Concerto no Coliseu dos Recreios marca a carreira da banda e conta com participações especiais de vários artistas da lusofonia.
Tabanka Djaz celebram 30 anos com Nélson Freitas, Carolina Deslandes e Djodje
Os Tabanka Djaz vão celebrar 30 anos de existência com um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, já no próximo dia 18 de novembro.
Para falar sobre este marco na carreira da banda, Micas Cabral e Jânio Barbosa estiveram à conversa com o CM, e contaram um pouco da história de um dos mais importantes conjuntos musicais da Guiné Bissau. Tudo começou num restaurante em Bissau, o Tabanka, que hoje é uma discoteca. Na abertura do estabelecimento, surgiu o convite para fazer animação. Correu bem e a banda – que adotou o nome Tabanka Djaz – e voltou a ser convidada para atuar com regularidade. Entretanto, um empresário português convenceu o grupo a fazer uma temporada no Algarve, de onde partiram para Lisboa, para atuar na discoteca Kandandu. Mas com o regresso a Bissau, o grupo sofre algumas transformações, como relata Micas Cabral: "O meu irmão, que fazia as teclas, tinha acabado de se casar, e a mulher disse-lhe que já fizera duas ou três viagens e que se avizinhavam mais. Ou era o grupo ou o casamento. Então recorremos ao Jânio, que era o único teclista que existia na Guiné. Era ele e o irmão, o Caló, que já tinha vindo estudar para Portugal. Mas já nos conhecíamos de longa data, já tínhamos trabalhado. Desde 1988 que estamos juntos, até hoje", recorda o vocalista dos Tabanka Djaz, que só agora celebram os 30 anos da banda porque a pandemia não permitiu que o fizessem antes.
Os Tabanka Djaz dão a conhecer ao mundo o ritmo característico da Guiné-Bissau, o gumbé. "Pegamos na música tradicional guineense, o gumbé, e modernizamos. Integramos instrumentos musicais modernos, como o teclado. A música gumbé é à base de tina e até da gaita. Transportamos o tradicional para a modernidade. Esse é o estilo característico dos Tabanka Djaz", conta Jânio Barbosa.
São já cinco os discos gravados pela banda, sendo que o primeiro, 'Tabanka', foi gavado em 1990. "No primeiro disco, tínhamos umas músicas e o falecido Bana, o grande cantor cabo-verdiano, patrocinou o nosso primeiro álbum, intitulado Tabanka. Tínhamos estado no festival Baía das Gatas, viu-nos a tocar e gostou imenso. Veio ter connosco e perguntou se não tínhamos um disco, porque gostaria de o ouvir", recorda Micas. Bana disse-lhes também que o procurassem quando passassem por Portugal, pois iria patrocinar o disco deles. Regressaram a Lisboa para representar culturalmente a Guiné Bissau numa feira de turismo e procuraram o Rei da Morna, que se prontificou de imediato a colocá-los em estúdio. "Gravámos o primeiro álbum, na altura não havia redes sociais, então as coisas iam chegando aos poucos a Bissau. Só quando chegávamos a Portugal é que tínhamos noção do que estava a acontecer com a nossa música", salienta o cantor guineense.
A banda fez então uma temporada na discoteca Ai-Uê, que deu o apoio para o segundo disco, e entrou em estúdio para gravar. Entretanto, por desentendimentos, o patrocinador afastou-se, e o disco 'Indimigo' acabou por ser gravado na Sonovox, em 1993. Na mesma editora gravaram o terceiro álbum, o 'Sperança', que chegou a disco de platina. "Mais de quarenta mil cópias vendidas em Portugal", diz Micas Cabral. "Fomos a primeira banda africana de expressão portuguesa a atingir um disco de platina. Outros cantores individuais já o tinham conseguido, mas como banda, fomos os primeiros. A partir do álbum 'Sperança' veio ao de cima o peso da responsabilidade para com os nossos fãs. Aí já estávamos a trabalhar de maneira diferente. No princípio foi por amor à camisola, ninguém pensava que chegávamos onde chegámos".
Seguiu-se o álbum 'Sentimento', em 2002, e uma pausa de onze anos devido ao falecimento de um elemento da banda, o Caló Barbosa, irmão de Jânio. A crise em Portugal levou a que Dinho, o baterista, regressasse a Angola, e a editora do grupo também acabou por fechar portas. "Foram muitos acontecimentos que abalaram o grupo. Passado uns anos conseguimo-nos recompor de tudo isso e lançámos o quinto álbum, o 'Depois do Silêncio'. Agora lançamos alguns temas, porque o mundo mudou. Temos que acompanhar este mundo digital, o CD está a desaparecer, e então vamos lançando singles" informa Micas.
O concerto dos 30 anos dos Tabanka Djaz será feito com base nos temas da banda, como explica Jânio Barbosa. "Vamos fazer o repertório que abarca toda a nossa carreira, desde o início até à fase atual. Não vamos tocar músicas de outros artistas, vai ser baseado no nosso repertório. Vamos desviar um bocadinho porque haverá convidados. Como diz o cartaz, teremos o Nelson Freitas, o Djodje, os Memu Sunhu, a Carolina Deslandes também vai estar presente, e o Kyaku Kyadaff de Angola, com quem fizemos uma junção de Angola e Guiné-Bissau. Resultou numa música que lançamos há quinze dias, que é o 'Mendigo', que felizmente já vai com 42 mil visualizações. Vamos acompanhar esses artistas, o Nelson Freitas vai cantar as músicas dele e uma que fez em parceria com o Micas. O Djodje canta uma música dele e uma dos Tabanca Djaz. O Memu Sunhu, uma aposta da nova geração da Guiné, é um grupo que está a fazer muito sucesso no meio da nossa comunidade. Temos todo o prazer de ter todos esses jovens connosco", informa Jânio.
O mais recente single lançado pela banda, 'Mendigo', é uma parceria a repetir com outros artistas. "Estamos muito felizes com o resultado final, daqui para a frente o que nos resta é ir fazendo parcerias. Não temos nada a provar a mais ninguém depois de 33 anos de carreira. Estamos aqui para deixar um legado, para que, no futuro, as pessoas possam olhar para nós e dizer: ‘Eles deixaram este legado enquanto passaram pelo mundo da música’. Vamos ter o prazer de poder convidar mais pessoas, fazer duetos com portugueses, moçambicanos, santomenses. É isso que agora nos dá prazer fazer, enquanto tivermos forças e talento para estar neste mundo. Quando acabar vai ficar a história dos Tabanka Djaz para ser contada", remata Micas Cabral.
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