A edição de hoje
Filha de Gilberto Gil morreu aos 50 anos, vítima de cancro.
Dizia que “nada na vida lhe tinha sido dado, a não ser o amor dos seus pais” (“o resto tive de correr atrás”); reconhecia que era uma artista de rutura por fugir ao padrão de beleza habitual ("gordinha e negra"); admitia ser bissexual e dizia que o “ser negra” sempre foi um “motivo de alegria e nunca de tristeza”. Preta Gil, filha de Gilberto Gil, morreu aos 50 anos, vítima de cancro no intestino contra o qual lutava há dois anos. Morreu nos EUA, onde fazia tratamentos experimentais desde maio. Deveria regressar ao Brasil no próximo mês de Agosto, mas não resistiu à doença.
Preta Gil, já tinha sido operada por várias vezes e era, sem qualquer complexo, que assumia as suas cicatrizes. “Uso biquíni e mostro. Não cuidei do meu corpo a vida inteira. Foi ele que cuidou de mim. Tenho gratidão por ele ter suportado, em um ano, mais de 12 procedimentos e cirurgias”, dizia em março de 2024. Nascida no Rio de Janeiro, a 8 de agosto de 1974, era sobrinha do cantor Caetano Veloso. “Pretinha se foi aos 50. Choro desde que soube. Ela era uma das pessoas mais queridas para mim, desde criancinha...Muito difícil aguentar. Penso em Gil. Penso em todos. Nem consigo dizer o que sinto”, escrevia ontem Caetano Veloso.
Depois de criar videoclipes para cantoras como Ivete Sangalo e Ana Carolina, Preta investiu na sua carreira como cantora em 2002, tendo lançado o seu disco de estreia ‘Prêt-à Porter’ no ano seguinte. Com esse disco causou polémica por surgir nua na capa do álbum. Ao vivo, transformou o palco numa trincheira de resistência, pela luta das mulheres e pelo preconceito. Dançar, cantar, ocupar a rua, o palco e o corpo eram as suas grandes palavras de ordem.
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