Acaba de ser lançada no mercado chinês uma nova edição da autobiografia do último imperador chinês, que inclui revelações surpreendentes sobre o seu reinado, incluindo a referência ao assassínio de um filho ilegítimo de uma das suas mulheres.
O livro, escrito pelo soberano deposto Aisin Gioro Pu-Yi (1906-1967) e que inspirou, em 1987, o filme ‘O Último Imperador’, de Bernardo Bertolucci, revela ainda que o imperador mentiu quando foi julgado pelo tribunal internacional criado para julgar os crimes de guerra do exército japonês.
Todas estas informações terão sido censuradas na primeira edição da autobiografia publicada em 1964, três anos antes da morte de Pu-Yi, em plena Revolução Cultural. O governo de Mao Tse Tung utilizou o livro como instrumento de propaganda, para mostrar como funcionava o seu esquema de ‘reeducação’, pois nele Pu-Yi dizia-se “arrependido” de ter sido imperador.
Na presente edição da obra, porém, há dados novos sobre a sua vida, incluindo a revelação, chocante, de que um dos filhos da sua mulher Wan Rong – fruto de uma relação adúltera com um japonês – teria sido assassinado em água a ferver logo após o nascimento. A mãe nunca ficou a saber a verdade, pois foi-lhe dito que o bebé tinha sido levado para fora do palácio, para que cuidassem dele, como era hábito naquela época.
FASCINANTE
Não é de estranhar que o livro que agora conhece uma nova versão (pela mão da editora Qunzhong) tenha impressionado Bernardo Bertolucci, que ganhou nove Óscares de Hollywood com ‘O Último Imperador’: a história de vida de Aisin Gioro Pu-Yi é fascinante.
Coroado imperador com apenas dois anos, Pu-Yi viu-se privado de poderes aos seis, quando a imperatriz regente Longyu foi obrigada a assinar o Acto de Abdicação, mediante o qual o imperador retinha o título mas era tratado como um monarca estrangeiro e ficava confinado aos limites da Cidade Proibida, com um subsídio estatal.
Quando os comunistas chegaram ao poder na China, Pu-Yi perdeu, de uma assentada, o título e o direito de viver em solo chinês e, entre 1932 e 1945, foi imperador ‘fantoche’ de Manchukuo, região da Manchúria dominada pelos japoneses. Durante esse período, tudo o que fazia era assinar leis escritas pelos japoneses, orar, consultar oráculos e fazer visitas oficiais pelo reino.
No fim da II Guerra Mundial, a Manchúria foi devolvida aos chineses e Pu-Yi, capturado pelo Exército Soviético, escreveu a Estaline a pedir para não ser enviado para a China. Sem sucesso. Passou dez anos num campo de reeducação – até ser considerado ‘curado’ – e, na década de 60, escreveu a autobiografia. Nos últimos anos de vida tornou-se jardineiro e morreu em 1967, vítima de cancro, em plena Revolução Cultural.
Aisin Gioro Pu-Yi nasceu a 7 de Fevereiro de 1906 e subiu ao trono dois anos depois, mantendo o título de imperador até 1924. Foi o 12.º imperador da Dinastia Qing e também o último. Por sugestão de uma das suas concubinas, Duan Kang, casou-se com a imperatriz Wan Rong. Entre 1934 e 1945 foi imperador de Manchukuo, na Manchúria. No fim da II Guerra Mundial foi preso pelo exército soviético e entregue às autoridades chinesas. Passou dez anos num campo de reeducação e acabou os seus dias como jardineiro. Morreu a 17 de Outubro de 1967.
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