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Diamantina Rodrigues: “Adorava entrar na igreja de branco”

Aos 34 anos, a apresentadora de ‘Portugal Sem Fronteiras’ fala dos seus projectos: a televisão, o fado e a vontade de constituir uma família

10 de abril de 2010 às 10:30

Aos 34 anos, a apresentadora de ‘Portugal Sem Fronteiras' fala dos seus projectos: a televisão, o fado e a vontade de constituir uma família.

- Vamos começar pelo início. Como é que começou a sua ligação à televisão?

- Desde pequena que tenho um fascínio muito grande pela televisão. Era daquelas miúdas que imitavam as locutoras do telejornal à frente do espelho. Entretanto, há cerca de quatro anos, a RTP abriu um casting para novos apresentadores e eu pensei que era uma boa oportunidade para tentar. Confesso que desde o início achei que não ia ficar, porque já tinha 30 anos e pensei que eles iam querer alguém mais novo e que viesse da área da Comunicação Social. Eu sou licenciada em Matemática, que não tem nada a ver. Acabei por ficar.

- Era mesmo um sonho antigo?

- Era um sonho escondido, porque era uma miúda tímida e não gostava de ser o centro das atenções. Achava que essa profissão era demasiado exposta. Quando comecei a ter alguma maturidade de raciocínio achei que, se calhar, não era o caminho mais certo e acabei por seguir uma profissão mais discreta.

- Antes disso o que é que fazia?

- Licenciei-me em Ensino de Matemática e dei aulas durante cerca de oito anos.

- Foi complicado abdicar de tudo?

- Na altura em que abdiquei foi complicado, porque me tinha efectivado precisamente nesse ano. Mas foi naquela fase da vida em que precisamos de tentar. Era naquela altura ou nunca. Não ia viver toda a vida com a mágoa de não ter tentado. Não sabia se ia resultar mas, pelo menos, tentei.

- Sente saudades de ser professora?

- Tenho muitas saudades de ensinar mas não tenho saudades do sistema de ensino. Tenho saudades da sala de aulas mas não da escola.

- É notória uma crítica ao ensino...

- É verdade, o ensino, actualmente, está muito burocrático, há demasiados papéis e muito facilitismo. As crianças são cada vez mais tratadas como se não tivessem capacidades e vivessem com uma série de problemas - e isso não é verdade.

- Está há ano e meio a apresentar ‘Portugal Sem Fronteiras'. Que balanço faz?

- Faço um balanço muito positivo. É um programa muito dirigido à emigração, e isso é muito engraçado porque sempre tive um carinho especial pelos emigrantes, apesar de nunca ter tido família nessa situação. São muito corajosos, eu não seria capaz de emigrar. Muitos deles tinham a 4ª classe, falavam mal português, e ainda iam aprender outra língua. Conseguirammesmo vencer, criar os filhos e dar-lhes um curso superior.

- Todos os programas que integrou, apresentou-os em parceria. Gostava, aliás, de ter um programa sozinha?

- Há programas que se adaptam mais a duplas e há outros que não. Se me agradasse o formato, gostava de ter um programa meu. Mas deu-me muita segurança ter alguém ao meu lado quando estava a começar.

- Há algum colega com quem fizesse questão de trabalhar?

- Já trabalhei com todos da RTP. Gosto muito do Malato... Aquele registo dele é muito interessante. Mas não tenho problemas relacionais e não me faria confusão trabalhar com ninguém.

- Já sente necessidade de abraçar um outro desafio?

- Sim. Como em qualquer profissão, acabamos por ter um plano de trabalho que é muito idêntico e queremos sempre ter um desafio novo. Não é que esteja cansada do formato mas é bom ter outras coisas, nem que seja pelo meio.

- Ser apresentadora tem correspondido às suas expectativas?

- Ainda não sou reconhecida na rua, que poderia ser o que me incomodaria mais. Por isso, por agora, tem correspondido. Faço aquilo de que gosto, estou na caixinha-mágica e divirto-me a ver os programas.

- Ainda fica nervosa antes dos directos?

- Fico. Quando isso não acontecer é mau, porque é sinal de que não há responsabilidade.

- Como é que começou, por outro lado, a sua ligação ao fado?

- Também já vem de miúda. Eu sempre gostei de fado, e o meu pai tinha uma colecção de discos gigante em casa. Até que surgiu a oportunidade de cantar música ligeira. Durante dez anos, corri o País inteiro. A dada altura, deixei de me identificar com o tipo de música, estava a tirar o curso e desisti de cantar. Mas, um dia, um empresário pediu-me que cantasse fado num espectáculo no Monte da Caparica. A partir daí surgiram convites para cantar.

- Gravou algum disco?

- Sim, cantava há cerca de um ano. Hoje penso que talvez tenha sido um erro ter gravado logo quando comecei. Quando o ouço, penso que se o tivesse gravado agora já não tinha nada a ver. São experiências e fases. Pelo menos é um registo que tenho para o resto da vida.

- Frequentou um curso de Jornalismo no Cenjor. Gostava de trabalhar na Comunicação Social?

