José Eduardo Agualusa, Ondjaki, Grada Kilomba e Pepetela são alguns dos autores que subscrevem carta aberta divulgada esta terça-feira.
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Mais de uma centena de escritores africanos, incluindo José Eduardo Agualusa, Ondjaki, Grada Kilomba e Pepetela, condenaram hoje "os atos de violência contra pessoas negras nos Estados Unidos", apoiando os protestos naquele país "e em todo o mundo".
Numa carta aberta, hoje divulgada, 106 escritores africanos condenam "os assassinatos" de vários cidadãos negros nos Estados Unidos, entre os quais George Floyd, um afro-americano de 46 anos, que morreu em 25 de maio em Minneapolis (no estado do Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
Além de George Floyd, os escritores nomeiam mais de 70 cidadãos negros que morreram nos Estados Unidos, em "atos de violência" devido à cor da pele, e cujas mortes foram noticiadas. "E tantos outros nomes, conhecidos e desconhecidos, que representam seres humanos semelhantes a nós. Nosso sangue", acrescentam.
Desde a divulgação das imagens de George Floyd nas redes sociais, deitado no chão com um polícia branco a pressionar-lhe o pescoço com o joelho, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas.
Na carta aberta hoje divulgada, os escritores africanos apoiam "os protestos nos Estados Unidos e em todo o mundo".
"O nosso povo exige justiça por todo e qualquer assassinato racial, seja pela polícia ou por civis. Estamos cientes de que estes não são protestos tranquilos. Não era o que esperávamos e nem o que deveria ser esperado nos Estados Unidos da América. Os assassinatos não foram praticados silenciosamente. A brutalidade policial e os assassinatos sancionados pelo Estado foram realizados -- por parte daqueles que os cometeram -- em 'voz alta' e sem medo das consequências", escrevem os signatários.
Durante os protestos nos Estados Unidos, pelo menos quatro mil pessoas foram detidas e o recolher obrigatório foi imposto em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, mas diversos comentários do Presidente norte-americano, Donald Trump, contra os manifestantes têm intensificado os protestos.
Os escritores africanos, na carta aberta, reconhecem "a condenação da União Africana do terrorismo contínuo do governo dos Estados Unidos da América contra todas as pessoas afro-americanas", salientando acreditarem que aquela organização internacional "pode e deve fazer melhor".
Na carta, intitulada "Autores Africanos Sem Fronteiras solidários com os cidadãos afro-americanos", os escritores pedem também "que os governos africanos reconheçam a aliança e ligações com irmãos e irmãs além-fronteiras, dos Estados Unidos da América ao Brasil e por toda a diáspora" e que "seja oferecido a quem o escolher: refúgio, lares e cidadania em nome do pan-africanismo".
Os quatro polícias envolvidos na detenção de George Floyd foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi detido, acusado de assassínio em terceiro grau e de homicídio involuntário.
A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.
Os subscritores da carta aberta hoje divulgada exigem "que as instituições jurídicas americanas investiguem -- independentemente -- todas as mortes por polícias e qualquer queixa contra a violência policial" e que "qualquer acusação seja suspensa sem pagamento até que um julgamento justo liberte estas pessoas das acusações de que são alvo".
"Pedimos, assim, aos Estados Unidos da América que sejam corajosos o suficiente para aderir à sua própria declaração de direitos, para que possa ser uma terra de liberdade para todas as pessoas americanas, independentemente da sua cor, credo, classe, orientação sexual", lê-se na carta.
Os escritores afirmam que "Black Lives Matter" ("Vidas Negras Importam") e lembram que não escrevem apenas, também erguem "os punhos em solidariedade com todas as pessoas que recusam o seu silenciamento".
"Aos nossos irmãos e irmãs nos Estados Unidos, estamos do vosso lado", garantem.
No final da carta, os escritores pedem "a todos os seres humanos decentes" que se juntem a eles, como "guardiões" dos seus "irmãos e irmãs".
A carta aberta tem como subscritores, entre muitos outros: Chris Abani, Ali J Ahmed, Leye Adenle, Júlio de Almeida, Sefi Atta, Tanella Boni, Bouba, Filinto Elisio, Kalaf Epalanga, Ubah Cristina Ali Farah, Carlos Monteiro Ferreira, Virgilia Ferrão, Chimeka Garricks, Kadija George, Francisco Guita Jr, Tamanda Kanjaye, Nick Maoha, José Luís Mendonça, Amna Mirghani, Yara Monteiro, Richard Ali Mutu, Abreu Paxe, Mbate Pedro, Jorge Querido, Lemya Shammat e Kola Tubosun.
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