Esta é a terceira semana do mês, semana em dizemos adeus ao Verão e damos as boas vindas ao Outono. Como vem sendo hábito, na terceira semana de cada mês explanamos um pouco sobre um dos oito angas – partes – que constituem uma prática de ády ashtánga sádhana a primeira característica das oito principais do SwáSthya Yôga. Esta semana contamos com a participação do extraordinário Mestre Carlos Cardoso para falar-nos um pouco sobre o 3º anga, Mantra. Vai ver que ao som dos maravilhosos Mantras do SwáSthya a nostalgia do Verão não o vai invadir.
Segundo o Mestre DeRose, codificador do Swásthya Yôga e uma das maiores autoridades mundiais em Yôga, mantras são vocalizações de sons e ultrasons. A palavra é composta da raiz: man (pensar) tra (instrumento), atestando a utilização do mantra para a “supressão da instabilidade da consciência”, estado denominado intuição linear ou meditação.
“Mantra, então, é um conjunto de sons que exerce um determinado efeito naquele que o vocaliza e possui uma enorme gama de actuações no nosso corpo. Podem ser utilizados para activar, sedar, energizar, serenar, catalisar, limpar, purificar; podem melhorar a voz, a respiração, o sono, a atenção, a memória, a concentração, a meditação, desenvolver os chakras, despertar a kundaliní, alterar a consciência, melhorar a saúde e até matar”. Relata o Mestre DeRose no seu livro Yôga - Mitos e Verdades.
A Natureza não-mística dos Mantras
Alguns vêem os mantras como fórmulas mágicas, capazes de operar milagres. Entretanto será bastante entender o ‘modus operandi’ dos mantras para descobrir que a única magia que eles encerram são os princípios naturais da física, da acústica, etc. Um fenómeno qualquer tende a ser considerado místico – vem de mistério, aquilo que se ignora – quando não se conhecem as leis naturais que o causam. Uma vez observadas essas leis, o véu de ignorância é desfeito e todo o misticismo desaparece. Mantra, portanto, não é místico senão para aqueles que desconhecem as leis às quais ele está submetido. Aos olhos daquele que compreende tal naturalidade, os mantras ficam completamente desmistificados. Não há mais mistério à luz do conhecimento.
As Funções do Mantra
Numa prática de Swásthya Yôga, por exemplo, a função primeira dos mantras é limpar e purificar o corpo do praticante neófito que, possivelmente, ainda não tomou os cuidados necessários para com a alimentação. Visa a desesclerosar as nádís (rio, corrente e feminino de náda, som) que são canais subtis no nosso corpo, similares ao sistema circulatório ou ao sistema nervoso, por onde flui o prána (bio-energia).
É comum que as nádís estejam parcialmente obstruídas (como ocorre com os vasos sanguíneos). Tal obstrução pode acontecer devido a uma má alimentação ou então um excesso de emoções viscosas acumuladas no corpo. O uso dos mantras permitirá a limpeza, a purificação e o perfeito fluxo do prána por tais vias. Assim o novo yôgin ganha dinamismo e vitalidade, necessárias ao seu desenvolvimento.
Outras funções menores podem ser observadas como a melhoria da voz, da dicção, a afinação, do ritmo, da concentração, da atenção, da memória e ainda da socialização e dinâmica grupal.
Numa segunda instância, nas práticas de Swásthya Yôga mais avançadas, os mantras passarão a auxiliar os processos meditativos e outros processos ulteriores, até atingir a meta do Yôga: o samádhi ou hiperconsciência.
Classificação dos Mantras
Os mantras podem ser classificados de várias maneiras. Para cada variante, um efeito distinto, configurando gradações em poder gerado pelo mantra, facilidade de execução. Vejamos algumas destas classificações:
É um tipo de mantra que possui letra, melodia e ritmo específicos. É alegre, tem uma natureza extroversora e a sua atuação é mais psicológica do que fisiológica. Vale a pena ir a qualquer unidade credenciada da Rede Mestre DeRose procurar por um dos seguintes CDs: MANTRA – Princípio, Palavra e Poder, MANTRA – Às Margens do Ganges e MANTRA – Kirtans da Índia Antiga. Para ter acesso a algumas das moradas, vá ao site oficial da Uni-Yôga (http://www.uni-yoga.org.br) e clique em ‘Onde Praticar’.
