Em 2017, os lucros acumulados da banca ultrapassaram os 700 milhões de euros.
1 / 6
Cerca de 2 mil trabalhadores saíram dos principais bancos em 2017, ano em que fecharam pelo menos 269 agências, segundo dados compilados pela Lusa a partir dos resultados referentes a 2017 divulgados pelas instituições.
O Banco BPI e a CGD foram as instituições que mais funcionários reduziram no ano passado: 594 no banco detido pelo espanhol CaixaBank e 547 no banco público.
Do Santander Totta saíram 354 trabalhadores e do Novo Banco 390. Contudo, neste último caso, é necessário ter em conta que os dados são apenas referentes aos primeiros nove meses de 2017 (até setembro), uma vez que o Novo Banco ainda não apresentou contas de 2017.
Quanto ao BCP saíram 144 pessoas em 2017, segundo as contas divulgadas esta quarta-feira.
Já na Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) houve mesmo contratações líquidas, tendo no final de 2017 mais 31 trabalhadores do que em 2016.
Analisando cada banco, no final de 2017, a CGD era instituição financeira que mais pessoas empregava na operação em Portugal, tendo no final de dezembro 8.321 trabalhadores, menos 547 face ao final de 2016.
Do total de pessoas que saíram do banco público, 180 acordaram rescisões voluntárias, 254 saíram por via de pré-reformas e as restantes foram saídas naturais.
Em termos de agências, a CGD contava com 587 balcões no final de 2017, menos 64 do que em 2016.
O fecho de agências da CGD em 2017 motivou vários protestos, sendo o mais conhecido o caso de Almeida.
O BCP é o segundo banco com mais trabalhadores em Portugal, ascendendo a 7.189 funcionários no final de 2017, menos 144 do que os que tinha 2016.
Em termos de agências, o BCP fechou 40 em 2017 para 578 balcões.
O Santander Totta tinha, em dezembro passado, 6.779 funcionários. Um número que já inclui os cerca de 1.000 trabalhadores que eram do ex-Banco Popular Portugal e que foram integrados no Santander Totta, na sequência da resolução do grupo espanhol Banco Popular.
Já excluindo os funcionários do Popular, em final de 2017 o Santander Totta tinha 5.756 funcionários. Ou seja, mesmo sem um programa formal anunciado de redução de pessoal, no final de 2017 o Santander Totta tinha menos 354 funcionários do que um ano antes.
Lucros acumulados de 714 milhões de euros
Cinco dos maiores bancos que operam em Portugal apresentaram lucros agregados de 714,9 milhões de euros em 2017, contrastando com os prejuízos agregados registados em 2016.
Os bancos em causa são Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Santander Totta, BPI e Montepio.
Em média, por dia, estes bancos deram, em conjunto, quase dois milhões de euros de lucro em 2017.
Das principais instituições falta, contudo, conhecer as contas do Novo Banco. É provável que este apresente fortes prejuízos, tendo em conta as perdas de 419,2 milhões de euros registadas até setembro (acima das perdas de 384 milhões de período homólogo), o que tornaria menos positivo o panorama dos lucros agregados da banca.
Falta também conhecer o resultado do Grupo Crédito Agrícola, que apresentou lucros de 127 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2017.
Quanto aos cinco bancos que já apresentaram contas, estes conseguiram lucros de 714,9 milhões de euros em termos acumulados, valor que compara com os prejuízos superiores a 1.200 milhões de euros de 2016.
Contudo, então, o banco público CGD apresentou os maiores prejuízos da sua história, de 1.859 milhões de euros, o que impactou significativamente os resultados do setor em 2016.
Já este ano a CGD regressou aos lucros, após seis anos de prejuízos, e registou um resultado líquido positivo de 51,9 milhões de euros.
Os maiores lucros continuam a pertencer, contudo, ao Santander Totta, que em 2017 conseguiu 436,3 milhões de euros, mais 10,3% face a 2016.
