Carlos do Carmo: “Ano de despedida sem amarguras ou azedumes”
Aos 80 anos, o cantor reconhece que não sente capacidades para cantar até aos 90.
"Há pessoas que têm uma grande capacidade de durar até aos 90 anos a cantar, ou até aos 100, mas não é o meu caso." Foi com estas palavras que Carlos do Carmo anunciou esta quinta-feira a sua despedida dos palcos.
O fadista, que este ano completa 80 anos, decidiu colocar um ponto final numa das mais profícuas e incontornáveis carreiras da história da música portuguesa. "Este será o ano da despedida, sem amarguras, sem azedumes. Será o ano de despedida com muita gratidão a todas as pessoas que me têm dado ao longo da vida tantas alegrias e tantas generosidade", disse.
Através de um vídeo gravado em sua casa, em Lisboa, Carlos do Carmo anunciou ainda que dará os derradeiros espetáculos dias 2 e 9 do novembro nos coliseus de Porto e Lisboa, respetivamente, e que por essa altura editará um novo disco, atualmente em fase de gravações.
A esta despedida dos palcos aos 80 anos, não estarão também alheios alguns motivos de saúde que nos últimos anos fustigaram o fadista.
Ainda em 2018, por exemplo, Carlos do Carmo cancelou em Agosto um espetáculo na Expodemo, em Moimenta da Beira, e em Outubro um concerto em S.Paulo, no Brasil. Notícias de então falavam de uma intervenção cirúrgica bem sucedida.
Recorde-se que, no início de 1990, Carlos do Carmo esteve à beira da morte, após ter caído de um palco em Bordéus, de uma altura equivalente a um andar.
Numa das últimas entrevistas ao CM, o artista, com o humor que lhe é característico, falava assim da saúde: "Tenho um amigo, que é a pessoa que ainda hoje me faz os TAC, que me diz sempre a mesma coisa: ‘Eu não vejo nada de especial, mas há muita ferrugem lá por dentro’."
Com 55 anos de carreira, Carlos do Carmo gravou mais de 20 álbuns de estúdio e vendeu centenas de milhares de discos.
SAIBA MAIS
1964
foi o ano em que Carlos do Carmo abraçou a carreira artística. No restaurante ‘O Faia’, começou a cantar para os amigos e para os clientes depois de ter assumido a gerência após a morte do seu pai.
Distinções
Ao longo da carreira recebeu diversos prémios e distinções, entre eles os de Comendador da ordem do infante D. Henrique (1997) e Grande-Oficial da Ordem de Mérito (2016), Prémio Prestígio da Grande Noite do Fado (1991), Prémio José Afonso (2003), Prémio Goya (2008) ou o Prémio de Cidadão Honorífico da Cidade de Paris (2015)
Grammy
Em 2014, Carlos do Carmo recebeu um Grammy Latino de carreira, o mais importante galardão de música, equivalente aos Óscares do cinema.
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