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Ney Matogrosso: “Os evangélicos acham que sou sou a representação do demónio”

Ney Matogrosso está de regresso aos coliseus com um novo espetáculo ‘Atento aos Sinais’. Quarta e quinta, o cantor brasileiro está em Lisboa; no sábado chegará ao Porto

07 de maio de 2014 às 14:00

Correio da Manhã – Com o novo espetáculo, ‘Atento aos Sinais’, marca 40 anos de carreira. O que acha que deu à música e o que é que a música lhe deu a si?

Ney Matogrosso – Dei a minha vida à música e a música dá-me o meu sustento e o reconhecimento. Antes de ser cantor, vivia à margem da sociedade porque não concordava com ela. Achava-a hipócrita.

– Mas acabou por sair da margem para o centro das atenções!

– Pois é! E isso não foi nada fácil.

– Porquê, não gostava da fama?

– Na verdade comecei a andar mascarado para não perder o direito a andar na rua. Só com o tempo é que percebi que o que causava a euforia era o espetáculo em si, e não tanto o Ney.

– Sente que se transforma em outra ‘coisa’ em cima do palco?

– O que sinto é que liberto uma parte de mim que antes de ser cantor nem sabia que existia. Mas é uma coisa consciente. Sei cada passo que dou em palco.

– Como é possível, aos 72 anos, ainda ser um poço de energia?

– Não tenho cuidados especiais, apenas como muitos legumes e poucas quantidades, faço ginástica apenas para manter o tónus muscular e sou muito regrado. O tempo das loucuras já passou.

– Cometeu muitos excessos?

– Cometi os excessos que me interessaram (risos). Acho que temos de ter essa liberdade de experimentar a vida. Houve drogas que achei interessantes, e outras que nem por isso.

– É bem resolvido com a vida?

– Sim. Fiz o que quis e afastei-me do que não quis.

– Ney da Souza Pereira e Ney Matogrosso convivem bem?

– (risos) Sim, os dois finalmente se encontraram. Antigamente eu pensava que era dois. Cheguei a pensar que era esquizofrénico e que tinha dupla personalidade. Hoje sei que acaba um espetáculo e o Ney Matogrosso desencosta de mim. Nem preciso dele na minha vida quotidiana.

– Considera-se uma figura polémica no Brasil?

– Para a maioria talvez não, mas sei que há uma minoria que me contesta e que não gosta de mim. Os evangélicos acham que sou sou a representação do demónio.

– Diz que procura Deus não fora, mas dentro de si. Já o encontrou?

– Tento viver de acordo com um princípio que me guia que podia ser a máxima de ‘amar o próximo como a mim mesmo’. Trato as pessoas como gostaria de ser tratado. Sou carinhoso, atencioso e recetivo. Se não encontrei Deus, estou na frequência (risos).

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