O banco, que é detido pelo espanhol Santander, tem vindo a aumentar a sua atividade. Depois de, em 2015, ter comprado parte da atividade bancária do Banif (aquando da resolução deste), no final de 2017 integrou o Banco Popular Portugal, após o espanhol Banco Popular ter sido comprado pelo Santander, no âmbito da resolução daquele.
O segundo melhor resultado de 2017 pertence ao BCP, que esta quarta-feira apresentou 186,4 milhões de euros de lucros, oito vezes mais do que os 23,9 milhões de 2016, ajudado pela recuperação da atividade em Portugal, que passou a ser lucrativa, e da redução de provisões e imparidades.
Já o BPI, detido pelo grupo espanhol CaixaBank, teve no ano passado lucros de 10,2 milhões de euros, um recuo significativo face aos 313,2 milhões de 2016, devido sobretudo ao impacto da sua exposição a Angola, onde tem o Banco de Fomento de Angola (do qual já não é o principal acionista).
Por fim, a Caixa Económica Montepio Geral conseguiu inverter em 2017 a tendência de prejuízos registada durante quatro anos (de 2013 a 2016) e apresentou 30,1 milhões de euros positivos. Este valor compara com os prejuízos de 86,5 milhões de euros de 2016.
Grandes bancos fecham agências
Quanto a agências, em 2017 o Santander Totta passou de 642 em 2016 para 551 em dezembro passado, o que significa o fecho de 91. Já contando com as agências com que ficou do Popular Portugal, o Totta aumentou a sua rede para 670.
O BPI tinha, em 2017, 4.931 trabalhadores em Portugal, o que significa que saíram 594 pessoas ao longo do ano passado.
Este banco já vinha reduzindo o quadro de pessoal em anos anteriores (só em 2016 tinham saído 392 em Portugal), mas o processo acelerou em 2017, quando passou a ser controlado em mais de 80% pelo grupo espanhol CaixaBank.
Em termos de rede comercial, o BPI tinha 431 balcões no final de 2017, menos 14 do que os 445 de 2016. O BPI tinha ainda, em dezembro passado, 39 centros de investimento e 35 centros de empresas, no total de 505 unidades comerciais, segundo dados do próprio banco.
A redução pelo BPI tanto de trabalhadores como de agências inclui os cortes feitos em 2017 na sucursal de França (que são contabilizados pelo banco na operação em Portugal).
De entre os maiores bancos, ficam a faltar os dados do Novo Banco, que ainda não apresentou as contas de 2017.
Os números conhecidos são até setembro passando, mês em que a instituição nascida aquando da resolução do BES tinha 5.297 funcionários em Portugal, menos 390 do que em dezembro de 2016. É provável que a saída de trabalhadores aumente com os dados referentes ao último trimestre de 2017.
O Novo Banco tinha ainda 449 agências em setembro, o que significa que tinha fechado 58 nos primeiros nove meses de 2017.
Por fim, a Caixa Económica Montepio Geral tinha 3.837 trabalhadores no final de 2017, mais 31 do que em 2016. Quanto a balcões, o banco do grupo Montepio tinha 325, menos dois do que em 2016.
Apesar de os bancos terem vindo a reduzir milhares de trabalhadores e a fechar agências nos últimos anos, este processo não deverá ficar por aqui, quer devido à necessidade de os bancos continuarem a reduzir custos para melhorar a rentabilidade, quer devido ao processo de digitalização e automação da indústria bancária que reduzirá a necessidade de funcionários e de balcões presenciais.
Na CGD é sabido que, este ano, se mantém o plano de pré-reformas e a administração está a avaliar se fará um novo plano de rescisões amigáveis.
Os cerca de 2mil trabalhadores que saíram dos principais bancos portugueses em 2017, juntam-se aos 2.000 que já tinham saído em 2016 e aos 1.333 de 2015.
No total, nos últimos três anos, saíram dos principais bancos (que representam mais de 80% do setor bancário) mais de 5.000 funcionários.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.