Informação foi avançada por técnicos de empresa de produção de eletricidade e água ao primeiro-ministro do país.
A Electra, empresa estatal cabo-verdiana de produção de eletricidade e água, instalou cerca dois mil contadores inteligentes para combater as perdas e roubos de energia, que representam mais de um quarto da produção total, avançou esta quinta-feira a empresa.
As informações foram avançadas por técnicos da empresa ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, que efetuou uma visita à Unidade de Serviços de Combate a Perdas e Dívidas e ao Centro de Controlo de Medições de Contadores da Electra, na cidade da Praia.
Os contadores inteligentes vão permitir aos consumidores/clientes acompanhar diariamente o seu consumo, tendo já sido instalados cerca de 2.000 em grandes consumidores da região Sul do país, que representam quase de 50% de faturação da empresa.
O projeto foi financiado pelo Banco Mundial, em 300 mil euros, mas o objetivo é a sua massificação nas casas das pessoas, nas empresas e nos serviços, podendo também chegar à iluminação pública.
"Tecnologicamente, a Electra está a fazer um bom investimento, para permitir a redução de perdas no fornecimento de energia, é muito importante, porque com perdas elevadas atualmente que estão à volta de 26%, cria fortes entraves para baixar as tarifas, quer dizer que há muito produção que não é cobrada", frisou o primeiro-ministro.
Para o chefe do Governo, a introdução desses contadores controlados remotamente vai beneficiar não só o produtor, no caso a Electra, mas também os consumidores/os clientes, e representa "um grande investimento na eficiência energética".
"Estamos cientes que com a massificação do contador inteligente não vai haver divergências entre aquilo que é a contagem da Electra e o consumo que as pessoas têm, facilita toda a gestão e estamos em crer que estão num bom caminho e agora é massificar para poder haver um melhor controlo das perdas", entendeu.
Com a instalação dos contadores que podem ser controlados remotamente através de uma sala na sede da Electra, os técnicos da empresa explicaram ao primeiro-ministro que querem passar a mensagem que "o jogo já acabou" para os prevaricadores.
"Tem que haver uma consciência coletiva que roubar energia é prejudicarmos uns aos outros, quando se reclamam que as tarifas são elevadas, que aumentam, isso significa que há muita produção e muito consumo que está fora de cobrança, quer dizer que aqueles que estão dentro do sistema pagam por aqueles que arranjam formas de fugir ao pagamento", salientou Correia e Silva, sublinhando que quem rouba energia não são somente as pessoas mais carentes e mais pobres, mas também há empresas e estabelecimentos organizados.
"Tem de ser feito este trabalho porque é em benefício comum e no sentido também de termos mais eficiência e conseguirmos níveis que possam conseguir fazer baixar as tarifas de energia em Cabo Verde", apelou.
Segundo dados do último relatório do grupo (que integra a Electra SA, Electra Norte e Electra Sul), as perdas de eletricidade globais, incluindo situações técnicas e não técnicas, como ligações ilegais, atingiram os 109,353 Gigawatt-hora (GWh) em 2020, representando 26,1% da produção total, face aos 24,8% em 2019.
"Regista-se uma redução dos níveis de perdas de eletricidade nas ilhas Santo Antão, São Nicolau, Maio e Fogo, enquanto que nas restantes ilhas regista-se um agravamento dos níveis de perdas. Com as medidas restritivas impostas pela pandemia, nomeadamente com a declaração do estado de emergência, verificou-se o recrudescimento de situações de furto e fraude de eletricidade, com incidência muito acentuada na ilha de Santiago, que representa 55% da produção da Electra a nível nacional", lê-se no relatório e contas de 2020.
A empresa -- que o Governo pretende privatizar na componente da produção e distribuição de eletricidade - reconhece um aumento de 0,7 pontos percentuais (de 35,6% para 36,3%) nas perdas gerais na ilha de Santiago, "indicando uma reversão da tendência do ano anterior, com repercussão negativa a nível do país e contrariando um dos grandes objetivos da empresa quanto ao combate às perdas de eletricidade".
"Os níveis de perdas e dívidas de clientes continuam a constituir dos principais constrangimentos da empresa, que deste modo se vê privada de importantes recursos. No período em apreço registou-se um aumento de 1,3 pontos percentuais das perdas globais de eletricidade", lê-se na mensagem no relatório e contas do então presidente do conselho de administração, Alcindo da Cruz Mota, agora secretário de Estado das Finanças.
O peso de 26,1% de energia dada como perdida, não sendo faturada, em 2020, é assim superior também aos 25,5% em 2018.
"O combate às perdas, aliado à redução da carteira de clientes, continua a ser uma das grandes prioridades da empresa. Neste âmbito, foram realizadas várias intervenções, com ênfase na cidade da Praia", disse o administrador.
"No entanto, os resultados atingidos continuam longe do necessário para reverter o atual quadro, pelo que este tema continuará a merecer uma atenção especial nos próximos tempos, requerendo um amplo engajamento de vários 'stakeholders', visando, além das penalizações previstas nos termos da Lei, a criação de forte dinâmica de reprovação social aos atos de furto e fraude de eletricidade", acrescentou.
No relatório, a empresa acrescenta que na sequência das ações de inspeção, foram confirmadas 6.792 situações de furto/fraude de energia, entre último trimestre de 2017 e o quarto trimestre de 2020, sendo 647 referentes aos últimos quatro meses de 2017, 1.624 em 2018, 1.778 em 2019 e 2.746 durante o ano passado.
A Electra produziu em 2020 mais de 419,2 GWh, sendo 83,2% de origem térmica, 15,2% eólica e 1,6% solar, representando uma diminuição global de 24,4 GWh (-5,5%) em relação a 2019.
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