Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa têm como missão integrar a população com mais de 65 anos, através de ações de cidadania participativa para aumentar a autonomia e independência.
06 de fevereiro de 2020 às 14:371 / 7
As estruturas residenciais na área social criadas (ou a criar no futuro) pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa pretendem dar respostas mais adequadas aos mais velhos, mas também integrar os mais novos nesta missão.
É com essa visão que as Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) da Santa Casa estão a ser concebidas.
O objetivo é dar resposta a novos paradigmas nesta área, nomeadamente à capacidade de integração da população com mais de 65 anos, na senda da longevidade, promovendo ações de cidadania participativa com vista a maiores índices de autonomia e independência.
A criação deste tipo de equipamentos aposta em soluções inovadoras que promovam uma melhoria da qualidade de vida e de bem-estar da população sénior, impulsionando também a prestação de cuidados qualificados.
As ERPI são, assim, uma resposta social destinada a pessoas idosas, que pode ser de utilização temporária ou permanente, e em que são desenvolvidas várias atividades de apoio social e prestados cuidados de enfermagem.
A opção pela designação ‘Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas’ decorre do normativo em vigor, que optou por deixar de utilizar as nomenclaturas ‘Lar de Idosos’ e ‘Residência Assistida’, por se considerar que não reflectiam a totalidade dos projetos.
Por isso, e segundo a legislação em vigor, as ERPI podem assumir as modalidades de apartamento e ou moradia; quartos ou tipologia conjunta, onde os idosos são diariamente acompanhados mas onde acima de tudo importa promover a manutenção das suas capacidades motoras e cognitivas e o seu bem-estar emocional e social.
Bom exemplo
Um bom exemplo destas estruturas é a Quinta Alegre, na Charneca do Lumiar, que desde a sua inauguração tornou-se um dos mais emblemáticos projetos da instituição estruturado sobre o princípio da vivência intergeracional e da mobilidade.
Além de oferecer várias atividades aos seus utentes, a estrutura residencial da Quinta Alegre está paredes-meias com uma creche. Entre ambas as instituições alimenta-se a interação geracional, que coloca muitas vezes os idosos em contacto direto com as crianças e o seu universo, para que ambas as gerações saiam a ganhar.
Esta ERPI está integrada no Palácio Marquês do Alegrete, que para albergar a residência foi alvo de um projeto singular, de intervenção, em três fases, e que integrou a reabilitação, a recuperação do Palácio e do Jardim Romântico.
Ainda recentemente, esta ERPI da SCML acolheu numa tarde dedicada às ‘Óperas Pintadas’, um projeto musical inspirado nas obras de Paula Rego e interpretado pela cantora lírica Teresa Neta, no qual se contam as histórias de cada pintura e de cada ópera. O projeto foi apresentado no jardim da ERPI, com a participação do maestro e pianista João Paulo Santos, comprovando assim o caráter distintivo destas novas ‘casas para os avós’
Resposta permite proporcionar descanso ao cuidador
- A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem atualmente oito unidades de ERPI com capacidade para 326 pessoas. A quem se dirige prioritariamente esta resposta?
- A SCML dá prioridade na admissão nas suas estruturas de administração direta a pessoas idosas isoladas e com maior índice de vulnerabilidade. Nas estruturas residenciais temporárias, o acolhimento é feito por períodos até três meses, sendo também objetivo da resposta proporcionar descanso ao cuidador, de modo a prevenir a sua sobrecarga e desgaste, aspeto de extrema relevância na permanência da pessoa idosa e (ou) dependente no seu meio natural de vida. Num ano, em regime temporário, acolhe-se cerca de 130 pessoas.
- Existem ainda seis residências assistidas com capacidade para 150 pessoas. Aqui são acolhidos utentes com outro tipo de necessidades mais específicas. Como funcionam?
- Esta resposta social é assegurada em apartamentos e/ou moradias com quartos individuais ou duplos e espaços de utilização comum e destina-se a pessoas com 65 e mais anos com autonomia para tomar decisões, garantindo a SCML suporte institucional e apoio na integração na comunidade local.
Portugal está à frente na longevidade
Na atualidade, Lisboa é uma das capitais da União Europeia com maior índice de longevidade e prevê-se que, em 2050, Portugal seja o terceiro País do Mundo com mais habitantes no grupo etário com mais de 65 anos (representando 40,8%).
Numa análise prospectiva a 2026 evidencia-se uma alteração demográfica significativa para a cidade de Lisboa, tendo como referência a população com 65 ou mais anos.
Assim, das 131 147 pessoas deste grupo populacional, recenseadas em 2011, prevê-se um acréscimo de 21% no conjunto das 24 freguesias, o que significará 159 006 pessoas já no ano de 2026.
As freguesias que terão um maior crescimento da população com 65 ou mais anos (2011-2026) são: Carnide, Lumiar, Marvila, Olivais, Santa Clara e São Domingos de Benfica.
Segundo as mesmas projeções demográficas, em 2026, e tendo em conta a capacidade em ERPI e em Serviço de Apoio Domiciliário (respetivamente 4,5% e 5,3%), ponderadas para a população 75+, mantendo-se o mesmo nível de resposta, o concelho de Lisboa terá em falta em ERPI 997 lugares e em Serviço de Apoio Domiciliário 1186 lugares.
Apesar da imprevisibilidade futura, a tendência será viver mais tempo e com melhor saúde, o que implica uma aposta de fundo em políticas públicas e em programas que promovam a longevidade de forma diferenciada e/ou atenta às necessidades e às capacidades de autonomia e de participação de cada cidadão.
O Índice de Dependência está a crescer e traz alterações à esfera social e económica, exigindo uma reflexão sobre a organização da população.
No âmbito da sua missão, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa desenvolve um importante trabalho no apoio social à terceira idade. Na capital, além de assegurar a gestão de 15 lares, presta apoio domiciliário a cerca de 2300 utentes, residência assistida e temporária a centenas de pessoas, dinamiza centros de dia e disponibiliza um serviço de teleassistência a funcionar 24 horas. No total são mais de 8500 idosos acompanhados pela Misericórdia de Lisboa nestas respostas.
Apoio continuado ajuda utentes e os seus familiares
O Programa Idosos em Lar (Pilar) da Santa Casa tem como principal objetivo garantir um apoio continuado a todas as pessoas a residir em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (privadas ou IPSS), cuja intervenção é da competência da SCML, assegurando que lhe são disponibilizados serviços e cuidados de qualidade.
A dispersão geográfica das ERPI, algumas das quais a mais de 150 km de Lisboa, obriga a um grande esforço de organização e planeamento para manter o acompanhamento dos utentes por parte dos técnicos e das ajudantes familiares.