Em causa está um incidente registado no dia do arranque do julgamento que envolve dirigentes da IURD.
O advogado angolano David Mendes disse esta quinta-feira que moveu um processo-crime contra o ex-líder da IURD em Angola, Honorilton Gonçalves, que deu entrada quarta-feira, devendo a polícia competente pronunciar-se nos próximos tempos.
Em causa está um incidente registado no dia do arranque do julgamento que envolve elementos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola, cuja terceira sessão decorreu esta quinta-feira no Tribunal Provincial de Luanda ("Palácio Dona Ana Joaquina"), no qual o advogado de acusação acusou o arguido de o ter ofendido, situação que reportou ao tribunal, tendo o juiz aconselhado que caso achasse conveniente apresentasse queixa à polícia.
Naquele dia, em declarações à imprensa, o advogado chegou a afirmar que o arguido "teve sorte, porque fugiu", senão poderia ter-lhe dado "uma bofetada" na hora, garantindo que iria abrir um processo contra o bispo, alegando que este não pode ofender as pessoas.
"Não é porque é brasileiro que chega aqui e pode fazer o que quer. Chamou-me de criminoso", disse, frisando que este é um comportamento de "falsos profetas".
Em sua defesa, o arguido, em declarações à Lusa, disse que tinha havido um mal-entendido, porque o que disse ao advogado é que não era um criminoso, quando o foi cumprimentar.
No processo são também arguidos o bispo angolano António Miguel Ferraz, o pastor brasileiro Fernando Teixeira, e o angolano Belo Kifua Miguel.
O ex-líder espiritual da IURD optou esta quinta-feira por não responder a nenhuma das questões do advogado de acusação David Mendes.
Na terceira sessão da audiência de julgamento do processo que envolve bispos e pastores da IURD acusados dos crimes de associação criminosa, branqueamento de capitais e violência doméstica, o tribunal continuou a ouvir o bispo brasileiro Honorilton Gonçalves, na altura dos alegados crimes líder espiritual da igreja.
A sessão, que durou nove horas, com 30 minutos de intervalo, foi suspensa quando o arguido manifestou cansaço, depois de responder a questões colocadas pelo tribunal, Ministério Público e assistentes de acusação.
Durante a sessão de julgamento, que começou no dia 18 deste mês, o arguido chegou a manifestar ao tribunal algum desconforto pelo facto de o advogado David Mendes estar a "abanar a cabeça, reprovando e rindo-se" das suas respostas, o que argumentou estar a atrapalhá-lo quando respondia a questões do Ministério Público.
Em resposta, David Mendes sugeriu que deixasse de olhar para si e se concentrasse no juiz, tendo este sugerido ao arguido para que sentasse mais para o lado da defesa para evitar o contacto visual.
Depois do Ministério Público, passada a palavra aos assistentes de acusação, Honorilton Gonçalves entendeu não responder a nenhuma das questões colocadas pelo advogado David Mendes, que trouxe para a sala de julgamento duas provas para juntar nos autos, nomeadamente um documento para que o arguido reconhecesse a sua assinatura e um áudio em que supostamente dava instruções sobre o processo de vasectomia.
Sobre este procedimento cirúrgico foram colocadas várias questões, quer na instância do tribunal, quer do Ministério Público e assistentes, tendo o arguido dito que durante o seu mandato de pouco mais de um ano nunca foi de seu conhecimento que tivesse sido feito por algum pastor ou bispo.
Esta foi, aliás, a maioria das respostas que deu em tribunal, o que levou a uma advertência do juiz para que alterasse a sua atitude, por estar a tornar a audiência num "ambiente cómico".
Relativamente a esta prova do áudio, a defesa considerou-a ilícita, questionando o modo como ela foi gravada, se com a autorização ou não, e da garantia de que se trata do arguido, tendo em conta os vários programas disponíveis para editar sons.
O juiz presidente da sessão, Tutti António, relegou para a próxima sessão, marcada para o dia 09 de dezembro, que prossegue ainda com a audição de Honorilton Gonçalves, a admissão ou não desta prova, depois de analisada com as partes envolvidas antes do início da audiência.
Em declarações à imprensa, David Mendes disse acreditar que as provas trazidas por si vão mudar o curso dos argumentos apresentados até agora pelo arguido, "porque ele vinha com uma linha de que não fez nada, que não estava à frente da igreja".
"Mas começou a ficar claro a partir do momento que apresentei provas que foram assinadas pelo senhor Honorilton Gonçalves e por outro lado também temos áudios em que ele dá instruções para se fazer vasectomia, então as coisas começam a mudar", disse.
"A partir do momento que eu requeri a junção de documentos ele entrou em stress", disse, salientando também: "Ele repetiu várias vezes nesse tribunal que a Igreja Universal de Angola nada tem a ver com o Brasil, é uma igreja autónoma, é uma igreja que depende dos angolanos, então fica aqui bem claro, aquilo que muita gente dizia que a IURD era do Brasil e o líder espiritual que vem e diz que não é verdade, então dá outra dimensão", acrescentou.
No que se refere ao facto de não ter respondido a nenhuma das suas questões, o causídico considerou normal, por fazer parte da estratégia da defesa, porque sabia que o seu constituinte poderia ser encurralado, "como acabou de acontecer".
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.