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Mishlawi: “Já sou metade português”

Nasceu nos EUA, mas foi no nosso País que descobriu o caminho da música.

07 de fevereiro de 2019 às 19:17

Como é que um americano nascido no Arizona acaba a fazer rap em Cascais?

Na verdade eu nasci em Nova Jérsia e só depois é que me mudei para o Arizona. Foi lá que cresci. Viajei muito em criança por motivos profissionais do meu pai. Aos 8 anos, por exemplo, mudei-me para Itália, onde fiquei até aos dez. Foi nessa altura que viajei então para Portugal.

Mas porquê Portugal?

Portugal era onde estava situada a empresa onde o meu pai trabalhava na altura. Foi uma oportunidade e os meus pais acabaram por se apaixonar pelo país e ficar.

Tarik Mishlawi, nome de batismo, não é propriamente um nome tipicamente americano. Que história está por detrás dele?

Bem, para começar, nos EUA toda a gente é emigrante de algum lado [risos]. Neste caso, os meus pais foram os primeiros da sua família a viajarem para os EUA. O meu pai é libanês e a minha mãe é turca. Eles conheceram-se quando o meu pai veio para a universidade.

Mas descobriu o hip-hop ainda nos EUA ou já em Cascais?

Foi nos EUA. Na verdade, a minha mãe era uma grande fã de hip-hop e r&b. O meu pai também estava ligado à música. Tocou durante muitos anos numa banda, ainda que nunca o tivesse feito de forma profissional. Acho que aprendi muito com ele.

Mas vivendo em Portugal, que relação tem com a música portuguesa?

Estou mais ligado à música moderna que se faz em Portugal do que à música mais antiga. O que está para trás de 2007 não conheço bem. Claro que sei quem é o Rui Veloso e os Xutos & Pontapés, mas eu ouço sobretudo artistas da minha área.

E neste momento é mais americano ou português?

Eu acho que sou metade americano e metade português. Neste momento, por exemplo, estamos a fazer esta entrevista em inglês porque é mais fácil para mim expressar-me, mas ao mesmo tempo eu sou um cidadão português. Hoje, os meus amigos são todos portugueses.

Mas o que é que acha que já tem de Portugal em si?

Não sei ao certo. Com o tempo fui-me expondo cada vez mais à cultura portuguesa e acho que há algumas coisas que cresceram em mim. A verdade é que quando regresso aos EUA já não me sinto tão confortável como me sentia. É estranho.

O Mishlawi começou a carreira em 2016 com o single ‘All Night’. Como foi?

Foi muito interessante porque foi a primeira música que fiz que obteve uma reação das pessoas. Graças a ela comecei a fazer espetáculos e a ter fãs. Foi aí que tudo começou, até fora de Portugal. Começámos a fazer uns espetáculos na Rússia e agora temos de lá ir todos os anos. Transformei-me quase num fenómeno e isso também me possibilitou assinar o meu primeiro contrato.

E chega a este momento, em que lança o primeiro disco, ‘Solitaire’. É assim que se sente: um músico só?

Esse título tem mais a ver com a ideia de que a indústria da música é uma espécie de jogo que temos que jogar sozinhos. É uma coisa muito solitária, exatamente como o famoso jogo de cartas. Ninguém joga por nós nem nos tenta ajudar a ganhar. Eu sinto-me um bocadinho assim. Fazer hip-hop em inglês em Portugal é estar um bocadinho por conta própria.

Sobre o que escreve o Mishlawi?

Eu não penso muito sobre aquilo que escrevo. Geralmente tem a ver com momentos e com aquilo que eu sinto em determinada altura. Para este disco, curiosamente, escrevi mais sobre coisas pessoais do que alguma vez o tinha feito. Quando lançava singles nunca ia tão fundo. Mas, de uma maneira geral, eu escrevo muito sobre o amor porque gosto muito de r&b, e o amor é uma temática muito abordada no r&b.

Vai estrear-se no Coliseu de Lisboa depois de ter passada por vários festivais. Como é que sente o público em relação à sua música?

Tem sido fantástico. Portugal tem uma enorme cultura de espetáculos e isso permite-nos fazer grandes digressões num pais pequeno. Aqui sinto-me sempre muito bem recebido.

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