. Ela não queria agora, mas eu andava a fazer tudo para que acontecesse [risos].
Já sabem o sexo e já escolheram o nome?
É um rapaz. Sim, já escolhemos umnome, mas a minha mulher ainda não me deixa dizer [risos].
E como é que os irmãos estão a ver a chegada de mais um mano?
O Jadson (8 anos) adorou porque vai ter mais um rapaz em casa e a Alicia (12 anos) também ficou muito feliz porque vai continuar a ser a única menina. Estão também muito ansiosos e volta e meia vou encontrá-los agarrados à barriga da mãe.
O Anselmo vai encerrar a ‘produção’ por aqui ou ainda vai continuar a aumentar a família?
Eu gostaria muito de continuar, mas a minha mulher já me avisou que pretende ficar por aqui.
O seu novo disco chama-se ‘Momentos’. De que momentos é que fala aqui?
São momentos que representam dois extremos de mim: por um lado, a minha parte mais artística e sonora, e por outro o meu lado mais pessoal. Quando em 2012 comecei a fazer sucesso em Portugal, fui adaptando a minha sonoridade mais para o mercado europeu, mas a verdade que já havia um Anselmo Ralph antes disso, que era mais soul e r&b. Os fãs dos meus três primeiros discos já reclamavam por este Anselmo e, por isso, aquilo que tentei fazer foi uma mistura entre os dois Anselmos. E depois este é um álbum que, em termos de composição e letras, fala dos vários momentos na vida de um casal, das mágoas, das alegrias, do amor, do rancor, do perdão e por aí fora.
Mas quer então dizer que é um disco sobre si e a sua relação?
De certa forma também fala de mim, mas a grande maioria das histórias que conto têm outras fontes de inspiração. Neste disco acabo por misturar a minha história com episódios de dia a dia de outros casais. Eu acho que a minha melhor faceta é escrever sobre amor e relações.
Mas é fácil escrever sobre amor?
O difícil é fazer a abordagem certa. Nós artistas temos sempre de descobrir novas formas de cantar a mesma coisa. E isso é que não é fácil.
Mas é mais fácil escrever e cantar sobre amor quando se está apaixonado ou quando se está a sofrer?
Eu acho que para mim é mais fácil cantar o sofrimento e as dores de amor. Eu sou do signo Peixes, que gosta muito de se armar em vítima [risos]. Eu, por exemplo, escrevi a canção a ‘Única Mulher’ numa altura em que estava na Suíça e a minha mulher estava chateada comigo. Como tínhamos discutido, fiz essa música. Depois liguei-lhe a contar-lhe e o resto é conhecido: a canção virou um sucesso. Mas sim, é verdade, às vezes no sofrimento fazemos grandes canções.
O Anselmo tem uma relação duradoura há vários anos. Isso é um caso raro na sua área!
Felizmente, eu tenho uma mulher firme ao meu lado e que tem uma personalidade muito forte. Eu acho que não é fácil para uma mulher ter um companheiro nesta área do entretenimento, porque os artistas passam muito tempo fora, mas graças a Deus nós estamos juntos há quase 15 anos e tem sido sempre muito bom.
Como é que ela lida com a sua exposição e popularidade?
No início foi um pouco complicado, mas ela trabalha comigo e juntos até temos uma produtora em Luanda que ajuda a lançar novos artistas. Neste momento, estamos também a terminar juntos a construção de uma sala de espetáculos. Ela é o meu braço-direito e esta foi uma forma de a manter junto de mim, trazê-la para o meu mundo.
Quando é que acha que poderá voltar aos palcos?
Epá! Eu quando estou lamentar-me de estar longe dos palcos começo a pensar naqueles que estão a padecer desta pandemia e de todos aqueles que estão na linha da frente, noite e dia, no combate ao vírus, e acabo por relativizar tudo isto. Estou ansioso por voltar, claro que sim, mas ao mesmo tempo também estou muito preocupado. O importante é que tudo volte à normalidade e mais ninguém perca a vida com esta pandemia. O que eu sei é que quando voltarmos aos concertos também vamos ter de sarar algumas feridas. Vamos ter de acalmar e acarinhar alguns corações.
Mas a área da cultura e da música também está a ser severamente castigada e caiu numa crise profunda!
Sim. Há muita gente neste momento a passar um mau bocado, mas tenho de dar uma palavra de agradecimento à SPA (Sociedade Portuguesa de Autores) e à GDA (Gestão dos Direitos dos Artistas), que têm tido algumas iniciativas para aliviar um bocadinho esta dificuldade dos artistas.
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