Esquerda admite uma nova geringonça.
A menos de dois meses das legislativas, os partidos antecipam diferentes cenários de governabilidade, com a esquerda a admitir uma nova geringonça, o PS e o PSD a equacionarem entendimentos, e a direita a recusar fazer governo com o Chega.
Em entrevista à RTP no início de novembro, o primeiro-ministro, António Costa, pediu "o voto aos portugueses para uma solução estável para quatro anos de Governo", mas afirmou que, "com ou sem maioria" absoluta, não irá deixar de "dialogar" com outros partidos e procurará um "entendimento duradouro com os seus parceiros", numa alusão ao Bloco de Esquerda, PCP e PEV.
No que se refere a acordos pós-eleitorais com o PSD, contrariamente ao que proferiu anteriormente - em 2020, António Costa afirmou que "no dia em que a subsistência" do seu Governo "dependesse de um acordo com o PSD", o Governo acabaria -, o primeiro-ministro frisou que, se lhe perguntarem se repete hoje a mesma frase, responderia que não pode garantir que irá "dar continuidade à geringonça", sem se pronunciar diretamente quanto a um eventual entendimento pós-eleitoral com os sociais-democratas.
Já no PSD, o líder, Rui Rio, admite dialogar com os socialistas em "nome do interesse nacional" e negociar um acordo parlamentar para pelo menos meia legislatura, mas afirma que, caso o PSD ganhe as eleições, a primeira opção será dialogar com o CDS-PP e a Iniciativa Liberal (IL) se tal permitir maioria parlamentar.
No que se refere ao Chega, Rio anunciou abdicaria de formar Governo caso isso dependesse do partido de André Ventura.
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defendeu que "nunca haverá um Governo de direita se o BE o puder impedir", e que, no pós-legislativas, "é com António Costa" que espera "negociar soluções".
Catarina Martins considerou ainda que foi um "erro" o PS ter recusado o acordo proposto pelo BE a seguir às legislativas de 2019 e defendeu que, agora, o país precisa de "clareza" e "de um acordo forte, condicionado à esquerda".
O PCP, pela voz do seu secretário-geral, Jerónimo de Sousa, defendeu que a geringonça "foi uma fase da vida política nacional e não se repetirá tal e qual", mas assinalou que os comunistas estão disponíveis "para uma convergência com o PS e não só".
"O PCP contará sempre para a convergência em torno de uma política capaz de enfrentar a difícil situação atual", disse Jerónimo de Sousa.
O PEV, que irá integrar com o PCP a Coligação Democrática Unitária (CDU) nas próximas eleições, afirmou que, no que se refere à viabilização de um eventual executivo minoritário socialista, "tudo aquilo" que considerar "positivo terá sempre o voto favorável do partido ou a viabilização da medida", sendo que "tudo aquilo que for considerado negativo terá seguramente o voto contra".
No CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos manifestou-se disponível para uma coligação pré-eleitoral com o PSD, por ser o seu "parceiro preferencial", mas afirmou que não tem "receio rigorosamente nenhum de ir sozinho a eleições".
Antes do chumbo do Orçamento do Estado ser conhecido, o líder centrista adiantou ao Expresso que um acordo parlamentar com o Chega para viabilizar um Governo "não o repugnaria".
Já o PAN afirma que o seu primeiro objetivo é "conseguir mais representação" e continuar a "defender aquelas que são as suas bandeiras", não descartando entendimentos pós-eleitorais nem com o PS nem com o PSD, "consoante aquilo que possa ser a matemática parlamentar que surgir do novo ato eleitoral".
No que se refere à Iniciativa Liberal, o líder, João Cotrim Figueiredo, não descarta reproduzir a nível nacional o que aconteceu no Governo regional dos Açores - o partido tem um acordo de incidência parlamentar com o PSD -, afirmando que tanto os sociais-democratas como o CDS-PP podem contar "com uma atitude construtiva da IL" caso os seus líderes "estejam abertos a incorporar medidas liberais no seu programa".
A IL descarta, no entanto, qualquer entendimento com o PS, PCP, BE e PAN - considerando que estes partidos "têm corporizado as soluções socialistas" -, e também com o Chega.
No que se refere ao Chega, André Ventura defende que o partido só viabilizará governos de direita caso tenha algum pelouro governamental - designadamente na área da Administração Interna, da Justiça, da Agricultura ou da Segurança Social - e afirma que não será "muleta" do PSD nem do "sistema".
As eleições legislativas terão lugar em 30 de janeiro.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.