A edição de hoje
Já filmou Nova Iorque de múltiplas maneiras, percorreu várias cidades europeias, ganhou os elogios da crítica e tornou-se uma referência no campo da comédia e do drama melancólico. Aos 75 anos, e ainda com um ritmo de um filme por ano, o que é que faltava a Woody Allen? Um êxito de bilheteira. Foi o que conseguiu com o novo ‘Meia-noite em Paris’, que chega esta quinta-feira às salas nacionais.
Depois de estrear no último Festival de Cannes com críticas muito favoráveis, o filme tem conseguido boas receitas e permitiu a Allen alcançar uns impressionantes 38 milhões de euros nos cinemas norte-americanos, um feito inédito para quem diz que é mais apreciado pela Europa do que pelo seu país de origem.
Num ambiente de deliciosa fantasia urbana, ‘Meia-Noite em Paris’ espelha a paixão de Allen pela ‘Cidade das Luzes’ que o leva para o campo da subtileza e da nostalgia.
É aí que nos conta a história de Gil (simpático Owen Wilson), um argumentista que sonha em afirmar-se no meio literário. Desinspirado e com desavenças afectivas, descobre a solução para os problemas numa inesperada viagem no tempo que o leva a cruzar-se com nomes como Ernest Hemingway, Pablo Picasso, F. Scott Fitzgerald ou Salvador Dalí (numa caricatura genial de Adrien Brody).
Entre a ficção e o real, o filme desenvolve-se numa homenagem cómica aos ‘loucos anos 20’, mais madura e intensa do que as recentes produções de Allen, que já vai nos 45 anos de carreira. Com aura de clássico, este é um filme que enternece como poucos e nem a presença – dispensável! – da Primeira Dama francesa Carla Bruni, em três minúsculas cenas, compromete o conto moral.
Incansável, Woody Allen está já a gravar nova obra, desta vez em Itália, depois de ter passado por Londres, Veneza ou Barcelona. Uma coisa é certa: a sua visão de Paris fica como obra-prima.
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