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Marques Mendes diz que "Gouveia e Melo seria um Presidente da instabilidade"

Candidato promete que fará tudo para evitar dissoluções do Parlamento. E diz que o papel do PR não é governar, mas sim influenciar o ritmo da governação e as atividades do Parlamento.

19 de novembro de 2025 às 21:46

Marques Mendes deixou esta quarta-feira, em entrevista à NOW, novas críticas ao seu adversário Gouveia e Melo. Recordando o que o Almirante defendeu em relação a uma dissolução do Parlamento, considerou que seria "um Presidente da instabilidade".

"Há um candidato, Gouveia e Melo, que tem uma ideia que pode conduzir a uma séria instabilidade no País. Ele acha que se um Governo não cumprir uma promessa eleitoral que ele considere grave e importante, isso pode ser motivo de dissolução do Parlamento. Isto é gravíssimo. Não cumprir uma promessa eleitoral é mau, é péssimo. E um governo que o faça deve ser criticado, até pelo Presidente. Agora não se pode combater o erro com um erro maior. Criar uma crise política é um erro ainda pior. Gouveia e Melo com isto, se fosse eleito, apesar de as sondagens serem cada vez menos boas para ele, seria um Presidente da instabilidade", atirou.

Marques Mendes explicou depois a sua postura em relação a uma possível dissolução ao Parlamento. "Farei tudo para evitar. Acho que a dissolução foi usada muitas vezes, é uma bomba atómica e até me faz confusão quando vejo alguns candidatos adversários falarem vou dissover aqui e acolá. Quando uma pessoa pensa em dissolver é porque já não tem soluções. As crises evitam-se, não se resolvem. Esta é a diferença entre ter experiência política e não ter", defendeu.

Marques Mendes deixou ainda reparos a alguns dos seus adversários que, segundo disse, estão a confundir o papel que um Presidente da República deve ter.

"O Presidente da República não govena, não faz leis, mas pode influenciar o ritmo da governação e as atividades do Parlamento. Mas parece que às vezes alguns candidatos, com ou sem intenção, confudem as coisas e quase se apresentam com propostas executivas. Convém não enganar as pessoas", disse.

Para Marques Mendes, um Presidente da República "deve ter experiência e saber contornar as dificuldades". Mas "não pode enganar os eleitores". "Alguns candidatos tendem a falar mais de questões de governação do que presidenciais. Devemos falar claro para não enganar os eleitores. Dar a sensação que um Presidente da República vai resolver problemas de saúde ou da habitação é enganar os eleitores. Há adversários meus que não estão a favorecer a clareza e o esclarecimento. O Presidente tem sim um grande espaço de manobra sobretudo na capacidade de influenciar a situação", referiu, acrescentando: "Na saúde há problemas sérios, mas o Presidente da República não toma decisões, pode sim influenciar tomadas de decisões. Tal como na habitação. E pode fazê-lo em conversas com o primeiro-ministro ou enviando mensagens ao Parlamento."

Apesar de apoiado pelo PSD, Marques Mendes rejeitou qualquer colagem ao Governo. E voltou a falar daquilo que defende que deve ser o papel de um Presidente da República.

"Sou uma pessoa muito isenta, imparcial, fui sempre assim e não é aos 68 anos que vou mudar. Houve pessoas que estiveram caladas 10 anos, eu emiti opiniões como comentador. Mesmo em relação à minha família política, eu não deixei de criticar quando as coisas corriam mal. Ainda hoje uma ou outra pessoa dentro do PSD não me apoia porque eu o critiquei, ou seja, significa que fui independente", disse.

Para Luís Marques Mendes, um Presidente da República "não tem que ser apoiante do Governo nem opositor do Governo". "Deve ter uma cooperação frutuosa e estratégica com o Governo, seja ele qual for. Não é um apoiante do Governo, mas tem que ser muito firme a chamar a atenção quando as coisas não se resolvem", acrescentou.

O candidato deu como exemplo os comentários que tem feito sobre a revisão laboral. "Na semana passada, quando o ambiente estava tenso, em dias seguidos fiz uma reunião com vários parceiros sociais para perceber o ponto da situação. E depois fiz um apelo grande ao Governo e à UGT para que intensificassem o diálogo. Acho que fiz o apelo certo na hora certa", indicou, recusando emitir opinião sobre o que está em cima da mesa: "Não vou emitir opiniões sobre o anteprojeto. O Presidente da República só emite opinião sobre uma lei aprovada".

Marques Mendes falou depois da revisão laboral, defendendo que é preciso "diálogo e equilíbrio". "Que o Governo queira rever a legislação laboral faz sentido… houve tantas alterações no últimos tempos, com a entrada do teletrabalho, da Inteligência artificial, mas tem que haver um equilíbrio entre as partes. Estou otimista que exista um acordo", anteviu.

E sobre a lei da greve, defendeu que devem existir alterações, sobretudo no que diz respeito ao alargamento de serviços mínimos em algumas áreas: "Acho que a lei da greve tem mesmo que ser alterada. O que tem acontecido em vários sítios é um abuso. O que se passa na CP é um abuso no direito à greve. Temos que respeitar o direito, mas combater o abuso. E em algumas áreas os serviços mínimos vão ter que ser alargados."

O candidato foi depois questionado com um comentário de António José Seguro, terça-feira, em entrevista à NOW, quando disse que é o único candidato com experiência europeia (foi deputado europeu) e que isso no contexto atual o beneficia em relação aos adversários.

"Não vou estar a ser deselegante. A experiência europeia é importante e também a tenho. Mas esta experiência política, governativa, de Conselho de Estado, parlamentar, da constituição é uma experiência que eu tenho e os portugueses farão o seu julgamento. A minha candidatura tem experiência, é independente e tem capacidade de fazer entendimentos. Passei a vida a fazer entendimentos. E esta é que é a parte importante no papel de um Presidente", atirou.

Defendendo que a sua candidatura preza muito "a estabilidade", indicou depois as suas prioridades: "São as questões sociais. Quero um País com maior ambição económica para fazer justiça social. Quero estabilidade, ambição económica e sobretudo um combate à pobreza, que deve ser uma questão de desígnio nacional."

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