Com mais de 25 anos de carreira, o grupo lança novo disco, 'Arco' com a brasileira Dom La Nena.
Ao final de 25 anos de carreira, continuam a encontrar facilmente motivações para fazer novos discos?
Artur Fernandes – As motivações para fazer novos discos surgem naturalmente quando o processo de criação e a atividade artística são contínuos e se inter-relacionam. O registo em disco é a forma de perpetuar essas criações.
Este ‘Arco’ acaba por ser uma ‘ponte’ entre Portugal e o Brasil. Como é que conheceram a Dom La Nena [cantora e violoncelista brasileira] e como é que nasceram estes temas?
A Dom La Nena foi-nos apresentada por amigos comuns e os nossos promotores são também os representantes da Dom para Portugal. Selecionámos algumas músicas para a Dom escolher e ela fez o mesmo para nós. Encontrámos-nos em Águeda para partilhar os arranjos. Entretanto, esta parceria resultou numa tour no final de 2013. O que nos interessou para este disco foi fixar o que de melhor fizemos em conjunto e o que em termos de registo acrescentasse algo de novo ao que já existia gravado.
Adicionar uma voz à vossa música é também uma forma de levar o vosso som a públicos mais pop, ou isso não é premeditado?
É premeditado levar o nosso som a um público, não necessariamente mais pop, mas sim mais vasto. Não só a nível nacional mas também no circuito internacional. À Dom La Nena interessa-lhe chegar a territórios que nós já desenvolvemos bastante, nomeadamente na Europa Central. Por outro lado, também há da nossa parte interesse em chegar a territórios que ela já tem desenvolvido bastante bem na sua carreira, tais como Estados Unidos, Canadá e, obviamente, Brasil. Vislumbra-se o interesse mútuo em que o objetivo é que as duas partes se somem.
Sendo os Danças Ocultas um projeto instrumental, sentem que têm de correr o dobro dos outros (que usam a voz) para conseguir ter pelo menos metade da visibilidade, ou isso é apenas um mito?
Desde o início a nossa opção foi clara. Sempre estivemos conscientes das limitações e com a perceção de que o reconhecimento seria difícil, mas, movidos pelo nosso sonho, fomos escolhendo as opções que nos foram parecendo as mais adequadas para o incremento da nossa carreira. Rapidamente nos apercebemos de que vale bem a pena investir em projetos artísticos diferenciados, únicos e não em cópias de modelos de sucesso e popularidade. A afirmação artística pode custar e demorar, mas, se houver paciência e valor, a consagração e o reconhecimento virão!
O som da concertina ainda é um lugar estranho para a maioria do público ou sentem que isso tem vindo a mudar?
Esse processo tem vindo a atenuar--se, até porque existem diversos contributos noutros instrumentos. O conhecimento traz a tolerância. Com o tempo, os Danças estão cada vez menos ‘ocultos’, têm-se mostrado em grandes palcos e até já tiveram um livro.
O vosso reconhecimento corresponde hoje àquilo que acham que merecem?
Como qualquer projeto artístico, a ambição é chegar cada vez a palcos mais importantes. Sentimos que temos o reconhecimento merecido por parte dos promotores que nos têm levado a vários palcos de referência, como a Filarmonia de Berlim, Landestheater de Salzburgo, Teatro Nacional de Taipé, Taiwan, a Filarmonia do Luxemburgo, Palácio das Artes de Budapeste, Kocerthuset de Copenhaga, Koncerthaus de Viena, Palácio dos Festivais em Cannes, entre outros, e obviamente do público, que tem enchido essas salas.
Portugal terá certamente um mercado pequeno para o tipo de música dos Danças Ocultas. É a divulgação da world music que ainda está muito atrasada em Portugal ou, por outro lado, é a educação musical dos outros países que está muito à frente da nossa?
Portugal tem um mercado pequeno em todas as áreas porque é um país pequeno e periférico. No caso específico da world music, temos vindo a crescer imenso, não só em festivais como em promoção regular dos teatros.
Incomoda-vos o facto de o Mundo inteiro ainda pensar que Portugal é só fado – sobretudo nos tempos que correm?
Para nós isso funciona como uma vantagem, porque tendo o público essa expectativa, nós quebramos o ‘pré-conceito’. Mas não é só esse: ocorre que o nosso instrumento é muito popular em toda a Europa com o mesmo tipo de implantação popular e contextos de atuação. Assim, quando se deparam com a nossa abordagem também se quebra um ‘pré-conceito’.
Quem são os vossos melhores públicos fora de Portugal e porquê?
Os públicos formam-se. Nesse sentido, o nosso melhor público é o de Viena e Salzburgo, na Áustria, onde já demos quatro concertos em cada cidade. Para nós, este dado representa o reconhecimento de duas cidades de referência mundial no domínio da música.
Mais de 25 anos de projeto em comum. Tem valido a pena, sabendo que esta vida da música é de altos e baixos?
São 25 anos muito frutuosos, com uma criação musical de que nos orgulhamos imenso e com centenas de concertos em 20 países. Os anos de menor atividade pública têm maior atividade interna para preparar novas edições e digressões.
O mercado e a indústria mudaram. O que se ganhou e se perdeu para quem é profissional da música?
No que nos diz respeito, temos notado mais vantagens do que o contrário: a possibilidade de produzir e editar em nome próprio, podendo licenciar as edições para o estrangeiro de forma mais ágil, o acesso mais direto com os promotores de concertos e com o nosso público.
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