Este, em geral, possui uma única sílaba, uma única nota musical e um ritmo repetitivo. Normalmente é destituído de significado. Tem um efeito introversor e é muito mais poderoso do que o kirtan
Este tipo de mantra tem a função específica de estimular os chakras. Cada chakra possui um bíja-mantra específico. A estimulação se dá por ressonância e deve ser feita de forma criteriosa sob o olhar e ouvido atentos de um instrutor formado.
Quanto à forma de executar
Neste caso o mantra é proferido em tom de voz audível. O termo vaikharí provém da raiz vach ou vak que significa falar, recitar. Esta maneira é a mais simples, a mais fácil de executar, porém a de efeito mais reduzido.
Esta forma é um pouco mais difícil de ser executada e mais forte do que a primeira. É o mantra sussurrado ou murmurado.
Vocalizar o mantra mentalmente é a maneira mais difícil e a de efeito mais forte. Desta forma atuamos directamente na matéria subtil do pensamento.
Este mantra é feito graficamente. Significa que o yôgin deve escrever o mantra repetidas vezes em uma folha de papel como se o estivesse vocalizando. Atua também na matéria subtil do pensamento e, se escrito em caracteres dêvanágarí, constitui uma boa prática para melhorar a caligrafia sânscrita.
O mantra desta categoria possui um atributo, um sentido, ou seja, tem alguma tradução ou faz alusão a algo que possa ser visualizado, como uma pessoa, uma coisa, um lugar. Mantras como ÔM namah Shivaya, Jaya Ganêsha, ÔM namah Kundaliní, são exemplos de mantra saguna, pois aludem respectivamente às figuras arquetípicas de Shiva, Ganêsha e Kundaliní.
Este tipo de mantra não possui qualquer tradução. É formado por um som abstracto e funciona através da mais pura vibração dos fonemas. Dentre estes encontram-se os mantras: ÔM, lam, klim, hrim.
Este é um tipo de nirguna mantra especial. É considerado o corpo sonoro do Universo, bem como o símbolo do Yôga. Também chamado akshara ou êkakshara. Quando escrito recebe o nome de Ômkara.
O Mestre DeRose refere-se a ele da seguinte forma: “Em todas as escrituras da Índia antiga o ÔM é considerado como o mais poderoso de todos os mantras. Os outros são considerados aspectos do ÔM e o ÔM é a matriz de todos os demais mantras. É denominado mátriká mantra, ou som matricial”.
Quanto aos requisitos
Kriyá vem da raiz kri que é o verbo agir, fazer. Assim, um mantra tem que ser executado pelo yôgin. Outra pessoa não pode fazer em seu lugar.
Quanto mais vezes o mantra é executado mais poder ele consegue gerar. Visitei algumas salas de prática de mantra na Índia onde os mantras são vocalizados, ininterruptamente, há vários anos (através de um sistema de revezamento e turnos). Como era distinto aquele aposento! Era como se as paredes falassem, tal a energia que dali emanava. Sempre que ia a esses locais, era incontrolável o desejo de sentar-me junto daquelas pessoas para vocalizar mantras. Fi-lo por horas a fio, tal era o prazer de ali estar.
A execução do mantra deve estar imbuída de sentimento. Este sentimento pode ser tanto pela vontade de executá-lo, de se auto-superar, quanto relativo a alguma ideia, ou sentido que o mantra encerre, caso haja.
Quanto à origem ou utilização
Os mantras também podem ser classificados segundo a Escola a que eles pertençam, a linhagem ou tendência que lhe dão suporte filosófico, ou o Mestre que os ensinou, ou ainda relativos a algum ramo específico de Yôga, ou de outra linha. Assim você poderá encontrar mantras de linhagem tântrica ou Brahmácharya, ou outros do Shivánanda Ashram, ou do Rámakrishna Ashram ou ainda aqueles pertencentes ao SwáSthya Yôga, ao Bhakti Yôga, ao Japa Yôga etc.
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