Basetsana Thokoane foi apontada nos processos judiciais do escândalo das dívidas ocultas em Moçambique.
A ex-agente de informações do ANC Basetsana Thokoane, no centro do escândalo das dívidas ocultas em Moçambique, foi funcionária do Governo sul-africano após a queda do apartheid em 1994, confirmou hoje à Lusa o executivo da África do Sul.
"Ela trabalhou nessa altura no ministério, mas não se encontra empregada no departamento e, portanto, o ministério não pode comentar sobre as suas atividades ou alegadas atividades", salientou o porta-voz do Ministério das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Clayson Monyela à Lusa.
"Não sei precisar o período em que esteve empregada no ministério porque não estava cá nessa altura", frisou. Todavia, Clayson Monyela confirmou que Basetsana Thokoane foi porta-voz do então vice-ministro das Relações Internacionais e Cooperação sul-africano Aziz Pahad (1999-2008).
Em 2004, foi porta-voz da então ministra das Relações Exteriores, Nkosazana Dlamini-Zuma (1999-2009), igualmente no mandato do ex-Presidente Thabo Mbeki, tendo sido também agente de informações da Agência de Segurança de Estado (SSA, na sigla em inglês) e funcionária do Ministério da Defesa da África do Sul na década de 2000, segundo o portal de notícias sul-africano News24.
De acordo com o portal, Basetsane Thokoane integrou as redes de segurança e informações do ANC antes de 1994, na Tanzânia, tendo sido no exílio que estabeleceu contacto com agentes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), o partido no poder em Moçambique desde 1975.
A ex-funcionária governamental sul-africana foi apontada nos processos judiciais, que correm em Moçambique e nos Estados Unidos, como sendo o "elo de ligação" entre funcionários públicos corruptos moçambicanos e o grupo de estaleiros navais Privinvest, sediado em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, do qual terá recebido mais de 12 milhões de dólares (10,1 milhões de euros) para assistir a empresa no negócio das dívidas ocultas em Moçambique.
De acordo com os documentos, citados pelo portal noticioso sul-africano, Thokoane apresentou a proposta da Privinvest, em 2011, a um alto funcionário da Agência de Segurança de Estado de Moçambique, Cipriano Mutota, através de um encontro facilitado por um outro sul-africano, Joe Mokgokong, e o general Solly Shoke, que foi substituído no cargo de comandante das Forças Armadas da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) no fim de maio deste ano.
Contactada pela Lusa, a SANDF não respondeu até ao momento sobre o alegado envolvimento do alto quadro oficial militar sul-africano nas dívidas ocultas no país vizinho. Todavia, o porta-voz do ministério das Relações Internacionais e Cooperação sul-africano defendeu à Lusa que "não é preocupação" daquele organismo o papel desempenhado pela sua antiga funcionária no maior escândalo de corrupção pública do Governo da Frelimo, em Moçambique, que é aliado do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido no poder na África do Sul desde 1994.
"A pessoa já não é funcionária do ministério, portanto não podemos comentar ou agir contra ela, e no que diz respeito às supostas atividades criminosas, cabe aos órgãos de execução da lei investigarem no âmbito do Ministério Público ou mesmo da SAPS [Polícia da África do Sul]", adiantou o porta-voz ministerial sul-africano.
"É muito estranho para nós, moçambicanos, que o Governo sul-africano não tenha iniciado uma investigação para averiguar o papel dos seus cidadãos, mas também das suas empresas", referiu o investigador Borges Inharrime do Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique, citado pelo News24.
A contração das dívidas ocultas prejudicou o Estado moçambicano em 2,7 mil milhões de dólares (2,28 mil milhões de euros) - valor apontado pelo Ministério Público e superior aos 2,2 milhões de dólares até agora conhecidos no caso - angariados junto de bancos internacionais através de garantias prestadas pelo Governo.
Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo da Frelimo, liderado pelo presidente da República à época, Armando Guebuza, sem o conhecimento do parlamento e do Tribunal Administrativo.
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