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COIMBRA (EN)CANTA

O facto do presente disco chegar ao mercado em Abril não é, com certeza, fruto do acaso. ‘Coimbra – April in Portugal, Avril au Portugal’, é, mais do que a consumação de um desejo, uma oportuna edição que nos devolve ao quotidiano uma das mais belas composições portuguesas de sempre.

05 de abril de 2004 às 00:00

Tudo começou há uns anos, quando José Miguel Júdice – sim, o senhor bastonário dos ‘doutores’ saídos de Coimbra – sugeriu ao responsável de uma editora a compilação das versões que existem da canção. Estava longe de saber que são mais de duas centenas.

De todas estas foram seleccionadas pouco mais de duas dezenas, em várias línguas, com ‘andamentos’ e arranjos vários e interpretadas por vozes tão distintas como as de Louis Armstrong (brilhante), Bing Crosby, Yvette Giraud, Caetano Veloso (com sotaque coimbrão) e Amália Rodrigues. A quem se deve, de resto, a internacionalização da canção, cuja melodia, da autoria de Raul Ferrão, surgiu em finais da década de 30.

Foi preciso esperar pelo filme ‘Capas Negras’ (1947), com Amália, para que a canção – com letra de José Galhardo – provocasse algum efeito, cantada por Alberto Ribeiro, numa ‘versão’ recuperada para este disco.

Mas foi preciso esperar por 1950, quando Amália se deslocou a Dublin, para que ‘Coimbra’ se internacionalizasse. Intervenção decisiva teve na ocasião Yvette Giraud, que acabou por popularizar a (eterna) melodia, agora com letra em francês da autoria de Jacques Larue. Nascia, então, ‘Avril Au Portugal’. A partir daí fez-se história: a canção rapidamente ultrapassa fronteiras e um pouco por todo o Mundo sucedem-se as versões. É esse o móbil de ‘Coimbra’, o disco, que recupera algumas das mais significativas versões que o tema foi conhecendo.

Apesar de se tratar de uma única canção, as diferentes interpretações, musicais e vocais, conferem a diversidade necessária ao disco, com ‘texturas’ que vão do jazz à música latino-americana, concluindo com uma empolgante interpretação do Coro dos Antigos Orfeonistas de Coimbra. Antes, destaque para as versões de Louis Armstrong, Caetano Veloso, Amália e Alberto Ribeiro.

A importância maior reside, contudo, no contributo da presente edição para a preservação (e divulgação) de um inegável valor patrimonial português. E deste modo se faz cultura.

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