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Missão Escola Pública exige que ministro peça desculpa a alunos carenciados

Movimento alega que declarações são injustas e estigmatizantes. Risco na gestão das residências é o que está na origem da 'degradação' referida, esclarece a tutela.

16 de dezembro de 2025 às 23:24

O movimento Missão Escola Pública (MEP) exigiu esta terça-feira que o ministro da Educação apresente um pedido de desculpas aos estudantes carenciados, alegando que as suas declarações sobre as residências universitárias são injustas e estigmatizantes.

"Face à gravidade das declarações proferidas, a Missão Escola Pública exige um pedido público de desculpas do ministro da Educação aos estudantes economicamente mais carenciados", adiantou o movimento em comunicado.

Em causa estão declarações do ministro Fernando Alexandre, proferidas na cerimónia de apresentação do novo modelo de ação social para o Ensino Superior, que decorreu hoje em Lisboa.

Num esclarecimento posterior, o Ministério da Educação considerou ser "totalmente falso" que Fernando Alexandre tenha considerado que os estudantes com mais baixos rendimentos sejam responsáveis pela degradação das residências.

Segundo o MEP, a vivência profissional de quem trabalha diariamente com jovens demonstra que "não é o estrato económico que determina a atitude dos alunos" perante os espaços públicos que utilizam.

A degradação destas infraestruturas universitárias "não pode ser atribuída ao perfil socioeconómico dos estudantes que nelas residem, mas sim à falta de manutenção adequada, ao envelhecimento das infraestruturas e à ausência de uma política pública consistente de investimento e acompanhamento", realçou o movimento.

O MEP considerou ainda "particularmente grave" que as declarações sejam do membro do Governo com a tutela da Educação e a Ciência, áreas que devem "afirmar-se como instrumentos de combate às desigualdades e de promoção da dignidade humana".

Na cerimónia de esta terça-feira, Fernando Alexandre defendeu que as residências públicas devem ter alunos de vários estratos sociais, caso contrário, dando prioridade aos bolseiros, irão degradar-se mais rapidamente.

Na ocasião, o ministro alegou que é por "colocar na residência universitária os estudantes dos meios mais desfavorecido que se degradam", acrescentando que "o que vai acontecer às residências depende das universidades e politécnicos, mas também depende dos estudantes".

A qualidade dos serviços públicos e da sua gestão é "beneficiada pela diversidade social" dos seus utilizadores, "facto que está demonstrado por inúmeros estudos científicos", salientou o ministério no esclarecimento, adiantando que o Governo pretende que as residências académicas sejam espaços de diversidade social, integração e bem-estar para todos os estudantes.

O Governo emitiu esta terça-feira um comunicado a garantir que "é totalmente falso que o ministro da Educação, Ciência e Inovação considere que cidadãos de baixos rendimentos degradem os serviços públicos", falando numa descontextualização das declarações. "Este risco na gestão das residências é o que está na origem da 'degradação' referida na intervenção do ministro e não a sua utilização pelos estudantes", esclarece a tutela, adiantando que Fernando Alexandre já "solicitou uma reflexão sobre o modelo de gestão das residências ao Conselho Nacional para a Inovação Pedagógica no Ensino Superior (CNIPES).

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