- Não acabei o curso porque coincidiu com o programa ‘Verão Total'. Mas gostava, sim. Penso que escolhi tudo errado na minha vida e agora ando a tentar contornar as coisas. Esse era um caminho que já devia ter feito mas, por aquele tal medo, timidez e insegurança, acabei por julgar que não era uma profissão para mim.

- Longe da TV e dos palcos, como é a Diamantina?

- Tenho um ar muito extrovertido, todavia continuo a ser muito reservada, sem gostar de ter muita gente a olhar para mim. Gosto de ler, ver televisão e cinema.

- Quais os defeitos e as qualidades?

- Sou uma pessimista compulsiva. É a coisa que mais odeio em mim. Para mim, tudo correrá mal até prova em contrário, o que, às vezes, até acaba por ser uma coisa boa porque tenho surpresas fantásticas. As qualidades... Considero que sou uma boa pessoa, gosto de ajudar os outros e ver todos felizes à minha volta.

- O que é que mais lhe agrada fazer nos seus tempos livres?

- Gosto de fazer tantas coisas!... Gosto de ir ao cinema e namorar.

- Tem namorado?

- Sou pseudo-casada, ou seja, vivo junta. Chama-se Nuno Pedroso e não é da televisão.

- Gostava de casar-se?

- Não é uma coisa em que pense muito. As coisas foram acontecendo de forma natural. Penso que quando se tem filhos o casamento passa a ser mais importante. E é claro que adorava a ‘cena' do vestido branco na igreja. Gostava mesmo. É um dia muito bonito, em que se reúne a família toda. Sou crente, acredito em Deus, mas não penso que seja o casamento que faz a felicidade do casal. Creio que há alguém que olha por nós, mas também julgo que esse alguém é bom o suficiente para não me penalizar por não me ter casado.

- Ter filhos é um projecto?

- É, mas nesta fase é muito complicado. Estou a começar uma carreira que não sei que rumo vai tomar. Claro que não penso num filho como uma ‘coisa' que atrapalha - mas pode condicionar um bocadinho. Estou a tentar esperar. Procuro a estabilidade. O meu trabalho é relativamente incerto e fico com medo de pensar que esta pode não ser a hora, que não vou ter tempo de acompanhar o filho como deve ser. Tenho pena de que a Natureza tenha feito um relógio biológico tão curto. Começa a haver pressão sobre mim.

- Nasceu em Peso da Régua. Costuma ir lá com frequência?

- Com nove meses, vim morar para o Seixal. Na adolescência, ia lá todos os verões, porque tinha lá família. Mas agora já só tenho uma tia e já não vou lá com muita frequência.

- Como é que foi a sua infância?

- Foi muito feliz. Eu ainda fui uma criança de rua. Saltei muito ao elástico, joguei às escondidas e à apanhada. Vivia num sítio onde havia muitas crianças e era seguro. Foi uma infância com muita brincadeira.

- Ainda hoje é uma mulher com muitos amigos?

- Acabei por perder algumas relações por ter ido estudar para Leiria. Fiz lá novas amizades na juventude mas a verdade é que estava deslocada da minha terra e quando o curso acabou os contactos foram-se perdendo. Quando voltei ao Seixal, os meus amigos também já tinham retomado as suas vidas. Com 24, 25 anos, já não é fácil retomar um grande grupo de amigos. Agora tenho um grupo restrito mas que são uns queridos.

- É preocupada com a sua imagem?

- Nada mesmo. Devia ser mais. Nuns dias penso que até sou engraçada, noutros digo ‘Oh, meu Deus'.

- Quais é que são os seus próximos projectos?

- Eu não tenho projectos. Estou à espera que os projectem por mim. O que eu mais queria é continuar na televisão.

- É reconhecida na rua?

- Não sou muito reconhecida. Noto que quando vou cantar a zonas do interior do País me conhecem, mas nos grandes centros não.

- É feliz?

- Tenho os meus bons momentos de felicidade. Julgo que quem diz que é totalmente feliz está a mentir. Todos nós pensamos que deveríamos ter feito outras coisas, deveríamos ter seguido outros caminhos... E isso deixa-nos um bocadinho nostálgicos.

INTIMIDADES

- Quem gostaria de convidar para um jantar a dois?

- O meu namorado, é a melhor companhia para um jantar.

- Não consigo resistir a...

- ... chocolates, são a minha perdição. Mas, infelizmente, não como muitos, porque tenho de ter os cuidados mínimos com a imagem por aparecer na televisão.

- Se pudesse, o que mudava em si no corpo e no feitio?

- No feitio, passava a ser uma pessoa optimista. No corpo, tirava aquelas gordurinhas que começam a aparecer aos 34/35 anos.

- Sinto-me melhor quando...

- ... estou no meio de pessoas boas.

- O que não suporta mesmo no sexo oposto?

- Não suporto a falta de pontualidade, fico doente, e a falta de honestidade também.

- Qual é, de facto, o seu pequeno crime diário?

- Não cometo crimes diários...

- O que seria mesmo capaz de fazer por amor?

- Fui morar para Setúbal.

- Complete: ‘A minha vida é...

- ... um verdadeiro quebra-cabeças'. Tenho sempre que tomar muitas decisões.

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