Escritora faz a revelação na sua última crónica, agora publicada.
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Enquanto se aguardam os resultados da autópsia de Clara Pinto Correia, que foi encontrada morta, aos 65 anos, na sua casa de Estremoz nesta segunda-feira, procuram-se indícios que possam explicar o fim prematuro da bióloga, professora universitária e escritora para sempre associada ao seu primeiro grande êxito literário – ‘Adeus, Princesa’, que inspirou ao realizador Jorge Paixão da Costa o filme homónimo (1992).
Sem sinais de violência evidentes, e afastado o cenário de crime, um dos cenários em cima da mesa é a possível repetição do episódio de AVC (Acidente Vascular Cerebral) que sofreu “no fim do verão”. Numa crónica publicada em novembro no diário digital ‘Página Um’, Clara Pinto Correia escrevia que “por sorte”, teve o AVC “mesmo em frente da amiga da Meia-Praia”. “Arrancou-me da cama ao meio-dia estranhando tanto silêncio, tentou dar-me café e eu deixei logo cair a chávena que se partiu sonoramente no chão de azulejo e me manchou toda, e pronto. Tive a sorte de estar sozinha com uma mulher forte e determinada, que não se deixa impressionar facilmente e que não perde tempo a entrar em ação”, contou. Levada para Lagos – e daí para Portimão –, demorou “dois dias a recomeçar a falar e a conseguir andar”. No mesmo texto, refletia, de forma quase premonitória: “Horroriza-me pensar que aquilo me podia ter dado sem ninguém notar. Este tipo de acidente é um assaltante extremamente dissimulado. Se me desse à noite em casa, o Sebastião [o cão] pensaria que eu estava a dormir e não daria nenhum alarme”.
Quando foi encontrada pela empregada, o corpo de Clara Pinto Correia – agora no Instituto de Medicina Legal de Évora – dava sinais de que estaria já morta há vários dias.
Clara Pinto Correia tinha-se retirado para Estremoz há cinco anos, onde vivia num estado de semi-reclusão, com o cão Sebastião, um rafeiro alentejano entretanto já recolhido por um dos amigos da escritora. Vivia com apoio social: uma instituição local levava-lhe as refeições a casa. Continuava a escrever crónicas e a publicar livros (o último, ‘Antares’, saiu em junho de 2024, pela Editora Exclamação). Numa das suas crónicas (também publicada no ‘Página Um’), relatou um episódio aterrador: afirmou ter sido violada repetidamente por “um janado”. A irmã, Margarida Pinto Correia, reagiu à morte da familiar publicando uma fotografia em que esta aparece no auge da beleza, feliz. “Assim”, escreveu Margarida na legenda. Como que indicando que é desta forma que tenciona recordar a irmã.
Em Estremoz, os vizinhos estão consternados com o desaparecimento da escritora que já tinha sido adotada pelos filhos da terra. “Ao princípio ela não conhecia aqui ninguém, mas depois começou a ter uma ligação comigo”, conta Maria Fonseca. “Eu trazia-lhe ovinhos para ela comer, e ela achava graça. Até contou às irmãs”, recorda. “Na segunda-feira, não vi luz em casa o dia todo, mas também não ouvi o cão a ladrar. Outras pessoas sim, dizem que o ouviram, e que o ladrar era diferente...”
Alex Melo, proprietário do café onde Clara Pinto Correia ia “beber o seu cafézinho”, diz que vai fazer muita falta. “Falávamos de tudo: das crónicas dela, dos livros, da vida. Era uma pessoa fora de série, carinhosa, que te acolhia.”
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