Chuvas no bairro da Boa Vista desalojaram cerca de 250 famílias esta quarta-feira.
O primeiro-ministro de Cabo Verde reconheceu esta sexta-feira os "problemas de fundo" nos bairros de barracas no país, com destaque para a Boa Vista, onde chuvas desalojaram cerca de 250 famílias, e prometeu uma "resposta estrutural" para resolver o problema.
Questionado sobre os apoios à ilha da c, onde as chuvas que caíram na quarta-feira desalojaram cerca de 250 agregados familiares, Ulisses Coreia e Silva disse que o Governo está a avaliar, lembrando que estas situações acontecem em períodos de chuvas.
"Temos bairros com problemas, não é só na Boa Vista, mas um pouco por todo o Cabo Verde e há situações em que o Estado, e nós enquanto Governo, tem que intervir para apoiar lá onde é necessário", garantiu.
O governante sublinhou que são "problemas de fundo", em que as pessoas se foram instalando de uma forma informal durante vários anos, gerando aglomerados.
Relativamente ao bairro de Boa Esperança, na Boa Vista, o primeiro-ministro disse que o Governo já fez um "trabalho meritório" de requalificação, urbanização, infraestruturação, que "melhorou significativamente" a situação que existia anteriormente.
"É claro que ainda temos zonas de barracas lá, por isso que esse trabalho é de fazer a deslocalização das barracas para casas que estão em construção para podermos dar uma resposta muito mais estrutural relativamente a esses problemas", apontou.
O chefe do Governo anunciou que nos próximos dias tem agendado uma visita à ilha da Boa Vista, assim como à do Maio.
Na quarta-feira, as chuvas voltaram a cair na Boa Vista após cinco anos de seca, causando muitos estragos e cerca de 250 famílias foram afetadas, em número que poderá chegar a 1.000 pessoas.
Em declaração à Lusa, a vereadora pela área da Ação Social da Câmara Municipal da Boa Vista, Fabienne Oliveira, disse que, apesar de não ter sido com grande intensidade, as chuvas provocaram "muitos estragos" não só no denominado bairro da Barraca, em Sal-Rei, mas em todos os outros povoados da ilha.
A câmara municipal está a prestar assistência aos afetados, distribuindo cestas básicas e lonas paras a cobertura das casas e fazendo drenagem de água, sendo que muitos foram acolhidas por familiares e amigos.
"Mas a câmara municipal entrou no terreno com prontidão para prestar socorro às famílias", prosseguiu, dizendo que ainda é cedo para avançar um valor dos prejuízos.
Reconhecendo ser uma "situação recorrente" no bairro que nasceu de forma espontânea, Fabienne Oliveira disse que uma das formas de ajudar as pessoas é fornecendo materiais e condições para ir construindo as suas próprias casas e estarem mais bem preparadas para futuras chuvas.
"É uma situação muito complicada, mas que não é nova e nem é desconhecida das autoridades locais e nacionais", descreveu a Câmara Municipal da Boa Vista, para quem o problema da habitação e dos efeitos das chuvas na ilha é uma "emergência nacional".
Segundo a autarquia, estas chuvas vieram agravar ainda mais a situação social na ilha da Boa Vista, que é uma das mais turísticas do arquipélago e, por isso, das mais afetadas pela crise provocada pela pandemia de covid-19 e pela ausência do turismo desde março de 2020.
O bairro da Barraca, também conhecido por Boa Esperança, a escassos metros do centro de Sal-Rei, principal localidade da Boavista, abrigava até 2019 entre nove e 10 mil pessoas, boa parte trabalhadores que faziam funcionar a máquina turística da ilha.
Com a pandemia da covid-19, esse número terá diminuído, já que grande parte dessas pessoas regressaram às suas ilhas de origem para fugir da crise.
Na quarta-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) informou que Cabo Verde estava sob influência de uma onda tropical que está a gerar "forte instabilidade", com ocorrência de chuvas, podendo ser acompanhado de trovoadas.
De acordo com a mesma fonte, o sistema iria originar ventos em torno de 60 quilómetros por hora na parte oriental, afetando particularmente as ilhas do Sal e da Boa Vista, com previsão de afetar outras ilhas.
Em 31 de outubro de 2019, a ministra da Habitação cabo-verdiana, Eunice Silva, disse que o realojamento das mais de 600 famílias que vivem em barracas na ilha da Boavista iria começar em novembro, num processo que se prolongava durante todo ano de 2020.
A governante adiantou que boa parte dessas famílias que ocupam o bairro denominado de Barraca iria ser realojada em 270 habitações do programa habitacional "Casa para Todos".
Em setembro de 2019, o Governo cabo-verdiano anunciou a construção de dois lotes de blocos habitacionais na ilha da Boavista, por 2,1 milhões de euros, para diminuir o défice habitacional "crítico" nesta que é uma das ilhas mais turísticas do arquipélago.
Cabo Verde possui um défice habitacional aproximado de 8,7%, em termos de agregados familiares, uma percentagem que equivale a 11.119 agregados familiares sem acesso a habitação.
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