Nasceu como estrela, casou quatro vezes, foi considerada a primeira sex symbol a sério da França, e passou de mulher mais amada a quase odiada, por causa das suas posições políticas.
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Quantas vidas temos dentro, sobretudo se pertencemos à imaginação do público desde jovens? Quando Brigitte Bardot nasceu como estrela, já tinha dentro de si uma estrela. Em criança queria ser bailarina, aos 15 foi modelo e logo quase estrela de cinema. Viria a sê-lo, mas ainda não então. Era o pós-guerra, tudo andava um bocado baralhado; era a França, onde tudo continua um bocado baralhado, umas vezes para o bem, outras para o mal. Conheceu então o que seria o primeiro marido, Roger Vadim, na altura os pais não gostaram (eu não gostaria), mas quando fez 18 casaram mesmo, e aí os pais já nada puderam dizer. Fosse hoje e as revistas andariam sem mãos a medir. Vadim teve o seu quinhão de mulheres famosas (ou a quem tornou famosas), Bardot teve o seu quinhão de namorados ou maridos famosos. Ou muito ricos, que (pensando bem) é ainda melhor que ser famoso. Casou quatro vezes.
Chamo-lhe Bardot, e não Brigitte, por hábito. Geralmente o apelido distancia, neste caso aproxima. Para muitos, ela será sempre “a Bardot”. Ou, à portuguesa, “a Bardô”. É carinho. Até porque Brigittes há muitas, Bardot há só uma. Ainda hoje, que de mulher mais amada e desejada da França passou a quase odiada, por causa das suas posições políticas (Maria Vieira é uma menina, comparada com ela), continua a ser “a Bardot” ou “a Bardô”.
Bardot foi considerada a primeira sex symbol a sério da França e isso devia-se tanto às suas curvas e à sua expressão divertidamente impudica quanto aos papéis que lhe davam. Era perturbadoramente linda. Mas também tinha boa cabeça para o negócio. Marilyn Monroe cantou que ‘os diamantes são o melhor amigo de uma rapariga’, Bardot pôs bem cedo isso em prática, tornando-se financeiramente autónoma. Verdade que não nasceu em berço de palha, antes pelo contrário. Pouco saiu à rua durante os anos da Ocupação Alemã, mas um apartamento de sete assoalhadas não é propriamente uma manjedoura, tampouco um sótão. Talvez isso explique muito. Pela minha experiência, gente que vem do nada sabe defender-se, mas gente que vem do tudo ainda se sabe defender melhor. A seguir ao seu primeiro divórcio, aos 24 anos, adquiriu uma bela propriedade do século XVI, e logo em Cannes, capital do mais charmoso festival de cinema do mundo.
Vários dos filmes em que entrou são lendários e ainda hoje vistos. E debatidos. E comentados. É uma condição estranha, a do cinema, sobretudo com estrelas que animaram muita fantasia erótica. Desdobram-se em duas pessoas, sendo que só uma fica eternamente jovem.
Só faz o que quer
Um dia Bardot deixou de ser bonita. Mulheres há, muitas, que envelhecem cheias de charme. Não parece ter sido o caso. Mas não ligou. Greta Garbo escondeu-se décadas a fio, para as marcas do tempo não estragarem a ‘imagem de bela’ dos filmes em que entrou. Bardot, maravilhosamente francesa, está-se nas tintas para isso. E nem perto dos 90 se coíbe de expor as suas opiniões fortes. E não há defensora mais acérrima dos direitos dos animais.
Sempre nos seus termos
Antes de fazer 40 anos decidiu pôr termo à sua carreira no cinema. Parece cedo, mas é importante ver que começou cedo e trabalhou com os grandes realizadores da época. Até num filme do complicado Godard entrou, ‘O Desprezo’. E chegou a Hollywood, em 1965, num filme adequadamente intitulado ‘Querida Brigitte’, onde dava a volta à cabeça a um compostinho James Stewart.
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